Nesta segunda-feira, a 13ª coluna da série Sambódromo em Trinta Atos, do jornalista Fred Sabino, relembra o longo e interessante desfile de 1996, marcado pela última conquista da Mocidade Independente de Padre Miguel, que impediu o tricampeonato da Imperatriz Leopoldinense, além de um desfile inesquecível do Império Serrano em homenagem ao sociólogo Betinho.

1996: O fim do reinado da Imperatriz e a explosão da Mocidade

Ainda sob os ecos da polêmica vitória da Imperatriz Leopoldinense, a escolas iniciaram a preparação visando ao desfile de 1996. O que se perguntava na crítica especializada e nas rodas de bar era: se em 1995 a Imperatriz levou mesmo com a falta de um carro alegórico na pista, alguém conseguiria detê-la?

Difícil imaginar isso, até porque, a despeito da injusta vitória de 1995, nenhuma outra agremiação mantinha um padrão tão elevado de qualidade em suas apresentações nos cinco anos anteriores. Os enredos eram interessantes, os sambas, bem escolhidos, e os desfiles, bem realizados. Outras escolas tinham bons momentos, mas oscilavam.

Pois bem, nada mais natural então que a Imperatriz fosse favoritíssima ao tricampeonato. Até porque o enredo “A Imperatriz Leopoldinense honrosamente apresenta: Leopoldina, a Imperatriz do Brasil” prometia mais uma apresentação exuberante. O samba de Dominguinhos do Estácio, Jurandir, China e De Marco era o melhor do ano ao lado da obra do Império Serrano.

A participação de Dominguinhos na eliminatória de sambas da Imperatriz rendeu problemas para o intérprete, que foi desligado da Estácio de Sá pelo presidente Acyr Pereira. Dominguinhos sequer gravou no CD (já era CD) o samba do Estácio sobre a modernização do Rio e o Teleporto, construído bem onde era a quadra da escola, na Cidade Nova.

Depois do doído vice em 1995, a Portela escolheu outro enredo de fácil comunicação com o público: “Essa gente bronzeada mostra seu valor” falaria sobre a Música Popular Brasileira. Mas o samba estava longe de ser aquela “pedrada” como a do ano anterior.

Já a Beija-Flor apostaria num enredo mais denso, sobre o que seria a origem do homem no Brasil. A Mocidade teria uma temática bem diferente: o enredo “Criador e Criatura” contaria a história das criações divinas e dos grandes artistas e inventores da humanidade dos séculos anteriores até os anos contemporâneos.

O Salgueiro entraria na avenida com um enredo exaltando a cultura italiana no Brasil, enquanto a Mangueira, com novo carnavalesco (Oswaldo Jardim) levaria ao público as lendas e histórias do Maranhão. A Vila Isabel também falaria sobre a cultura de um estado, o Rio Grande do Sul.

Brasileira também desfilaria a Viradouro de Joãozinho Trinta, que exaltaria os aspectos tipicamente nacionais. Já o Império Serrano também teria um enredo nacional, mas crítico: “E verás que um filho teu não foge à luta” homenagearia o sociólogo Betinho e prometia um severo alerta ao problema da fome no país. O samba era sensacional.

A Grande Rio, por sua vez, contaria como foi a época da colonização brasileira marcada pela influência espanhola. A Unidos da Tijuca também escolheu um enredo histórico, sobre Zumbi dos Palmares.

Outras escolas teriam temáticas mais leves: a União da Ilha contaria a história da galinha d’Angola, a Caprichosos faria um passeio pelo universo do chocolate, a Tradição teria um enredo sobre a cerveja e o tema da Unidos da Ponte era sobre as sombras (guarda-chuvas e guarda-sóis).

Completavam o Grupo Especial de 1996 a estreante Unidos do Porto da Pedra, com um enredo sobre a história da folia de Carnaval em todos os cantos do planeta, e o Império da Tijuca, com um tema curioso: como seria a vida do Nordeste se a região fosse independente do Brasil?

OS DESFILES

O Imperinho abriu os desfiles com uma atração nos bastidores: Miguel Falabella, ele mesmo, no auge da popularidade como apresentador do Vídeo Show, era o carnavalesco da escola.

“O Reino Unido Independente do Nordeste” até que era um enredo com boas sacadas, mas a quebra de alegorias atrapalhou muito a escola, que não conseguiu empolgar, até porque o samba não era dos mais populares.

Segunda a desfilar, a Grande Rio também teve problemas, com a quebra do carro abre-alas e descompassos na evolução. Mas o enredo “Na Era dos Felipes, o Brasil era Espanhol” foi bem desenvolvido pelo carnavalesco Roberto Szaniecki, com bom conjunto alegórico e de fantasias.

O samba foi um sacode, principalmente no refrão “Imponho, sou Grande Rio, amor/Dando um banho de cultura, eu vou/Pro abraço da galera, me leva/Lindo como o pôr do sol, eu sou”. A bateria de Mestre Maurício teve excelente andamento e ganhou o Estandarte de Ouro, e a escola se recuperou do começo difícil com seu melhor desfile no Grupo Especial desde a volta, em 1993.

A Caprichosos apostou mais uma vez na irreverência no seu enredo “Samba sabor chocolate”, mas teve uma apresentação muito irregular. O excelente quarteto de intérpretes formado por Luizito, Carlinhos de Pilares, este de volta à escola após quatro anos, e os jovens Jackson Martins e Zé Paulo Sierra até levantou o samba, que não era brilhante mas caiu no gosto do público.

Mas a divisão cromática da escola pareceu um pouco pesada, já que o marrom do chocolate realmente tornava difícil a tarefa de respeitar o azul e branco da escola, e, embora as alegorias e fantasias estivessem bem acabadas, um tema como chocolate era mesmo estranho para carnavalizar. Para piorar, a evolução da escola foi lenta e confusa.

O Salgueiro entrou com força na avenida para defender o enredo “Anarquistas, sim, mas nem todos” sobre a imigração italiana. E foi com sobras o melhor desfile até então. O samba era valente e foi defendido com garra por Quinho, e a bateria de Mestre Louro, que tinha até a triatleta Fernanda Keller tocando surdo, era quase certeza de uma chuva de notas 10. As bandeirinhas distribuídas pela diretoria aos torcedores renderam um belo espetáculo na arquibancada.

A comissão de frente com pierrots conquistou o público com belíssimas fantasias brancas e suas evoluções bastante simpáticas. O abre-alas concebido pelo carnavalesco Fabio Borges era lindíssimo e simbolizava um coração com o símbolo do Salgueiro em homenagem a dois de seus fundadores que eram italianos, Pedro Siciliano (Peru) e Paulinho Santoro (Italianinho). O grande Xangô era o destaque do carro, que tinha grande impacto.

As demais alegorias e alas simbolizaram diversos aspectos ítalo-brasileiros como as colônias agrícolas, o crescimento de São Paulo e até a Sociedade Esportiva Palmeiras.

Lamentavelmente o terço final do desfile foi marcado por descompassos na evolução. Como sempre, o Salgueiro desfilou com um contingente muito grande e a vazão desse povo todo foi complicada. De qualquer forma, uma excelente apresentação da Vermelho e Branco.

A União da Ilha foi a escola seguinte a desfilar, com o enredo “A Viagem da Pintada Encantada”, do carnavalesco Chico Spinoza, e começou muito bem sua apresentação, com uma criativa comissão de frente com caravelas como adereços simbolizando a navegação que ajudou a levar a galinha d’Angola a outras regiões do mundo.

O bom samba foi defendido com correção pelo estreante Ito Melodia, mas um problema atravancou a até então vibrante apresentação da escola: uma das alegorias ficou empacada no viaduto próximo à Sapucaí e a evolução foi para o beleléu. Claro, a escola teve de correr e a direção de harmonia decidiu que a bateria não entraria no box. Pena.

Aguardada com ansiedade depois da ótima apresentação do ano anterior, a Portela nem de longe reeditou aqueles momentos inesquecíveis. O enredo até que prometia, mas ficou um gosto de quero mais depois do desfile, principalmente porque o samba não empolgou, mesmo contando com Rixxa no canto e a grande bateria na sustentação.

A águia foi um pouco mais tímida do que as anteriores e, embora muito bem acabada, com belos movimentos e jogo de luzes, não causou aquele impacto que dela sempre se espera. As demais alegorias e fantasias também estavam com bom acabamento e cores, mas não tinham tanta criatividade como na apresentação do Salgueiro.

Para piorar, a evolução foi bastante lenta e alegorias empacaram na dispersão. Infelizmente, a escola acabou estourando o tempo em dois minutos, o que certamente causaria uma perda importante de pontos. A imagem das baianas correndo como podiam na Praça da Apoteose foi triste.

Houve atraso para a entrada da Unidos do Viradouro na avenida devido aos problemas com as alegorias da Portela. Mesmo com o problema ainda não totalmente resolvido, o desfile começou com uma grande queima de fogos, mas a festa acabou ali.

Surpreendentemente o acabamento e a concepção das alegorias do enredo de Joãozinho Trinta “Aquarela do Brasil no ano 2000” foram um desastre. As fantasias estavam melhores, mas a precariedade do conjunto alegórico pesou negativamente no que foi o pior desfile da Viradouro em sua passagem pelo Grupo Especial – nem mesmo em 2010, quando caiu, a escola passou tão mal.

Além do mais, o samba não era dos melhores e, inexplicavelmente, da metade para o fim do desfile passou a ser cantado uma oitava abaixo do normal, o que contribuiu para desanimar ainda mais a já arrastada harmonia da escola.

No fim, os carros da Viradouro ainda se embolaram com os da Portela na dispersão, o que deixou exaltados os diretores da escola de Niterói. É claro que isso atrapalhou o fim do desfile, mas na verdade toda a apresentação havia sido terrível. Apenas a bateria de Mestre Jorjão, com muita firmeza e ótimas paradinhas, se salvou.

viradouroSe o atraso para a entrada da Viradouro na pista já foi grande, o começo da apresentação da Mocidade Independente de Padre Miguel demorou ainda mais. Houve uma enorme dificuldade para que as alegorias de Portela e Viradouro fossem retiradas da Praça da Apoteose (foto).

Alegava a diretoria da Viradouro que, como a Portela não conseguia levar os carros da Rua Frei Caneca (nas proximidades da Praça da Apoteose)  para mais longe, não era possível escoar as demais alegorias.

mocidade96ePara desespero da Mocidade, o dia já estava clareaando e a escola desfilaria sob sol, o que atrapalharia muito o impacto visual dos efeitos especiais das alegorias preparadas por Renato Lage. O intérprete Wander Pires teve de se desdobrar ao cantar vários sambas de esquenta (Inclusive Ziriguidum 2001, que teve cinco passadas) para animar os componentes.

Ainda sem que todas as alegorias da Viradouro tivessem sido retiradas, a Mocidade finalmente iniciou o seu desfile, com quase três horas de atraso. E foi, sem sombra de dúvidas, a melhor apresentação de domingo. Mesmo sem que os efeitos especiais tivessem todo o impacto, as alegorias se mostraram espetaculares, passando com perfeição a proposta do enredo, que abordava as criações do homem e as divinas.

mocidade96A comissão de frente simbolizava “o criador e suas criaturas”, e estava extraordinária, com seus componentes fantasiados de Frankenstein e o ator Cesar Macedo fantasiado com seu próprio personagem na Escolinha do Professor Raimundo, o professor Eugênio.

O abre-alas se chamava “…E se fez o mundo”, com um globo metade metálico, metade com terra e mar, estava exuberante e ainda soltava fumaça. Em seguida, começou uma viagem brilhante pelas origens da criação do mundo, com destaque para a alegoria “Elementos da Natureza”, que tinham plantas e animais.

mocidade96hMas nada chamou mais a atenção do que a alegoria de Adão e Eva, com o ator Beto Simas e a modelo Luiza Ambiel, que estava no auge da popularidade pelo sucesso na Banheira do Gugu. Outro carro muito bonito era o que simbolizava a criação dos bebês de laboratório.

As fantasias, multicoloridas de acordo com cada estágio do enredo, renderam belíssismo efeito e estavam à altura das alegorias. A fantasia de Robocop dos componentes da bateria também era supercriativa. Fernando Pamplona resumiu: “A Mocidade foi perfeita e Renato Lage mostrou seu estilo personalíssimo”.

A bateria de Mestre Coé esteve cadenciada e conquistou o público com suas paradinhas. Com uma evolução vibrante e sem descompassos, a Mocidade chegou à Apoteose credenciada a brigar pelo campeonato. O trecho do refrão principal que dizia “A bomba que explode nesse Carnaval/É a Mocidade levantando o seu astral” foi cumprido à risca.

Encerrou o desfile de domingo, já na segunda de manhã, a Unidos da Ponte, numa antítese do que foi a Mocidade. Samba arrastado, alegorias pequenas e enredo sem atrativos.

O público, que já resistia bravamente ao sol e ao atraso até o desfile da Mocidade, não aguentou e deixou o sambódromo às moscas. Salvaram-se apenas a empolgação dos componentes e bateria, porque até mesmo a evolução, apesar do número menor de desfilantes, foi cheia de buracos.

Por outro lado, a segunda-feira começou com uma agradabilíssima surpresa vinda de São Gonçalo. No seu primeiro desfile no Grupo Especial, a Unidos do Porto da Pedra brilhou com o enredo “Um carnaval dos carnavais”, que mostrava como era a folia por todo o planeta.

O carnavalesco Mauro Quintaes caprichou na concepção plástica da escola, que agradou do começo ao fim com suas alas e alegorias multicoloridas e o belo acabamento de todo o conjunto.

O samba contava bem o enredo e tinha boa melodia, e o cantor Wantuir, que fazia sua estreia como primeiro intérprete de uma escola do Grupo Especial, mostrou a categoria que marcaria sua carreira dali em diante.

betinho

Passada a boa apresentação da Porto da Pedra, o Império Serrano entrou na pista para se recuperar dos maus desfiles dos dois anos anteriores. E obteve total êxito, mesmo envolto em dificuldades financeiras. Foi um desfile emocionante e inesquecível – o Migão já escreveu sobre isso no blog.

O enredo sobre o programa “Ação Contra a Fome”, na verdade uma grande homenagem ao sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, rendeu um samba antológico de Arlindo Cruz, Aluísio Machado, Lula, Beto Pernada e Índio do Império.

E o já conhecido cantor Jorginho do Império, filho do grande Mano Décio da Viola, defendeu de graça um samba na avenida pela primeira vez para ajudar a escola do coração.

A escola entrou com uma garra impressionante. Cantou e contou muito bem o enredo, apesar da limitação estética pela situação financeira crítica, e clamou por um tratamento melhor aos mais pobres. A bateria, como de costume, esteve maravilhosamente cadenciada e o samba rendeu de forma espetacular.

Mas a maior emoção ocorreu mesmo quando Betinho desfilou no último carro (foto acima), não à toa chamado “Um ser de luz”. Um ano e meio antes de morrer de Aids (devido a uma contaminação por transfusão de sangue, necessária pela sua hemofilia), o sociólogo levou muita gente às lágrimas.

Se não dava para brigar com o poderio das escolas mais bem estruturadas da época, como Imperatriz, Mocidade, Salgueiro e Beija-Flor, o Menino de 47 mostrou que estava vivo. O samba agradeceu com uma reverência.

Terceira escola a desfilar, o Estácio de Sá ficou devendo no enredo “De um novo mundo eu sou, uma nova cidade serei”. O samba até que era agradável, na bela interpretação de David do Pandeiro (que substituiu Dominguinhos), e a bateria de Mestre Ciça esteve firme.

Mas o conjunto alegórico pecou em criatividade e acabamento, e o enredo acabou se tornando um tanto confuso para público e crítica. O desfile não teve graves problemas, mas foi arrastado.

Já a Unidos da Tijuca teve um desfile caótico. O enredo sobre Zumbi dos Palmares, cuja morte completava 300 anos, teve um excelente samba puxado por Paulinho Mocidade.

Mas um incêndio (rapidamente controlado) no carro abre-alas foi o prenúncio do que viria a seguir, com alegorias quebradas, evolução embolada e confusa e correria das últimas alas. Mais uma escola que ficou devendo.

A Unidos de Vila Isabel foi outra agremiação que não reeditou seus grandes momentos. O enredo sobre o Rio Grande do Sul era chamado de “A heróica cavalgada de um povo”, mas de heróico o desfile não teve nada. Isso porque o samba, embora tivesse boa letra e melodia, não tinha a pegada características da histórica galeria de obras da Vila.

Como resultado, a escola passou sem cantar com a garra costumeira. Alegorias e fantasias até que estavam corretas, embora não fossem de grande impacto. Foi o típico desfile de meio de tabela.

A sexta escola a desfilar na segunda-feira foi a bicampeã Imperatriz Leopoldinense, que, num enredo bem à sua feição, fez uma exibição absolutamente arrebatadora e impecável ao contar a história  da imperatriz do Brasil, Dona Leopoldina, que foi casada com Dom Pedro I.

dominguinhospretojoiaelymarComo já escrevi, o samba era excepcional e Preto Jóia teve a ilustre companhia de Dominguinhos do Estácio no carro de som. O lindo esquenta com o samba de quadra “Rainha de Ramos” também contou com o gresilense Elymar Santos ao lado dos dois intérpretes (foto). Belo começo para um desfile igualmente belo.

imperatriz 1996A agremiação teve ajuda financeira do governo da Áustria, já que, como dizia o samba, “E foi da Áustria, a escolhida/Carolina Josefa Leopoldina”. A comissão de frente (foto) foi um dos destaques, com os componentes munidos de violinos, como se estivessem no casamento de Leopoldina com D.Pedro.

Mas o conjunto de alegorias e fantasias concebido por  Rosa Magalhães foi ainda mais deslumbrante. O carro abre-alas, por exemplo, mesclava o bom gosto nas esculturas de pássaros  típicos do Brasil com efeitos de luzes. Já a alegoria “Passeio de Trenó” simulava uma tempestade de neve típica da Áustria, com excelente efeito.

imperatriz96Um dos destaques que representaram D.Pedro I foi o cantor Sidney Magal, na alegoria que retratava o noivado com Leopoldina (foto). Outro D.Pedro saiu no último carro, que representava o monumento à Independência na Praça Tiradentes. Todos os carros com concepção, acabamento e mensagem absolutamente impecáveis.

Com tanto luxo e requinte, a Imperatriz apenas deu uma pequena vacilada em evolução, já que as fantasias, apesar de maravilhosas e pertinentes ao enredo, de fato eram grandes. Mesmo assim, os componentes cantaram o tempo todo o samba e a escola terminou sua apresentação como candidatíssima a mais um título.

Pro meu gosto, a Imperatriz fez seu melhor desfile na década, superior até mesmo às apresentações do bicampeonato, pois teve o que se espera de uma escola em qualidade: enredo, samba, bateria, quesitos plásticos… Pode não ter sido a apresentação mais contagiante de todos os tempos, mas que foi exemplar, isso foi.

Outra bela apresentação da noite foi feita pela Beija-Flor. O enredo de Milton Cunha procurava na Serra da Capivara, no estado do Piauí, a explicação para o elo perdido e a evolução do homem.

E, embora tenha havido uma certa apelação no momento em que se colocaram órgãos sexuais enormes nas chamadas pinturas rupestres, o enredo foi muito bem desenvolvido, com fantasias e alegorias adequadas.

O samba era forte e a comunidade nilopolitana, como de costume, teve excelente harmonia, mantendo o pique do começo ao fim do desfile. Sem dúvida a Beija-Flor brigaria pelas primeiras posições, mas, a meu ver, com um conjunto pior do que apresentaram Imperatriz, Mocidade, Salgueiro e Império Serrano.

A penúltima escola a desfilar foi a Tradição, que levou ao público uma cerveja daquelas que não descem direito. Plasticamente a escola não teve criatividade e o samba, que era chato, de fato confirmou seu arrastamento no desfile. Ao contrário de anos anteriores, os componentes não passaram animados e a escola corria risco de cair.

mangueira96Já a Estação Primeira de Mangueira encerrou muito bem os desfiles de 1996. Depois de anos de problemas, a Verde e Rosa tinha novo presidente (Elmo José dos Santos, o Rato do Tamborim) e o slogan da escola era “Muda, Mangueira!” E, com dia claro, a Velha Manga mostrou realmente que estava mudando.

O enredo “Os tambores da Mangueira na Terra da Encantaria”, do carnavalesco Oswaldo Jardim, falava sobre o Maranhão e o conjunto plástico da escola foi criativo e bem acabado como há tempos não se via. Lançando mão de uma de suas mais marcantes características, o carnavalesco usou materiais mais baratos e leves, como a espuma, e conseguiu ótimo efeito como nas alegorias “Brincando de ser índio” (com um enorme sapo), “Corsários do Velho Mundo” e “Ana Jansen”.

Mas a Mangueira não deixou de lado sua grande força: a garra e emoção. Para começar, o abre-alas levava baluartes como os saudosos Carlos Cachaça, Delegado, Mocinha, Dona Zica e Dona Neuma. Simplesmente emocionante. E o samba, que ninguém dava tanta bola antes do desfile, rendeu muito bem, com a escola cantando do começo ao fim com o inigualável Jamelão, que acabaria agraciado de novo com o Estandarte de Ouro.

A bateria como sempre esteve firme e o conjunto da Estação Primeira foi corretíssimo, com uma acertada divisão cromática de fantasias e alegorias, que, se não estavam no nível de uma Mocidade ou uma Imperatriz, contavam muito bem o enredo. Já com sol forte, a Mangueira terminou o desfile dando a impressão de que voltaria no sábado das campeãs.

REPERCUSSÃO E APURAÇÃO

Terminado o desfile, o consenso era de que Imperatriz e Mocidade brigariam palmo a palmo pelo campeonato. Era a técnica e requinte de Rosa Magalhães contra a criatividade e tecnologia de Renato Lage. Salgueiro, Beija-Flor, Império Serrano e Mangueira também realizaram alguns dos melhores desfiles do ano, mas corriam por fora.

Na apuração, Imperatriz, Mocidade, Beija-Flor e Mangueira largaram na frente como se esperava, mas a escola de Nilópolis e a Estação Primeira ficaram para trás depois do quesito Conjunto, deixando a liderança dividida entre as duas Verde e Branco.

No quesito Evolução, a Imperatriz levou um 8,5 que acabou descartado, mas um 9,5 fez a escola sair da liderança e Mocidade ficou isolada na frente. No fim, a escola de Padre Miguel até teve menos notas 10 no geral do que a Imperatriz, mas em nenhum quesito teve menos do que quatro 10, o que garantiu a vitória graças aos descartes da pior nota.

Reforçando: sem desmerecer a Mocidade, que fez um desfile brilhante, mas pro meu gosto a Imperatriz realizou a melhor apresentação do ano no conjunto da obra e, se a apuração de 1996 fosse por “pontos corridos”, a Rainha de Ramos teria sido tricampeã. Mas o “se” não joga e nem ganha Carnaval.

Afinal, em 1995 a Imperatriz foi bicampeã com uma alegoria a menos e com outra escola, no caso a Portela, tendo feito uma apresentação melhor. Castigo merecido? Castigo planejado? Não sei, mas que a Imperatriz me pareceu a melhor de 1996 nos dez quesitos, disso não tenho dúvidas.

Completaram as seis primeiras posições a Beija-Flor em terceiro, Mangueira em quarto, Salgueiro em quinto e o Império Serrano brilhantemente em sexto lugar. Caíram quatro agremiações: Caprichosos, Tradição, Império da Tijuca e Unidos da Ponte.

No Acesso, subiram para o Grupo Especial a Acadêmicos de Santa Cruz, seis anos depois do último rebaixamento, e a Acadêmicos da Rocinha, que  pela primeira vez conseguiu uma vaga na elite.

No Desfile das Campeãs, a Mocidade pôde desfilar à noite como pretendia e conseguiu mostrar todos os efeitos especiais planejados para a apresentação oficial. E foi tudo espetacular. Os integrantes da comissão de frente tiraram as máscaras e saudaram a todos. A bateria do saudoso Mestre Coé esteve ainda mais cadenciada, valorizando ainda mais o samba.

RESULTADO FINAL

POS. ESCOLA PONTOS
Mocidade Independente de Padre Miguel 300
Imperatriz Leopoldinense 299,5
Beija-Flor de Nilópolis 299
Estação Primeira de Mangueira 297,5
Acadêmicos do Salgueiro 297,5
Império Serrano 294
Unidos de Vila Isabel 292
Portela 291,5
Unidos do Porto da Pedra 289,5
10º Estácio de Sá 287,5
11º Acadêmicos do Grande Rio 286,5
12º União da Ilha do Governador 286
13º Unidos do Viradouro 284,5
14º Unidos da Tijuca 283
15º Caprichosos de Pilares 283 (rebaixada)
16º Tradição 275 (rebaixada)
17º Império da Tijuca 254 (rebaixada)
18º Unidos da Ponte 251 (rebaixada)

CURIOSIDADES

– O Carnaval de 1996 teve uma imagem impressionantemente triste: devido ao temporal que arrasou a cidade naquele mês de fevereiro, a Mocidade Unida de Jacarepaguá foi extremamente prejudicada e desfilou apenas com poucos componentes e um surdo simbolizando a dor pela perda de pessoas e de alegorias e fantasias.

– Outra escola prejudicada foi a Unidos de Villa Rica, que simplesmente não desfilou em 1996, sendo rebaixada para o terceiro grupo.

– Durante o desfile da União da Ilha, o narrador Paulo Stein fez uma emocionante homenagem ao fundador da TV Manchete, Adolpho Bloch, morto meses antes.

– Foi o último título da Mocidade Independente de Padre Miguel, que consequentemente está num jejum de 19 anos sem ganhar o Carnaval. Entre as escolas já campeãs na elite e que ainda estão ativas, os jejuns são os seguintes: Vizinha Faladeira (78 anos), Império Serrano (33), Portela (31), Estácio de Sá (23), Viradouro (18), Imperatriz (14), Mangueira (13), Salgueiro (6) e Unidos da Tijuca (1).

– O 13º lugar com a Unidos do Viradouro em 1996 foi o pior resultado de Joaãozinho Trinta como carnavalesco de uma escola de samba no Grupo Especial.

– Com o rebaixamento, o Império da Tijuca amargou 17 carnavais consecutivos nos grupos de Acesso. A escola só voltaria à elite em 2014.

– A excelente apresentação na estreia no Grupo Especial rendeu à Unidos do Porto da Pedra uma rara premiação: o Estandarte de Ouro de revelação do Carnaval-96. Rara porque em apenas numa outra ocasião, uma agremiação foi eleita a revelação: a Caprichosos de Pilares, em 1983.

– Falando em Caprichosos, foi o primeiro rebaixamento da escola desde a chegada à elite em 1983. A escola voltaria ao Grupo Especial em 1998 e ficaria até 2006, quando seria definitivamente rebaixada. Hoje a agremiação está no Grupo A, a segunda divisão dos desfiles.

– O refrão principal do samba do Estácio acabaria sendo adaptado para a propaganda do Telecurso 2000, da TV Globo. O original “O teleporto está no ar/É nessa que eu vou me ligar/Na era da modernidade/Uma nova cidade será” virou “O telecurso está no ar/É nessa que eu vou me ligar/Na era da modernidade/É assim que eu vou estudar”.

CANTINHO DO EDITOR – por Pedro Migão

Confesso que discordo do Fred e acho muito justa a vitória da Mocidade Independente, a que assisti do antigo Setor 4 (hoje, 10). O desfile da Imperatriz foi um dos mais frios a que assisti na minha vida – a escola passou gelada.

A Portela sofreu com a quebra de um carro exatamente à frente de onde estava, o que acabou acarretando no estouro do tempo. Reza a lenda que o (fraco) samba se sagrou vencedor no concurso pelo fato da parceria ter pago contas de luz e água atrasadas da escola.

Por falar em disputa de samba a da Vila Isabel deste ano é conhecida entre torcedores e simpatizantes como “A Heroica Marmelada de um Povo”, em título auto-explicativo. Muita gente diz que o resultado foi determinado pela “rapaziada”, preterindo o belo samba do compositor André Diniz.

Conta o amigo Aydano André Motta em seu recém lançado livro sobre porta bandeiras que Rita, do Império Serrano, teve uma áspera discussão com a então vice presidente Neide Coimbra porque seu resplendor estava inadequado e ela queria tirar. Ela tirou, o mestre sala Claudinho (filho de Neide) não, e este despencou em frente ao primeiro jurado…

A carteirinha que ganhei do carnavalesco Ernesto do Nascimento para frequentar os ensaios do Império Serrano foi minha primeira ligação formal com uma escola de samba. Também foi a primeira vez em que acompanhei de perto a preparação de um desfile – muita gente na escola acha até hoje que sou filho do falecido carnavalesco.

É com felicidade que hoje vejo o sensacional samba do Império claramente datado. O Brasil superou quase que totalmente a fome.

Apesar dos inúmeros problemas enfrentados, deve-se ressaltar a brilhante performance da bateria e do puxador Paulinho Mocidade no desfile da Tijuca. Aliás, Zumbi é considerado um tema “azarado” nos desfiles.

A Estácio de Sá, que já sofria com problemas financeiros, teve na perda de sua quadra um golpe definitivo.

Onde eu estava se cantava assim o refrão do Império da Tijuca: “Eu acordei / foi ilusão / Voltei direto pra Segunda Divisão…”

Me causou espanto o abre alas da Mangueira todo em neon às oito da manhã… Mas sem dúvida foi um belo desfile da escola.

O Arranco venceu o Grupo de Acesso B, que se disputou na sexta feira de carnaval, com a Acadêmicos do Dendê e seu interessante enredo sobre o “ponha-se para fora” de D. João VI na segunda posição e também promovida.

Links

O desfile campeão da Mocidade Independente em 1996
http://www.youtube.com/watch?v=kFTSocuQ6sE

A grande exibição da Imperatriz Leopoldinense
http://www.youtube.com/watch?v=lnJnViIV1Xw

A apresentação que marcou a ressureição da Mangueira
http://www.youtube.com/watch?v=AlqPRnhVENo

O emocionante e inesquecível desfile do Império Serrano
http://www.youtube.com/watch?v=i9dILZnOldg

Fotos: O Globo, Extra e reprodução de internet

20 Replies to “Sambódromo em 30 Atos – “1996: O fim do reinado da Imperatriz e a explosão da Mocidade””

  1. Bom adorando as materias…e a partir hj começo a falar pois foi o primeiro ano que acompanhei com mais afinco.

    caprichosos pode não ter feito um grande desfile , mas a bateria deu show…como a mangueira em 2011 deu show na paradinha…a bateria da caprichosos tbm deu show em uma das passagem ela ficava a 2ª parte do samba inteira sem tocar só com apoio do carro de som. no final empatou com a Tijuca mas quesitos de desempate caprichosos desceu.

    Salgueiro começou o desfile muito forte …parecia que viria um novo Ita, só parecia pq a explosão no começo deu ao desgaste na parte final do desfile , o carnavalesco em recente reportagem disse que foi enganado por um de seus assistente …e Fernando Pamplona no fim do desfile na manchete falou que não tinha gostado do desfile do salgueiro.

    Ilha veio com enredo bem peculiar…tinha um grande samba , mnas voz do ainda inexperiente Ito melodia…se não fosse a evolução da comissão de frente da ilha poderia ter alcançado colocação melhor…dizem que foi um dos melhores trabalhos de Chico Spinosa.

    Viradouro fez um desfile para esquecer msm..alegorias de mau gosto, samba fraco(apesar que gosto muito pela bateria)

    Mocidade fez um desfile incrivel sob o raiar do dia..sem duvidas iria brigar pelo titulo..merecido

    Ponte uma escola que não tinha condições financeiras, fez o desfile que pode em dos enredos mais chatos da historia, mesmo com samba alegre não ajudou, caiu e apatir dai nunca mais voltou para especial, hj calga na independente ,e relembra grandes sambas que apresentou na década de 80, uma pena.

    Porto da Pedra uma das escolas que surpreendeu pelo desfile que fez em sua primeira vez no especial, fantasias e alegorias de muito gosto, a escola cantou muito samba, mas houve um problema com carro da china que um dos dragoes ficaram preso no carro de som que estava no recuo, depois que conseguiram resolver o problema, a sapucai veio junto com a porto da pedra…Foi a melhor desfile de uma estreante no grupo especial

    Império Serrano veio com ótimo samba, mas em deficiência nas alegorias e fantasias devido a falta de recursos , mas foi um dos melhores desfile da serrrinha

    Estacio que ja havia problemas financeiros em 95, e, 96 não foi diferente , mas a bela consução do samba pelo estreante David do Pandeiro e o condução da bateria, fez que a escola inflamasse , um chão que cantou muito o samba, destaque para paradinha em que ciça fez onde os componentes da bateria levantava seus instrumentos e girava.

    Imperatriz fez um gradioso desfile …mas de certo por empatia do publico se mostrou fria

  2. Longo desfile, um dos primeiros que assisti completo pela TV, terminando na manhã de segunda e de terça, para espanto dos meus parentes rsrs. Lembro da emoção do desfile do Império Serrano – lágrimas rolavam dos meus olhos sem eu perceber. A surpresa da Porto da Pedra, o samba inesquecível, lembro do refrão “endiablado eu tô..” que ecoava na Sapucaí. A Mocidade foi perfeita. A confusão na dispersão da Portela e Viradouro com os ânimos alterados lembro de ver pela TV. Em geral, os desfiles do ano de 1996 foram muito bons.

  3. Se já foi dito que a Imperatriz merecia ser campeã em 1996, não preciso dizer mais nada, exceto que o Império Serrano fez um carnaval emocionante em todos os sentidos, a Porto da Pedra foi uma gratíssima surpresa e o samba da Grande Rio é um dos melhores da escola, junto ao do enredo “Os santos que a África não viu”.

  4. Nunca é demais falar da excelente coluna, estou acompanhando desde a primeira. Quanto ao duelo Imperatriz x Mocidade, apesar da escola de Ramos ter vindo belíssima, me incomodou um pouco esse excesso de “história oficial”, um pouco do que a Rosa tb fez na Beija-Flor nos anos 70, guardadas as devidas proporções. Essa coisa que Leopoldina era uma princesa, linda, veio pra cá e se encantou com tudo como se tivesse chegado ao paraíso é bem fantasiosa.

  5. Não sei se o desfile da Viradouro de 96 foi pior que o de 2010 viu rsrs… acho que os dois são do mesmo nível… tinha muita coisa sem acabamento em 2010 também.

    Quanto ao enredo sobre a Leopoldina, sempre pensei isso. As traições de D. Pedro não foram mencionadas, porém foi um fato marcante na vida da Imperatriz do Brasil, principalmente a Marquesa de Santos. E outras coisas mais que também não foram mencionadas… inclusive eu acho que o enredo acabou precocemente com a Independência e a carta dela nas mãos de D. Pedro… tinha mais coisa para se falar… acho que se fosse no julgamento atual, a Imperatriz tiraria um 9.9 de Enredo rsrs…

  6. Bom, sou suspeito pra falar porque vi minha escola campeã. Mas NENHUM torcedor da Mocidade acreditava no caneco depois dos atrasos.

    A confiança só voltou depois de ver a Imperatriz desfilar. Parece coisa de doido, mas sabe quando se percebe que faltou o “algo a mais”? Mesmo assim, achei que não viria.

    Coincidência ou não, foi praga dos gresilenses (hehehehehe). A Mocidade não venceria mais e, desde 2003, não vai pro Desfiles das Campeãs. Pelo menos nunca caímos! =D

  7. Pelo regulamento de hoje (sem descartes), mocidade e imperatriz terminariam com o mesmo somatorio de pontos e nao a escola de ramos com mais pontos como diz a materia.

    1. Daniel, por favor releia o texto antes. Escrevi que se o campeonato fosse por pontos corridos a Imperatriz teria sido tricampeã, não que somaria mais pontos do que a Mocidade, o que é muito diferente. Ambas somariam a mesma quantidade de pontos, mas pelo desempate nos quesitos, a Imperatriz teria conquistado o título. Ficou claro?

  8. Fred, gostei muito dessas suas materias e nao quero ficar criando caso, nao e essa a minha intencao. Contudo, como vc mesmo disse o “se” nao muda o resultado final e pelo regulamento de 1996 tirar mais de uma nota diferente de dez num mesmo quesito pesava mais do que tirar uma nota menor no ultimo quesito (que naquele ano, se nao me engano, nao era criterio para desempate no caso de mais de uma campea). Assim, nao vejo a razao desse “se o campeonato fosse (…)”, ate porque se fosse o regulamento de hoje a imperatriz seria campea por pura sorte no sorteio da ordem de abertura e leitura das notas dos quesitos e, sorte por sorte, a mocidade teve mais, conforme o regulamento de 1996.

  9. Aliás, sobre o “eu acordei / foi ilusão / voltei direto pra Segunda Divisão…” da Império da Tijuca, me lembrou em 2011, no Anhembi, onde o samba da Peruche era cantado com “pro fundo / do poço / lá vai a Peruche de novo…”

  10. Derrota injusta da Imperatriz que fez um desfile impecável. Tenho uma dúvida: Qual horário a Unidos da Ponte começou o desfile? Pelos vídeos me parece que ultrapassou as 09:00 da manhã.

  11. Esse desfile da Imperatriz foi exemplar, desculpe quem não gosta, mas a escola foi superior a Mocidade do início ao fim, na verdade foi superior a todas as escolas,se houvesse descarte das menores notas e sem critério desempate as duas terminariam empatadas,foram os melhores desfiles, não tinha escolas que pudessem chegar a tal nível de excelência,parabéns a Imperatriz e Mocidade pelo belo duelo, os melhores enredos da época!

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