Escrevo essa coluna na madrugada seguinte ao Fluminense perder de quatro em casa para o Palmeiras e demitir o técnico Enderson Moreira.
É grave a crise, porque o clube vive da “gordura” feita na primeira parte do turno. No fim do mesmo, a campanha já não era muito boa. Desandou de vez no returno, sendo disparada a pior campanha entre os 20 times.
O tricolor se aflige ainda mais quando lembra que chegou a ser segundo colocado do campeonato de 2013, jogando contra o Coritiba fora e podendo virar líder e acabou rebaixado no campo.
Mas se tem uma coisa que pode dar esperança ao torcedor é que sempre que abordo a fase de um time aqui, ela muda logo após.
O Fluminense não tinha time para disputar o título como disputou na primeira parte do campeonato (assim como o Flamengo não tem hoje), mas também não tem time para perder seis e empatar uma em sete jogos. Assim como acho o time do Flamengo de sexto a oitavo, acho o do Fluminense de oitavo a décimo. Ainda está perto da décima posição, mas se não estancar isso, pode passar por um drama.
Acho sim que o problema passa pelo agora ex-treinador. Em determinado momento começou a inventar na escalação, fez um péssimo trabalho no Fla x Flu e nesse jogo contra o Palmeiras botou R10 no banco, fez as três substituições e não lhe colocou.
Assinou a sentença de morte.
Sei que é hábito no futebol europeu, mas aqui não é Europa. Não se coloca um cara como Ronaldinho Gaúcho no banco. Ou se coloca como titular ou não leva para o jogo. Caso coloque no banco, tem que botar para jogar, ainda mais se estiver perdendo, Nenhuma torcida perdoa ter um craque ou pretenso craque no banco e o técnico não fazer nada.
Sim. Pretenso craque e esse é o assunto agora. Elogiei a contratação dele e do Guerrero em uma coluna aqui. Elogiei pela parte de marketing e referência, no caso dele não pelo mostrado em campo. Guerrero foi bem no Flamengo até se machucar e o time vem correspondendo. O Fluminense desandou depois da chegada de R10.
Não digo apenas que ele estragou o ambiente. Sua falta de compromisso irritou líderes do elenco como Fred, mas a sua falta de mobilidade e de preparo físico (difícil ter preparo físico com a vida que ele leva) prejudicou o time, tirou sua juventude, garra e vigor. Antes nove corriam pelo Fred que fazia os gols, liderava o time e correspondia. Hoje oito correm por Fred e Ronaldinho sendo que esse parece sempre cansado, que está nem aí pro clube e a profissão que escolheu.
Difícil oito correrem por dois. No futebol de hoje a perda da mobilidade e do vigor físico são fatais. A garotada de Xerém perdeu espaço porque o clube preferiu o marketing e a venda de camisas que a bola. Contratou um jogador que desde 2006 não quer nada com coisa nenhuma. Valeram-se de uma temporada boa, em 2013, quando ele era dois anos mais novo. Não tiveram o cuidado de acompanhar sua trajetória no fim no Atlético e no México. Deu nisso.
Ronaldinho se tornou um peso, um problema difícil de solucionar e nem o marketing vai ter a vitória imaginada pela direção. Ainda tem a mal explicada questão do Cícero, que parece não ser querido pelo elenco e mesmo assim os dirigentes trouxeram de volta.
O Fluminense perdeu o patrocinador no começo do ano e tudo parecia se arruinar. Mas na força de sua base conseguiu sobreviver e caminhar bem. Cabe a direção do clube, que estragou sua boa fase em uma série de equívocos, resolver o problema.
A mudança de treinador deve ajudar, já que sempre dá um up nos times. Mas tem que escolher bem o substituto para não passar perigo no fim do ano – e a princípio a escolha de Eduardo Baptista parece adequada.
Ou então torcer pra clubes novamente escalarem jogadores irregulares.
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