(Rodrigo Vilela é radialista, tem 30 anos e é integrante da Web Rádio Show de Bola)

Nuremberg, 25 de junho de 2006. Portugal e Holanda adentram no Frankestadion para uma das partidas das oitavas de final da Copa do Mundo. À primeira vista, um jogo normal.

Mas seria épico. Sensacional. Mítico!

De um lado, Luiz Felipe Scolari, o atual campeão do mundo. Do outro, Marco Van Basten, bicampeão da UEFA Champions como jogador do Milan. E vários outros duelos. Do lado vermelho, Figo, Deco e Cristiano Ronaldo. Do lado laranja (embora vestido de azul e branco na ocasião), Van Der Sar, Sneijder, Van Persie e Robben.

Deco expulsoNão seria um jogo normal. E não foi mesmo. Nem o árbitro russo Valentim Ivanov teve sossego. As 41 mil pessoas presentes assistiram ao intitulado “jogo mais violento das Copas do Mundo”, com 16 cartões amarelos e quatro expulsões.

De fato, foi a partida com o maior número de cartões da história dos mundiais. Costinha e Deco, pelo lado de Portugal, e Boulahrouz e Van Bronckhorst nas bandas neerlandesas, foram mais cedo para o chuveiro. Também pudera.

Dois lances em especial simbolizam isso. O primeiro, um carrinho quase assassino do lateral holandês sobre o futuro craque do Real Madrid. Cristiano Ronaldo, inclusive, saiu do jogo ainda no primeiro tempo. Felipão esbravejava contra Van Basten, que apenas dizia “quer que eu faça o quê”?

Àquela altura, Portugal já vencia por 1 a 0, com gol de Maniche. A arbitragem foi confusa do início ao fim. Prova disso foi a primeira expulsão, que veio apenas quando Costinha, já amarelado por quase quebrar Cocu ao meio, botou a mão na bola.

A etapa final foi um show de carrinhos e pancadaria. O segundo lance simbólico se deu aos 27 do segundo tempo. Portugal usava e abusava do fair play para quebrar o ritmo da partida. Nesse lance, Cocu e Figo “disputariam” a bola, mas o veterano holandês tocou para Heitinga, e o zagueiro não devolveu a bola, como os portugueses queriam.

Foi o que bastou para Deco dar um carrinho, sem dó nem piedade, no zagueiro adversário. Amarelo, apenas (o brasileiro naturalizado seria expulso logo depois por atrapalhar uma cobrança de falta holandesa).

PerfiladosVocês devem se perguntar, lendo este texto, o motivo pelo qual coloco esse jogo como inesquecível. Explico: a garra e a vontade dos jogadores dos dois times por cada centímetro de campo é algo que me impressiona até hoje.

Vejo e revejo a partida inteira e não consigo não ficar arrepiado com tamanha entrega de ambos os lados em busca de uma vaga nas quartas de final. Mesmo que isso tenha custado a vaga na final para Portugal, pois contra a França, nas semifinais, o time lusitano teve atletas suspensos por causa dos cartões amarelos.

Mas que bom seria se todo jogo tivesse essa vontade das equipes em vencer a todo custo. E pensar que naquela mesma Copa do Mundo, o Brasil daria seu vexame, menosprezando adversários, jogando de forma bem burocrática, levando um baile de Zidane e cia. nas quartas de final e, mesmo assim, não descer do salto.

Tivesse metade da raça de portugueses e holandeses, o hexa poderia ter vindo nos gramados alemães.

Portugal 1 x 0 Holanda
25/06/2006
Nuremberg (ALE)
Público: 41 mil pessoas
Árbitro: Valentin Ivanov (RUS)

 

http://www.youtube.com/watch?v=kd_c2W_n7F4

http://www.youtube.com/watch?v=kd_c2W_n7F4

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