Nesta quarta pré feriado, a coluna “Saúde e Batom”, da jornalista Raphaele Ambrosio, desmistifica o método contraceptivo de emergência denominado “pílula do dia seguinte”.
Desmistificando a Pílula do Dia Seguinte
Na hora do desespero, quando a necessidade aperta, após uma vacilada na noite anterior, muitas mulheres recorrem à chamada pílula do dia seguinte. Às vezes, por precaução, outras por medo de engravidar. Mas você sabe usar a pílula corretamente?
Ela deve ser usada em ultimo caso, pois como contém uma alta taxa hormonal pode não fazer bem ao corpo da usuária. Na contracepção de emergência utilizam-se doses maiores de Levonorgestre – nome cientifico dado a ela – em relação à contracepção rotineira. Seu mecanismo de ação é diferente dependendo do ciclo menstrual da mulher. Levonorgestrel pode retardar ou inibir a ovulação, alterar a motilidade tubária e dificultar a passagem do espermatozoide no muco. Lembrando que, uma vez implantado o espermatozoide, o remédio não faz mais efeito.
Muito usada por conta de um esquecimento da pílula contraceptiva convencional ou por rompimento da camisinha, a pílula do dia seguinte tem cara de ser uma grande aliada à mulher, mas não é bem assim que funcionam as coisas. Ela é agressiva ao corpo, não pode ser usada de forma continua, pode trazer um transtorno ao corpo da mulher e o seu preço não compensa.
Veja abaixo algumas das duvidas mais comuns que as mulheres têm em relação à medicação
- A pílula do dia seguinte faz o mesmo efeito que a tradicional?
Um comprimido dela vale o mesmo que 10 do convencional. Por conta disso ela é tão agressiva: sua taxa de hormônio é muito elevada. Por conta dessa taxa alta, a mulher pode sentir enjoo forte, chegar a vomitar e na pior das hipóteses, ter trombose e adquirir um câncer, caso use de forma exagerada.
- Como ela deve ser tomada?
Logo após a relação sexual, caso for em dose única, ou além dessa dosagem, uma após 12 horas. Mas lembre-se, não pode passar das 72h recomendadas após a relação sexual; caso contrário, não terá o efeito esperado.
- É possível engravidar, mesmo tomando a pílula?
Sim. Nenhum dos métodos contraceptivos têm 100% de eficácia. Porém, no caso dessa pílula, as chances vão de 3 a 5% de chances de uma gravidez, isso tomando de acordo com o que manda na bula, respeitando o prazo para que faça o efeito.
- Ela funciona como remédio abortivo?
Não. Uma vez o óvulo fecundado, o remédio perde por completo sua eficácia e não provoca abortamento e suas substancias não são passadas ao feto.
- É necessária receita médica para poder comprar a medicação?
Sim, embora algumas farmácias não respeitem isso. É extremamente aconselhável uma consulta com o ginecologista, para que ele receite a pílula correta fazendo a prescrição.
- Se tomar continuamente, ela perde o efeito?
Não perde o efeito, mas vai prejudicando o corpo da mulher gradativamente. Pode causar cada vez mais efeitos colaterais que, com o tempo, podem vir a ser irreversíveis.
- Que efeitos são esses?
Ciclo menstrual desregulado, náuseas, vômitos, dor de cabeça, vertigens, dores no corpo, falta de ar, desmaios, aumento da pressão arterial e como já citado, trombose e câncer (de colo do útero, de mama, de fígado, de vagina).
Caso a usuária faça uso de forma repetida, o aumento de peso também entra na lista. Caso a mulher seja sensível a remédios com taxas hormonais e tenha diarreia ou vomito após ingerir a pílula, é necessário tomar outra vez.
- Existe contraindicação?
Sim. Para mulheres hipertensas, com obesidade mórbida, doença hematológica e vascular.
- Ao tomar a pílula, a proteção até a chegada da menstruação estará garantida?
Absolutamente, não. A proteção é apenas por conta da relação descuidada do dia anterior. Após isso, as relações sexuais seguintes devem ser com o cuidado devido: camisinha SEMPRE e anticoncepcional convencional, diafragma… O que o casal achar melhor.
- Uso de medicações paralelas pode diminuir a eficácia da pílula?
Sim. Antibióticos, remédios tarja preta e insulina podem cooperar para que o efeito não seja o esperado, diminuindo, assim, a sua ação.
- Quando é recomendado o uso da pílula?
Em casos de estupro, ruptura de camisinha ou coito próximo à ovulação.
- Postos de saúde disponibilizam essa pílula?
Nas grandes cidades e em algumas do interior, a mulher que procurar ajuda em postos de saúde terá um atendimento diferenciado: receberá esclarecimento sobre o uso de métodos contraceptivos, sobre o uso da própria pílula, orientação ginecológica e prescrição do medicamento.
Sabendo usar a pílula e lembrando que não se deve fazer dela uma rotina, a mulher consegue o efeito esperado sem muita preocupação de umas gravidez indesejada.
Mas lembre-se: o melhor ainda é o uso da dupla dinâmica: camisinha e anticoncepcional. Se estiver iniciando na vida sexual, procure de imediato um ginecologista. Ele irá examinar e saberá o tipo certo de remédio que a mulher deve usar.