Nossa faixa musical traz hoje canção de Chico Buarque que citei como título do post desta semana sobre as eleições da Portela: “Tanto Mar”.

Escrita em 1974 em homenagem à Revolução dos Cravos portuguesa, foi censurada pela ditadura militar brasileira e somente liberada em 1978, com outra letra – o próprio Chico Buarque explica no vídeo gravado à época da liberação da canção. Obviamente, uma letra sobre uma revolução que derrubou praticamente quatro décadas de ditadura causou espanto no regime brasileiro – e a consequente proibição.

Por outro lado acaba sendo uma referência bem próxima ao ocorrido na Portela no último domingo. Abaixo o leitor pode ver a letra original e a alterada.

Versão 02, liberada pela censura:

TANTO MAR

Foi bonita a festa, pá

Fiquei contente

Ainda guardo renitente um velho cravo para mim

Já murcharam tua festa, pá

Mas certamente

Esqueceram uma semente nalgum canto de jardim

Sei que há léguas a nos separar

Tanto mar, tanto mar

Sei, também, quanto é preciso, pá

Navegar, navegar

Canta primavera, pá

Cá estou carente

Manda novamente algum cheirinho de alecrim 

Primeira Versão, censurada:

TANTO MAR

Sei que estás em festa, pá

Fico contente

E enquanto estou ausente

Guarda um cravo para mim

Eu queria estar na festa, pá

Com a tua gente

E colher pessoalmente alguma flor

No teu jardim

Sei que há léguas a nos separar

Tanto mar, tanto mar

Sei também quanto é preciso, pá

Navegar, navegar

Lá faz primavera pá

Cá estou doente

Manda urgentemente algum cheirinho

De alecrim