Nesta quinta feira, a coluna “Saúde e Batom”, da jornalista Raphaele Ambrosio, trata de um problema muito sério das sociedades carioca e brasileira: o estupro.

Estupro: Nem Pensar

A cada dia que passa, aumenta o numero de mulheres e até mesmo crianças vitimas de estupro. Infelizmente, virou febre nas grandes cidades, principalmente no Rio de Janeiro, segundo a imprensa. Mas existem perguntas que não saem da cabeça do povo: até quando isso irá acontecer? Até quando será uma crescente? O Governo anda tão cego e com tanto descaso a ponto de não conseguir dar um basta nisso? O que falta para isso acontecer?

O caso mais recente foi de uma mulher de 30 anos vítima de estupro dentro de um coletivo. Ela foi espancada, humilhada, intimidada, abusada sexualmente. Na mesma semana, uma outra quase passou pelo mesmo na Zona Oeste, conseguindo escapar por pouco. E o bandido? Bom, disse que só queria dar um beijo na vítima e que ela entendeu tudo errado. Isso é uma piada? Porque soa como tal!

O mais interessante é que, em ambos os casos, não houve pronuncia do prefeito ou do governador. Eduardo Paes estava ocupado com o evento no qual o ex-presidente dos EUA, Bill Clinton, irá promover na cidade, no final do ano. Já Sérgio Cabral… O Secretário de Segurança do RJ, José Mariano Beltrame, falou que isso não pode continuar acontecendo. Mas isso não precisava nem ser dito, concorda o leitor?

O episódio do estupro dentro do ônibus virou noticia mundial. Associaram o ocorrido junto à imagem do Maracanã, grande palco da Copa das Confederações e do Mundo. Isso ajuda a detonar uma imagem que já não é completamente sem nódoas para se sustentar. Volta e meia a cidade carioca é tema de matérias em revistas e tabloides mundo afora por conta da violência, enchentes e crimes bárbaros. A cidade está perdendo o seu cartão postal, seu atrativo, dando vez à violência e a diminuição da vontade de turistas em vir para cá.

Se jogar no Google “estupro no RJ”, aparecerão 1.920.000 resultados. Um número absurdo! Quase tão absurdo quanto ao número de violência e abuso sexual a mulher no ano de 2012 e até o presente momento de 2013. Durante todo o ano passado foram registrados 1.908 casos de estupro à mulher. Já em 2013, só nos cinco primeiros meses do ano, já foram registrados mais de 1.500 casos. O ISP (Instituto de Segurança Pública) informou que 82,8% das vítimas são mulheres. E os números não param por ai. A mulher não sofre mais só em abusos, ela sofre em maior número também em calúnia, injúria e difamação (72,4%), constrangimento ilegal (56,6%), ameaça (66,7%) e lesão corporal dolosa (65,3%).

O ISP também informou que a maioria das vítimas do sexo feminino, no ano passado foram crianças e adolescentes de até 14 anos. E que a maioria dos estupros acontece em ambiente familiar: 51,1% das vítimas eram próximas aos seus agressores e 29,7% tinham algum parentesco com os mesmos.

São números assustadores e que o Estado não consegue controlar. Agora, se esse mesmo número de vítimas fosse turista, a situação seria outra. Como foi no caso da turista francesa que foi estuprada oito vezes dentro de uma van. No dia seguinte houve fiscalização, ordem de retirada de película escura em vidros de transporte públicos, houve um aparato, necessário; mas aconteceu por ser uma turista. E a quantidade de estupros e violências domésticas que acontecem dia a dia e ninguém toma providências? Será que se dessem atenção a essa porcentagem toda aqui citada, as coisas não seriam diferentes?

Enquanto quem zela por todas as mulheres estiver tomando champanhe francês, preocupado com eventos esportivos, em visita de ex-presidente lá para o final do ano, as coisas não vão funcionar. A bandidagem vai continuar tomando conta das ruas, pois não tem quem tome em seu lugar. A policia está nas ruas? Sim, está. Mas não o suficiente. Se estivesse, isso tudo de ruim não estaria acontecendo. Acorda, Rio de Janeiro! Até quando vamos ver nossas crianças sofrendo isso tudo a olho nu?! Sendo violentadas, mortas, perdendo suas mães, ficando a mercê?!

O procedimento para que é vítima de abuso sexual é: não tomar banho ou limpar qualquer vestígio do abuso, pois isso dificultaria na coleta de DNA para a identificação do suspeito, e ir diretamente a uma Delegacia Especial de Atendimento a Mulher (DEAM). Lá será feito um registro de ocorrência e a vítima será encaminhada para um IML (Instituto Médico Legal) para que seja realizado o exame de corpo de delito. Após esse procedimento, a mulher é acompanhada para um hospital, onde tomará um coquetel antiaids e terá acompanhamento psicológico.

Se você já foi vítima de estupro, denuncie. Não se cale. Se vir algum menor sendo abusado, denuncie também. Hoje em dia qualquer pessoa pode fazer, não só representante legal. Ajude outras mulheres, evitando que passem por tudo isso. Ligue para o Disque Denuncia: 2253-1177 ou 180 que é a Rede de Atendimento a Mulher.

Estupro