Como podem ver no quadro ao lado e em todos os demais posts desta semana neste blog, tudo que envolve o evento olímpico é grandioso. Teremos aproximadamente 10.500 atletas de mais de 200 países disputando mais de 300 provas de 42 modalidades esportivas diferentes em 33 locais de competição, durante 19 dias.

Apenas como curiosidade, segundo o site oficial da Rio2016, na organização das olimpíadas são necessários: quase 50 cavalos, 17.800 bolas de tênis, 8.400 petecas, 60 mil cabides, 40 mil cadeiras, 80 mil mesas, 40 mil camas e 11 milhões de refeições, entre outros itens. Para dar conta de tudo, o comitê organizador pretende alocar quase 140 mil colaboradores, entre funcionários, voluntários e terceirizados.

Para acompanhar as disputas esportivas, cariocas e estrangeiros precisarão se deslocar pela cidade, arenas precisaram ser construídas e a área de serviços (hoteis, restaurantes, transportes, etc) precisará suportar a elevação do número de habitantes numa cidade já populosa.

semana olimpica - locais de competicaoComo era de se esperar, tudo isso tem um preço e é sobre o dinheiro para bancar não só o evento, mas as transformações por que passa a cidade do Rio de Janeiro relacionadas com a realização do evento que irei escrever aqui. Ou seja, nesta #SemanaOlímpica do Ouro de Tolo, coube a mim a parte chata da história: falar sobre o custo dos Jogos Olímpicos. Deve ser alguma perseguição do editor chefe (brincadeira, é lógico, até porque ele também trabalha com finanças e orçamento).

As autoridades responsáveis pela organização dos jogos dividiram os dispêndios em duas macro-categorias:

  1. Projetos Olímpicos (que chamarei aqui de “Olímpico“) – gastos vinculados exclusivamente à organização e realização dos jogos e que constam da Matriz de Responsabilidade atualizada em janeiro deste ano, e
  2. Planos de Políticas Públicas (chamada aqui de “Legado“) – obras de infraestrutura que foram consideradas como necessárias para a população e que estão sendo concretizadas na preparação para os Jogos, sendo relacionadas no Plano de Legado, atualizado em abril/15.

Todas as informações utilizadas aqui são públicas e se referem a um resumo das listas que podem ser acessadas nos portais de transparência dos jogos olímpicos. A responsabilidade pela publicação tanto da Matriz de Responsabilidade quanto do Plano de Legado compete à Autoridade Pública Olímpica (APO), que se trata de um consórcio público entre as 3 esferas de governo envolvida na preparação dos jogos, com objetivo de coordenar a participação de cada ente envolvido (Governo Federal, Governo do Estado do Rio de Janeiro e Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro).

Cabe ressaltar que a Matriz de Responsabilidade deveria ser atualizada semestralmente e não houve divulgação de uma nova versão em julho (assim os custos aqui apresentados  podem estar defasados). Por outro lado, no andamento das obras chama a atenção a parceria entre os governos municipal e federal, com fluidez na participação de recursos e atendimento às necessidades demandadas pelo processo.

O total geral das duas planilhas é de aproximadamente R$ 31 bilhões, sendo que 79% é de obras listadas no Plano de Políticas Públicas, ou seja, que ficarão para uso da população após os Jogos. O custo total será ainda maior, uma vez que há projetos que ainda não estavam orçados (em jan/15), como instalações complementares dos complexos esportivos e a reforma do estádio de remo.

Há instalações ligadas ao esporte que foram consideradas como sendo legados, tais como: novas instalações para o Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem (visando a recuperação do crédito do país perante à Agência Mundial Antidopagem) e lojas oficiais de treinamento (após os jogos serão incorporadas à Rede Nacional de Treinamento do Ministério dos Esportes), que representam a totalidade do gasto federal do Orçamento de Legado (R$ 264MM).

Abaixo apresento uma série de gráficos e tabelas que sintetizam as despesas com os jogos e também  um comparativo com outras despesas governamentais para que possam ter uma noção da ordem de grandeza relativa do que representam os custos olímpicos. Para uma comparação justa, reafirmo que o orçamento olímpico ainda sofrerá atualizações. Ressalto, ainda,  que as despesas foram as efetivamente ocorridas no exercício de 2014 sendo que a dos Jogos referem-se a vários exercícios. Caso não consiga visualizar algum gráfico, clique para expandi-lo.

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A situação de cada obra está sendo publicada aqui mesmo nesta Semana Olímpica pelo colunista Rafael Rafic. Trata-se do mais completo material já escrito sobre o tema.

O objetivo deste artigo foi o de apresentar dados financeiros de uma maneira de mais fácil visualização do que a apresentação oficial, deixando o julgamento por parte do leitor. Mas, caso queira saber minha opinião, recomendo a leitura de dois artigos escritos há mais de dois anos (em abril de 2013): “As Olimpíadas e os Gastos Sociais” e o “Legado dos Mega Eventos Esportivos“.

Após a semana olímpica, pretendo retomar a série sobre macroeconomia desenvolvendo mais o tema dos juros no Brasil. Até lá! Enquanto isso,  não deixe de acompanhar os demais artigos desta série especial sobre as Olimpíadas no Ouro de Tolo.

Hoje em dia conhecemos o preço de tudo e o valor de nada
(Oscar Wilde, sob pseudônimo de Sebastian Melmoth, em 1905)