Tive a oportunidade de visitar no último dia 30 a Fla Experience, uma espécie de museu interativo do Flamengo, localizado na sede da Gávea. No local, há centenas (ou seriam milhares?) de relíquias do Mais Querido, como fotos, faixas, troféus e camisas, além de diversos recursos multimídia.

Um museu era algo que faltava ao clube de maior torcida do Brasil, e este é um bom, e importantíssimo, primeiro passo. Como tudo que é novo, ainda há o que melhorar, mas, com a expectativa da utilização de mais um andar da sede social para a ampliação do espaço, a tendência é a de um local ainda mais bem aproveitado.

image[1]Para começar, o visitante chega à sede pela Av. Borges de Medeiros e, na escada de acesso, cada degrau tem versos do hino do Flamengo. No fim da escada, logo que se chega ao hall, a estátua do maior de todos, Zico. À esquerda, a imponente loja da Adidas, fornecedora do Flamengo, e à direita, a entrada da Fla Experience.

Ainda nesse hall há dois biombos de madeira com fotos dos times campeões mundiais de futebol e basquete naquela clássica ideia de o visitante “enfiar” a cara num buraco e “posar” ao lado dos craques. Isso sempre funciona e atrai o público logo de cara.

Os preços são aceitáveis: R$ 15 para sócio-torcedor e meia-entrada, e R$ 30 para ingresso normal. Uma boa e constante fonte de arrecadação, diga-se de passagem. Dentro do museu, o visitante passa por diversos ambientes diferentes, muito bem acabados.image[3]

No primeiro, pela direita, estão diversos troféus de modalidades como vôlei, basquete e judô, enquanto pela esquerda há monitores virtuais, nos quais o visitante navega pela história do clube de forma bem didática. Nesta parede há fotos dos times que conquistaram os seis títulos brasileiros do Flamengo.

No segundo ambiente, que é apresentado com uma foto enorme e uma ilustração de Zico e companhia com a taça do Mundial, está a merecida homenagem aos campeões de 1981, com um cenário que lembra um vestiário.

image[9]De um lado há uma parede espelhada na qual surge uma projeção em tamanho real do craque Adílio se aquecendo. Do outro, há uma reprodução de um local em que ficam as roupas de jogo (são os uniformes brancos atuais, personalizados) dos 11 titulares da histórica vitória de 3 a 0 sobre o Liverpool, no já distante 13 de dezembro de 1981. Há espaço ainda para outras relíquias do jogo, como uma das bolas utilizadas, a clássica Tango, da Adidas.

O ambiente seguinte é o mais rico de toda a Fla Experience: num grande galpão com piso lembrando um campo de futebol estão exibidas centenas de taças e dezenas de uniformes utilizados em jogos do Flamengo. No mesmo ambiente, há um telão no qual são exibidos momentos históricos do clube com uma narração explicativa.image[12]

O único senão deste ambiente é que, imagino, pelo espaço ainda restrito que descrevi no início do texto, alguns troféus ficam muito altos e é difícil identificá-los, até porque ainda não existem placas com essas indicações. Eu como jornalista esportivo até consegui saber a maioria, mas creio que o público comum tenha dificuldade.

As camisas expostas nesse ambiente são sensacionais: tem a 8 usada por Adílio em Tóquio, tem a do tricampeonato carioca de 2001, a do título estadual de 1986 e ainda o manto rubro-negro do grande time de 1981. Outros esportes são lembrados, como o judô e o basquete, com uma camisa usada por Oscar e o uniforme do argentino Laprovittola no recente Mundial de 2014.

image[18]Os troféus da Liga das Américas e do Mundial de basquete têm lugar de destaque no museu, assim como o da Copa do Brasil de 2013, o que é bom, pois são conquistas “frescas” na mente do torcedor.

Já o troféu do hexa brasileiro de 2009 ficou um pouco afastado, em cima. Neste ambiente, penso que valeria a pena uma iluminação mais forte e direta, para facilitar a identificação dos troféus, e não canhões de luzes em movimento, o que dificulta até para o visitante tirar boas fotos.image[14]

Mas o grande problema do Fla Experience, pelo menos no dia em que fui, era a falta de ar-condicionado – não consegui me informar se era uma questão temporária ou se não tem mesmo. No sempre escaldante verão carioca, vejo o ar-condicionado como um importante aspecto não só para dar mais conforto ao visitante, como também para mantê-lo por mais tempo no local.

A Fla Experience termina com uma lojinha de produtos oficiais do Flamengo, como canecas, camisetas, bonés, entre outras coisas. Na saída, o visitante dá a volta e acaba tendo acesso à loja da Adidas, numa ideia bastante inteligente, já que o local é extremamente bem servido dos itens rubro-negros do fabricante, como também de camisas de outros clubes como Real Madrid, Milan e Bayern de Munique, além de produtos diversos da marca das três listras.

Eu como frequentador assíduo da Gávea entre 1985 e 2001 – nem tanto nos últimos anos pelos afazeres da vida e por ter morado fora do Rio – fiquei muito satisfeito por finalmente ver no clube um espaço de verdade para que a memória do Mais Querido seja preservada. Ademais, é uma nova e certeira fonte de receita para o Flamengo, que, com a atual diretoria, vem conseguindo diversos acertos na área financeira.

Esses ajustes que citei no texto não parecem ser de difícil execução e, caso seja possível num curto prazo a ampliação do espaço físico da Fla Experience, sem dúvida será algo ainda mais atraente para o torcedor rubro-negro.

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