Uma notícia que acabou passando despercebida nos últimos dias, dedicados a Momo, foi a revelação pelo Wikileaks de uma série de documentos da diplomacia americana envolvendo políticos de oposição, jornalistas e diplomatas no período pré-eleitoral brasileiro.
São citados nominalmente dois jornalistas, que em suas páginas respectivamente no jornal O Globo e na revista (argh) Veja fizeram campanha aberta pelo candidato tucano José Serra: Merval Pereira (foto) e Diogo Mainardi.
O que os telegramas diplomáticos revelam é a atuação dos jornalistas citados como “garotos de recado” entre a  – naquele momento pré – campanha de Serra e a diplomacia americana. Ambos almoçaram com o cônsul norte-americano no Rio de Janeiro, levando informes de que “Marina Silva seria a candidata a vice presidente ideal”, mas que Serra confiava que Aécio seria seu candidato a vice. Na avaliação dos dois jornalistas citados, “a chapa seria imbatível.”
Outra revelação é de que o colunista de Veja chegou a ter colunas de sua autoria simplesmente ditadas pelo então pré-candidato tucano, em especial as destinadas a elevar a pressão sobre o então governador de Minas.
Merval também informou ao cônsul americano que esteve conversando com Aécio Neves no dia anterior e que este estava disposto “a dar toda sua contribuição e ajudar Serra como fosse, inclusive como vice presidente na chapa”. 
Foi exatamente o que se viu depois, não é mesmo caros leitores?
Na avaliação dos dois citados Marina Silva não desejaria ser a candidata a vice por estar empenhada em fortalecer seu nome nacionalmente, mas que poderia ser um apoio fundamental em um eventual segundo turno.
A série de telegramas também deixa claro que em caso de vitória tucana a política externa brasileira seria totalmente alinhada aos interesses norte americanos na região, de forma totalmente subserviente. Já havia falado aqui que o candidato pretendia entregar a empresas americanas a exploração do petróleo da camada pré-sal.
Entretanto, não me parece normal que dois jornalistas como os citados utilizassem-se de suas posições na grande imprensa, que tem como um de seus pilares a parcialidade, para fazer campanha aberta por um determinado candidato. Também não é adequado ver que tais jornalistas não somente participam de articulações políticas envolvendo países estrangeiros como se comportam exatamente seguindo o manual de filiados a um determinado partido político.
Na prática, são proto políticos travestidos de jornalistas, jogando no lixo o bem mais precioso de alguém que se pretende ser um veículo de informação: sua credibilidade. É um bom exemplo das relações promíscuas que existem entre certos órgãos de imprensa e a oposição brasileira, como se viu no último período eleitoral.
Só que agora com a chancela da diplomacia americana…
Complementando, o citado ‘jornalista’ de O Globo publicou um livro chamado “O Lulismo no Poder” (acima) onde em sua capa coloca uma tarja vermelha sobre o rosto do então Presidente, em uma demonstração explícita de desrespeito e desprezo pela figura do ocupante do Palácio do Planalto. Obviamente não comprei o citado – meu tempo é escasso demais para ler abobrinhas e opiniões partidárias disfarçadas em “ciência política”.
Este tipo de documento também deixa clara a necessidade de algum tipo de legislação que separe o que é notícia do que é opinião. O que mais se tem aqui no Brasil é opinião – muitas vezes com interesses inconfessáveis, como se vê neste caso – embrulhada e vendida ao público como “notícia”. Urge algum tipo de iniciativa neste sentido.

One Reply to “Wikileaks, jornalistas brasileiros e as eleições”

  1. Vc esqueceu do ancora reacinário do jornal da Globo!Ele também resolveu abaixar o rabinho para os estadunidenses.

    Outra coisa:

    Diplomacia americana não né? Estadunidense, Estado-unidense, Ianque ou no máximo norte-americana.

    Parabéns pelo artigo!

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