Apitou o juiz. Jogadores cabisbaixos, o técnico tentando levantar o que sobrou da moral. Lágrimas, muitas lágrimas. A Copa do Mundo, a Copa das Copas acabava para o Brasil. Acabava?
Meus caros, em minha opinião aquele jogo não vai acabar tão cedo. Se é que um dia vai acabar. O que a CBF ofereceu ao povo para arrefecer os ânimos me leva a crer que passaremos muitos dias a reclamar de uma entidade que tem primado por fazer tudo errado.
Mas não nos enganou, é verdade: ainda durante o jogo muita gente escreveu nas redes sociais… O placar é a cara da entidade, do futebol brasileiro atual. Perder de sete da Alemanha pode doer, mas apenas refletiu o momento.
É finita a Copa e esperamos uma cisão com o passado. Um grande projeto nacional do esporte bretão. Uma volta a nossas origens de domínio. Uma introdução da atual técnica de jogo, às modernas formas de gestão, aliadas à incrível e (antes) inesgotável fabrica de talentos do nosso país. E o que vemos?
José Maria Marin e Marco Polo Del Nero, mandatários atuais do futebol brasileiro reúnem a imprensa e lançam no ventilador números, projetos olímpicos e anunciam Gilmar Rinaldi como o precursor dos novos tempos. Ele, empresário de jogador (ate a noite anterior, como o mesmo citou, pra deixar a piada ainda mais saborosa).
Marin e Del Nero vão fazer da CBF seu novo curral como fizeram na Federação Paulista. Transformaram o Paulistão em um banco, e lidam com os clubes a pão e água com efêmeros motivos eleitorais. Um clube grande pra jogar o campeonato recebe 14 milhões. TODOS os outros, independente do que façam durante o ano recebem 1,4 milhão.
Tire daí que temos times que jogam três meses, outros seis e alguns jogam as outras séries do Brasileiro. Marin, que em um país sério estaria preso por envolvimento com rotinas de tortura como amplamente divulgado pela mídia – e até pelo Editor em outro artigo. Ao invés de reunir especialistas e atletas de garbo inatacável e tentar mudar algo errado como a Alemanha insiste com o mais do mesmo.
E a cereja do bolo vem nessa terça. DUNGA. Sim ele está de volta! Sem entrar no mérito de resultados, não vai acontecer absolutamente nada de novo nem que o Brasil ganhe a próxima Copa.
Os nossos falidos clubes, que estão cada dia mais endividados, elegeram por unanimidade essa gente. E o que eles representam? Com torcidas de milhões de torcedores, às vezes 1500 sócios votam. É essa representatividade que queremos? Os campeonatos reiniciados , públicos pífios , técnicos sendo mandados embora , jogadores apanhando . Que (indi) GESTÃO!
Falou-se muito em intervenção estatal no esporte brasileiro. Eu sinceramente sou a favor. Não sei de que forma e nem se uma configuração atual do Ministério seria capaz. Hoje ele é loteado por um partido, o que deixaria a legitimidade da medida dúbia. Os nossos clubes deveriam se posicionar de forma firme e dura nesse momento. Aderir a uma greve. Aproveitar o momento em que celebramos o futebol de uma forma divina. Mas não: preferem se esconder de forma individual atrás de contrato de televisão e da Caixa Federal.
Enfim o cenário é perfeito para uma derrocada grande para o nosso futebol nos próximos anos. Os vizinhos estão mais fortes e com belos projetos desde a base (Colômbia e Chile trouxeram as seleções sub 20 para treinar com as principais na Copa, por exemplo). O Brasil vai ter que suar sangue para ir à Rússia. Irá, não tenho dúvidas.
Mas assim como os fins justificam os meios, fará de seu maior esporte algo para sempre?
Charges: Mario Alberto, Jornal Lance