Depois de algum tempo longe desse espaço, volto a escrever com algumas coisas legais a tratar, outras nem tanto como o assunto de hoje, mas sem dúvida o final do domingo eleitoral no Brasil foi bastante inspirador ao tema.

Durante 20 dias do último mês estive passeando com minhas mulheres pelo Velho Mundo. Portanto muitas estórias pra contar, muitas fotos para arquivar e alguns momentos serão divididos com o leitor, de acordo com temas que considero importante.

Ainda embriagado pela festa democrática que vivemos neste domingo, iniciaremos por um tema que me deixou chocado e aborrecido principalmente em Paris.

O Racismo.

20140917_094146Para o francês em geral, negro é aquele que vem ao país para roubar aquilo que ele conquista e paga. Não que isso seja muita novidade e nem muito diferente do que nós, sulistas brasileiros, achamos em média com relação ao nordeste do Brasil, mas a forma e o tratamento me deixaram de queixo caído. Já no aeroporto vimos uma grande quantidade de negros e muçulmanos (imagem que chama a atenção, mesmo), todos muito sisudos e desconfiados.

Outra imagem que chama a atenção é a quantidade de soldados armados até os dentes. Conversando com meus primos franceses vemos que isso é cultural. Que a África francesa ( em especial Senegal e Argélia) manda os seus a Paris para, além de buscarem um emprego melhor (na França o salário mínimo é 1.200 euros liquido) vão atrás também da incrível rede assistencial que o governo disponibiliza à sociedade francesa.

Se você aí tem a mania de compartilhar bobagens a respeito dos “vagabundos da bolsa família”, pare por aqui… O que você vai ler a seguir chocaria um extremista do PSTU.

O seguro desemprego francês garante ao trabalhador quatro anos e meio de ganhos sem trabalhar (de forma escalonada e caindo de 80 por cento do salário até 50); além disso, créditos por filhos e para casa própria. Obviamente que a mão pesada do Estado corrói os ganhos da maioria no imposto de renda e é aí a grande guerra que transforma a sociedade francesa em racista, fascista e intransigente.

Eles não aceitam essa situação e humilham os “invasores” de forma violenta às vezes. Pelas ruas vemos um grande sentimento racista até na forma do bem tratar das pessoas. Qualquer muçulmano também é visto como um invasor, um menor, o que veio roubar os empregos e etc…

20140918_110730A parte patética dessa situação é que esses fazem os serviços que os franceses não querem fazer mais, como a construção civil e as ocupações que pagam mal como garçons, serviços de limpezas e subempregos em geral ligados a pouca cultura acadêmica. Os descendentes terem direito a escola publica e o enorme serviço hospitalar público também revolta os nativos.

No fim desse domingo ao contarmos nossos votos presidenciais e a constatação que o Nordeste deu grande votação ao atual governo o que vimos? A mesma coisa. O ódio que as pessoas demonstram àqueles que julgam serem inferiores. Que “sustentamos” e ficam “vagabundos” com a assistência do governo.

Caro, você que acha linda tudo o que acontece no corredor Paris-Nova Iorque… Você que bufa pelas lojas da Miami e ergue taças de Guiness nos pubs londrinos, saiba que, se a vida lhe deu melhores oportunidades, deveria te dar também a sabedoria de que a justiça pode ter vários tentáculos, principalmente a divina.

O Brasil tem muito a caminhar em termos de cultura rumo ao Velho Mundo, mas no quesito racismo e perseguição, estamos quites.

Imagens: Arquivo Pessoal do Colunista

2 Replies to “Racismo e Perseguição”

  1. Morei na França durante 5 anos, tanto em Paris como no sudeste do país, e posso afirmar que os arabes de lá, sobretudo os argelinos, são complicados. O tratamento que eles recebem não é por acaso não.

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