Estamos a pouco mais de dois meses das eleições gerais deste ano e algo que me preocupa é o fato de grande parte dos brasileiros ainda não ter definido seu voto, em especial para os cargos proporcionais.
O quadro que encontramos é a definição do voto para Presidente e, no máximo, Governador. Os cargos referentes ao Legislativo não vem encontrando ainda espaço para a divulgação de suas propostas para o grande público, o que só deve ocorrer a partir do início da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão.
Isto é preocupante. Como escrevi em tópico anterior, não adianta nada elegermos o Presidente ou o Governador de nossa preferência se ele não detém uma maioria estável no Congresso Nacional.
E, normalmente, o voto nas candidaturas proporcionais acaba sendo naquele “conhecido”, no candidato com melhor marketing ou que tem algum tipo de trabalho clientelista junto ao eleitorado. Por isso que por exemplo aqui no Rio grassam os chamados “centros sociais”, que nada mais são que forma dos deputados se manterem em evidência durante o mandato – em uma total subversão do papel legislador.
Além disso a existência destes centros acaba por deteriorar o atendimento estatal, em especial na Saúde, para forçar o cidadão a procurar este tipo de assistência. Um conceito distorcido tanto de Estado quanto do papel do legislador.
O ideal seria que viéssemos acompanhando o desempenho dos deputados e senadores durante os quatro anos de mandato. Assim teríamos uma convicção formada a quem sufragar nosso voto nas eleições.
Infelizmente não é assim que ocorre. Então o que sugiro aos meus 71 leitores é que escolham três ou quatro candidatos – preferencialmente da mesma coligação do candidato a Presidente e a Governador – e procurem, caso já exerçam mandato, observar como foi a atuação parlamentar nestes quatro anos. O Google está aí para isso mesmo.
Eu já estou com meu voto todo definido – o qual explicitarei aqui quando estiver mais perto do pleito – mas eu tenho o hábito de acompanhar o trabalho de deputados e senadores durante a Legislatura. Felizmente, voto desde 1992 e até hoje não tenho do que me arrepender dos votos que consagrei ao Legislativo – aos que foram eleitos, lógico. E isto é sinal de que, ao contrário do senso comum, há sim políticos honestos e sérios ocupando as casas legislativas.
Sugiro ao leitor também observar aqueles candidatos com o único e exclusivo objetivo de conquistar a “impunidade parlamentar”, não votando nestes.
Aqui no Rio temos um caso clássico destes, envolvendo um ex-governador com diversos problemas com a Justiça. Como todo mundo tem seus pecados, eu votei neste sujeito tanto no segundo turno de 1994 – quando ele era o “mal menor” – quanto em 1998, quando finalmente ele se elegeu.
Outro ponto que quero ressaltar – e ao qual voltarei proximamente – é que é melhor votar nulo do que consagrar um voto sem convicção. Obviamente isto não inclui o chamado “voto útil”, o qual se faz necessário em determinadas situações.
Retornarei ao tema, mas conclamo o leitor a refletir sobre aqueles que merecerão seu voto nas eleições de outubro. Depois não adianta reclamar dos políticos.