flamengo_ninhodourubu_richardsouzaNesta quinta feira, a coluna “Sabinadas”, do jornalista esportivo Fred Sabino, faz um balanço do futebol carioca em 2012 e as perspectivas para 2013.

Altos e baixos para o futebol do Rio

Antes de tudo, parabéns ao Migão pelo novo espaço para o Ouro de Tolo. Sempre gostei do blog, antes como leitor e, desde 2012, como colunista convidado.

Para começar essa nova fase, vamos falar sobre a maior paixão popular do país: o futebol.

 
Mesmo estando à distância, morando em São Paulo, acompanhei muitos jogos dos clubes cariocas ao longo da temporada e fiquei impressionado como os erros de outros carnavais se repetiram com Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco. Os equívocos de alguns foram em escala estratosférica e outros, em menor escala. Mas vamos ao balanço do ano que passou e projeções para os clubes cariocas.
 
Começamos pelo único clube que teve um 2012 feliz, o clube que errou pouquíssimo, o justo campeão carioca e brasileiro Fluminense. Para ser bem sincero, o Tricolor teve apenas um erro importante na temporada: no fatídico jogo contra o Boca Juniors, pelas quartas de final da Libertadores.
 
Um dos favoritos ao caneco, o Flu passou com tranquilidade pela fase de grupos, avançou sem problemas para as quartas de final e, contra um time inferior tecnicamente, deixou a vaga nas semifinais escapar com um gol no fim, em falha coletiva da defesa. Como diz aquela clássica mensagem de computador: um erro fatal.
 
Estruturado como está, com um elenco forte e altos investimentos, o Tricolor é grande candidato ao título da competição em 2013. Mas, como o Corinthians fez brilhantemente em 2012, precisa ter ‘erro zero’. Creio que isso seja possível, pois nos últimos anos o Flu vem amadurecendo na competição. A conferir.
 
Outro erro decisivo para um clube carioca na Libertadores ocorreu com o Vasco. Diego Souza teve nos pés a chance de marcar um gol que provavelmente levaria o time às semifinais – mas quem sorriu ao final foi o Corinthians.
 
A eliminação na Libertadores e as derrotas nas duas finais de turno do Carioca foram um baque terrível para o clube de São Januário. No Brasileirão, o time vinha bem (no chamado G4), mas aos poucos o gás foi acabando e a diretoria resolveu desmanchar o time devido ao caos financeiro do clube.
 
Com um elenco enfraquecido em um campeonato longo e recheado de suspensões e lesões, o Vasco foi caindo, caindo e o quinto lugar acabou sendo um lucro enorme pela desastrosa campanha no returno.
 
Endividado até o pescoço e sem as perspectivas de boas contratações,o Vasco deve ter um ano dificílimo. A situação para Dinamite é tão complicada que alguns torcedores já querem o Eurico Miranda de volta…
 
O outro representante do Rio de Janeiro na Libertadores fez um papel vexatório em todas as competições que disputou, ou melhor, esteve inscrito. 
 
O Flamengo ficou na fase de grupos da Libertadores, não chegou sequer a uma final de turno no Carioca, o que não ocorria desde 2006, e fez campanha pífia no Brasileiro. Neste último só não passou um sufoco maior na briga contra o rebaixamento devido à ruindade de quem estava mais abaixo na tabela – e a erros das arbitragens em alguns jogos.
 
A gestão Patricia Amorim, no que tange o futebol, foi um desastre completo em 2012. Assumiu um compromisso financeiro com Ronaldinho Gaúcho que não poderia assumir, preferiu o jogador na queda de braço contra Vanderlei Luxemburgo – que, apesar dos críticos, inclusive eu, até conseguiu números bem razoáveis e tinha razão na briga contra R10, apostou num decadente Joel Santana e manteve no elenco jogadores questionados.
 
Zinho foi contratado literalmente para apagar os incêndios que se espalhavam a cada dia na Gávea, Dorival Júnior até que arrumou a casa e evitou o pior, com uma invencibilidade de oito rodadas no fim – embora tenham sido apenas três vitórias – e a torcida respirou aliviada.
 
Mas as urnas não perdoaram Patricia. E os quase 40 milhões de rubro-negros esperam muito da nova diretoria, com o comando de Eduardo Bandeira de Mello. A campanha foi repleta de promessas de mudanças e o contrato com a Adidas é interessante, sobretudo na questão da internacionalização da marca Flamengo. Vamos ver se as expectativas de melhora se cumprem.
 
Para finalizar, o Botafogo. Se levarmos em conta os números absolutos, até que não foi um ano tenebroso como o do Flamengo. Mas, pela enésima vez, o time decepcionou a sua torcida nos momentos decisivos.
 
O ano começou com a chegada do técnico Oswaldo de Oliveira e uma respeitável invencibilidade de 23 partidas. Mas em um espaço de uma semana, tudo ruiu. Primeiro, o time levou de 4 a 1 do Flu no primeiro jogo da final do Carioca. Dias depois, caiu na Copa do Brasil contra o Vitória em casa e, no domingo seguinte, houve a consumação do vice no Estadual.
 
Mas o Brasileirão até que foi positivo para o Botafogo. Primeiro pela contratação do excelente jogador Seedorf. A torcida precisava de uma injeção de ânimo e o holandês ajudou muito o time.
 
A campanha não foi maravilhosa, faltou aquele algo mais nos jogos mais decisivos, mas ao menos não houve grandes sustos e, com a manutenção da atual base e a contratação de reforços pontuais, o clube pode ter um desempenho melhor em 2013.
 
Basta o Botafogo entrar sem complexos nas partidas mais importantes e sua torcida comparecer em maior número no Engenhão, ponto em que outra vez os números foram decepcionantes.
 
Feito esse balanço, deixo claro que como carioca de coração torço ferrenhamente para o meu time, o Flamengo, mas não sou daqueles que querem ver os rivais afundados. Com Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco fortes, quem ganha é o futebol do Rio.
 
Em 2012, Corinthians (Libertadores e Mundial), Palmeiras (Copa do Brasil), Santos (Estadual e Recopa) e São Paulo (Sul-Americana) deram voltas olímpicas.
 
Com todo o respeito, prefiro que as taças fiquem no Rio, de preferência com o meu time. 
 
Mas não se pode errar tanto, convenhamos…
(Foto: Globoesporte.com)