Após uma parada, retomo os artigos sobre a recente viagem de férias a New York enfocando a visita ao memorial dedicado às vítimas do atentado de 11 de setembro de 2001 no World Trade Center, já sabido por todos os leitores.

Antes de sair do Brasil havia lido que se precisava comprar o ticket de entrada pela internet no site, mas como não sabia se e quando iria resolvi tentar a sorte no dia 11 de novembro, segunda feira.

Peguei um táxi e o motorista optou por um caminho mais longo, mas mais expresso – o trânsito nas ruas centrais de Manhattan estava bem confuso, para se dizer o menos. O Memorial fica ao sul da cidade, perto do centro financeiro de New York. Ele fica onde estavam os prédios abatidos pelos aviões da Al Qaeda na ocasião.20131111_152720Chegamos ao local e fomos orientados por um segurança a caminhar em direção à entrada do Memorial. Não sabia se poderia entrar por não ter feito a reserva, mas dei sorte: era o feriado do “Dia dos Veteranos de Guerra” local (onde se homenageia todos os combatentes americanos em conflitos e guerras) e a entrada estava franqueada a todos os visitantes. Ou seja, acabei visitando o Memorial em uma data com grande importância simbólica.

Parêntese: a não ser pelo desfile de Veteranos na Quinta Avenida e os bancos fechados não se diria que a cidade estava em um dia de feriado. Pelo menos o comércio abriu normalmente, nos horários habituais. Acredito que escritórios tenham ficado fechados, mas não tenho como afirmar.

Outra curiosidade é que neste dia os veteranos de guerra americanos tem descontos em inúmeros bares, lojas e restaurantes. Ficou claro para mim que o principal feriado é mesmo o “Dia de Ação de Graças”, na última quinta feira de novembro – ao que me pareceu, mais importante até que o Natal. Fecha o parêntese.20131111_154921Fomos até a entrada, onde havia duas filas: uma para quem havia reservado pela internet e outra para quem estava indo direto, como nós. Paga-se uma contribuição simbólica – no meu caso, US$10 para duas pessoas – ganha-se uma pulserinha de borracha e se entra em uma sala para a revista. Demorou um pouquinho, mas nada absurdo.

Sim, existe uma rigorosa revista, onde todo mundo, seja americano ou estrangeiro, local ou turista tem de passar. Existe uma máquina de Raios X ao estilo dos aeroportos, onde passamos. Ainda temos de tirar os sapatos e todos os acessórios como relógios, celulares (que precisam ficar desligados dentro deste salão) e jóias. Não são permitidas fotos ou filmagens desta sala.

Confesso que sou meio crítico deste tipo de procedimento de segurança, mas no local em questão achei absolutamente normal. É um lugar muito visado e o que não deve faltar é maluco querendo fazer uma gracinha por ali.20131111_155316Feito isso, caminhamos em direção ao memorial propriamente dito, passando por uma área que se encontra em obras. Basicamente são duas grandes estruturas em mármore, com um vão onde há uma queda de água e um segundo vão adjacente – as fotos do post explicam melhor. Estes ficam exatamente nos locais onde se encontravam as Torres Norte e Sul do complexo.

Além disso há uma espécie de mini parque, com árvores e gramados. Nas bordas das estruturas que representam as torres derrubadas estão gravados no aço os nomes de todos os mortos nos atentados. Uma curiosidade é que no dia de aniversário de cada uma destas vítimas se coloca uma flor sobre o nome, como se pode ver em uma das fotos.20131111_154333Quem leu o artigo que escrevi em 2011 no aniversário de 10 anos dos atentados sabe que questiono demais o fato das vítimas do atentado terem um peso maior que as centenas de milhares de pessoas mortas em decorrência deste – em especial no Iraque e no Afeganistão. Entretanto, é impossível não se emocionar ao adentrar o espaço.

Há a emoção por conta do local em si, pelo fato de se estar em um lugar onde a História possui um capítulo importante e, especialmente, pela lembrança e presença dos mortos.

Aconteceu algo interessante comigo: nunca fui de sentir espíritos ou coisa parecida, mas sabe quando se começa a perceber este tipo de coisa? Pois é. O mais interessante é que bastou eu entoar a oração messiânica aos Antepassados para esta sensação de “presença” passar. “Yo no creo em brujas, pero las hay, las hay”, já diz o ditado.20131111_155144Também é impossível não imaginar o dia do atentado e as pessoas que ficaram presas nos andares acima de onde bateram os aviões, e seu desespero ao saber que não sobreviveriam e que a morte era questão de tempo – não havia como sair do que sobrou dos prédios.

Algo que me irritou foi ver um casal – brasileiro, evidentemente – onde a mulher fazia caras e bocas para tirar fotos no local, com poses beirando o sensual. Ali é local de respeito e contrição, um pouco de bom senso sempre ajuda. E olha que há um cartaz (abaixo) alertando isso. Quase fui ao casal para dar um toque, mas depois desisti.20131111_152602Também está lá a chamada “arvore da vida”, única que resistiu aos ataques, que foi replantada no Memorial. Há folhetos de explicações em diversos idiomas, incluindo o português falado e escrito no Brasil, e alguns orientadores para explicar a história do lugar. Os americanos levam muito a sério o local.

Devo ter passado uns 40 minutos dentro da área do Memorial, cuja saída desemboca diretamente na loja oficial. Dentro há camisetas, bonés, livros e outros badulaques sobre o memorial e o atentado.

Aí se observa o espírito empreendedor americano: até livro sobre “os cachorros heróis” do dia 11 de setembro de 2001 se pode encontrar na lojinha, que não é muito grande, mas que permite a movimentação sem grandes problemas. Comprei um boné (marca de minhas compras na cidade, mas esta é outra história), um livro de depoimentos e fotos e duas canetas. Finalmente deixamos o espaço e retornamos ao hotel.20131111_155324Sem dúvida, é ponto de passagem obrigatório para todo turista em New York. É extremamente marcante se estar em um lugar onde a história foi escrita, bem como entender a dimensão do atentado para o povo americano – quem nunca foi não consegue entender, garanto isto aos leitores.

O curioso é que a primeira torre do novo World Trade Center foi inaugurada dois dias depois de nossa visita – o prédio está na segunda foto deste artigo. Abaixo coloco um pequeno vídeo que fiz durante a visita.

Mas a série sobre a viagem continua.

 

(Fotos: Arquivo Pessoal)