Pois é. Depois de longo tempo sem pisar em um estádio em terras cariocas, eis que finalmente saí do sofá de casa e fui assistir a uma partida do meu Flamengo em sua casa provisória, o Engenhão.
Ano passado vi apenas duas partidas do Flamengo “ao vivo”:  uma pela Libertadores e outra pelo Brasileirão,  esta em Campinas. Contei aqui e aqui estas histórias, respectivamente. Além disso, não via o Flamengo vencer ao vivo desde a final do Brasileirão de 2009 – também contada neste blog.
Sábado passado resolvi assistir a Flamengo e Grêmio, pela décima terceira rodada do Campeonato Brasileiro. Na verdade resolvi ir ao jogo faltando apenas duas horas para seu início, motivado pela longa ausência e pelo bom resultado da épica partida contra o Santos.
Como eu estava “em cima da hora”, resolvi não ir de carro, pois não conhecia exatamente como funcionava o estacionamento. A única vez em que tinha estado no Engenhão anteriormente – para um horroroso Brasil e Bolívia – deixara o carro no Norte Shopping, opção que para um sábado e dada a exiguidade de tempo era impraticável.
O curioso é que tive de ensinar o caminho ao taxista, que pouco rodava fora da Ilha do Governador. Cheguei ao Engenhão por volta de 17:10 e já havia uma intensa movimentação de público.
Os atendentes que estavam lá com a função de orientar o público avisavam que não haviam mais ingressos para a partida – os setores atrás dos gols ainda estavam fechados por conta dos Jogos Mundiais Militares, encerrados recentemente. Obviamente, haviam cambistas às pencas, e a eles acabei tendo de recorrer.
Paguei R$ 60 em um ingresso (inteiro) de R$ 40, que na verdade era de meia entrada (R$ 20) – acredito que vindo de alguma torcida organizada ou da própria BWA, empresa que (teoricamente) organiza a venda de ingressos para o clube mas que enfrenta acusações recorrentes de facilitar a vida de cambistas – inclusive em novembro de 2009 escrevi sobre o assunto.
Este é um ponto bastante complicado em termos de Flamengo: a venda de ingressos. Sem um plano de sócio torcedor e sem uma organização a fim de facilitar a vida do cliente fica bastante difícil a nossa vida. Mais de um ano sem ir a um estádio aqui no Rio de Janeiro e não mudou rigorosamente nada.
O Engenhão é um estádio que possui, a meu ver, um único grande problema: para quem não conhece as ruas de seu entorno, realmente não é muito fácil de se orientar. Eu conheço bem aquela região pois na década de 90 namorei uma moça que morava exatamente na rua do estádio, mas admito que para o pessoal de outros bairros pode, sim, ser complicado.
Entretanto, outras críticas ao estádio revelaram-se absolutamente falaciosas, a meu ver.
Uma coisa que achei legal foram as barraquinhas vendendo petiscos e cerveja no entorno do estádio. Se dentro não pode – uma proibição absurda, estabelecida por um almofadinha que nunca deve ter ido a um estádio na vida – pelo menos pode-se “encher o tanque” antes de adentrar o estádio. Também há opções de petiscos variados, muitos deles oferecidos pelas próprias casas das redondezas – que se aproveitam para reforçar o orçamento.
Bebi três cervejas e finalmente adentrei o estádio, uns 45 minutos antes da bola rolar.
Quem acompanhou os recentes posts sobre minhas visitas a estádios pelo Brasil sabe das imensas críticas que faço à diretoria do Flamengo pela falta de condições mínimas de estrutura. Pois devo dizer que alguns pontos melhoraram bastante.
Algo bem superior ao “velho” Maracanã é a disponibilidade de opções de alimentação. Se não temos restaurante, como vi na Arena da Baixada e no Frasqueirão, temos três ou quatro opções de lojas de alimentação que “quebram um galho” de forma aceitável. Ponto para a diretoria do Botafogo, que administra o estádio e negociou estas parcerias.
Outra coisa que melhorou é que, finalmente, há quiosques de produtos oficiais do clube no estádio. Não acredito que seja iniciativa do marketing institucional do clube, pois são filiais da chamada “Loja Fla”, e não da “Fla Concept”, oficial da Olympikus. Ainda assim, é um ganho e tanto levando-se que não havia nada no Maracanã.
Dica: a Loja Fla abriu recentemente uma loja bastante completa no Shopping Nova América. Para quem não pode ir à Fla Concept pela distância é um ganho e tanto. Fica a dica.
Outra reclamação que vi muita gente fazer é que o estádio “não tem o clima do Maraca”. Sinceramente? Discordo.
O campo poderia ficar mais perto se não houvesse a pista de atletismo, mas a disposição das cadeiras e o fato dos degraus possuírem uma inclinação mais vertical fazem que se tenha uma visão de jogo melhor que no Maraca, pelo menos se comparando o setor superior às arquibancadas. Além disso, a disposição dos refletores torna muito mais fácil para míopes como eu assistirem jogos noturnos.
Acrescentando, as 28 mil pessoas presentes fazem mais pressão no Engenhão que, por exemplo, 40 mil no Maracanã. A acústica do estádio favorece e não senti “estranhamento” da torcida por estar lá. A rotina foi praticamente a mesma de grandes noites no “Maior do Mundo”.
Acabei em um bom lugar, perto da grade e dentro de uma das organizadas do clube, a Urubuzada. Sem problema algum, ao contrário, foi legal ouvir e cantar aquelas músicas que cresci entoando nos estádios.
Duas coisas que notei: nenhuma música com palavrão – à exceção de uma evocando a clássica brincadeira da (falta de) masculinidade dos gaúchos – e respeito aos lugares onde as pessoas estavam sentadas.
Sobre o jogo em si, uma atuação razoável, mas eficiente. Mais uma vez Ronaldinho Gaúcho fez a diferença. Apesar de ainda algumas deficiências, o time tem condição de ao menos brigar por uma vaga na Libertadores.
Fim de papo, vitória – quebrando um incômodo jejum de minha parte – e a descida da rampa como nos velhos tempos, cantando e vibrando. Um ponto ruim é que tive de caminhar cerca de um quilômetro até conseguir pegar um táxi que me trouxesse de volta para casa.
A minha avaliação é que as críticas ao estádio provém muito de sua localização, no subúrbio do Rio. Em termos de estrutura não fica nada a dever ao Maracanã, sendo superior em alguns pontos – apesar de evidentes deficiências em sua concepção. Ainda assim, se estivesse localizado na Gávea todo mundo estaria elogiando.
Por meu turno, estava precisando deste “banho” de energia dos estádios que somente a torcida do Flamengo é capaz de proporcionar. Quero me organizar para levar minhas filhas no próximo sábado, no jogo contra o Coritiba.
Mas posso dizer ao leitor: frequente o Engenhão sem problema algum.

2 Replies to “Lar, Doce Lar (Rubro Negro)”

  1. O problema do Engenhão é acesso. As ruas no entorno do Estádio são apertadas e sem sinalização. Pelo projeto original da administração Cesar Maia, as ruas do entorno seriam alargadas, porém durante a sua construção isso foi retirado do projeto com a alegação de que o dinheiro havia acabado..

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