É um assunto que já aconteceu há algum tempo, mas só agora existiu tempo para tocar nele. Anderson Silva.

Anderson já foi tema de coluna minha quando falei no UFC. É, ou era, um dos heróis nacionais com suas vitórias e jeito de ser. Carismático, midiático, era para muitos o sucessor de Ayrton Senna.

A aura de super-herói conquistada principalmente pelas vitórias em cima de Chael Sonnen e o espetacular nocaute sobre Vitor Belfort começou a se desmanchar na primeira derrota para Chris Weidman, na qual foi nocauteado depois de uma série de provocações no octógono e uma esquiva mal sucedida.

Mesmo com a derrota, manteve os contratos publicitários milionários e as participações no cinema. Spider, como é conhecido, já revelou querer ser ator quando encerrar a carreira. O maior drama estava por vir.

Na revanche contra Weidman o Spider era completamente dominado e ao tentar um golpe com o tornozelo quebrou o mesmo de modo muito feio. Seu drama foi passado ao vivo (menos pela Globo, claro) em tempo real para o mundo inteiro que consternado esperava pelo fim de sua carreira.

Anderson poderia ter encerrado a carreira ali.Não seria a forma que um campeão planeja, mas seria melhor que a situação de agora. Spider é acusado de doping, fato pior que qualquer esquiva mal sucedida ou chute mal dado.

Impressiona a quantidade de casos de doping no UFC. Só lembrar um pouco antes de outro grande campeão, Jon Jones. Impressiona o doping em geral. É igual a corrupção no Brasil. Não sabemos se nunca fomos tão corruptos ou tão divulgados. Da pra usar a mesma analogia com o doping, que também é uma corrupção.

São tantos casos de doping que a impressão que tenho é que hoje em dia nem choca mais tanto. Só de atletas brasileiros acusados ou comprovadamente pegos em doping nos últimos anos tivemos no futebol Athirson, Romário, Dodô, Deco e Jóbson e em outros “heróis” como Cesar Ciello, Giba e Daiane dos Santos. Todos eles prosseguiram ou encerraram a carreira de boa, sem nenhuma mancha.

Foi se o tempo que o mundo se chocava como nos casos de Ben Johnson e Maradona. O último grande choque foi Lance Armstrong. Um grande campeão e exemplo de volta por cima em relação ao câncer além de filantropia.

Mas se fosse um caso que fosse pego acho que continuaria com o mesmo cartaz. O problema todo foi que a carreira dele toda foi uma farsa, a imagem toda criada em cima de mentiras e trapaças.

Dizem que todo atleta de grande rendimento se dopa e que não são pegos porque assim como combate está cada vez mais eficiente a forma de se dopar também. Sinceramente não queria e não quero acreditar nisso. Seria ruim demais que exemplos de atletas e personalidades como Usain Bolt e Michael Phelps fossem uma farsa. Os caras são exemplos para as crianças e seria péssimo que elas aprendessem que pra vencer é preciso trapacear.

Assim como queria que alguma contraprova mostrasse que o Anderson é inocente ou alguém assuma a culpa e diga que sem querer fez o spider se dopar. É bobo, é infantil, é meio aquela história de ainda tentar acreditar que papai Noel existe mesmo em nossa casa não tendo chaminé para que ele entre.

É difícil aceitar que os grandes esportistas, os ídolos, são feitos de carne e osso, erram e trapaceiam pra vencer. Pra gente eles sempre são super homens ou “spiders”.

Mas sim, são de carne e osso, são humanos e feitos de barro como nós. Ídolos que se dissolvem na primeira chuva.

E escoam para o limbo da história.