Estou em pânico, temendo o pior no fim de semana copeiro. Li anteontem, em estado de choque, a notícia de que haverá em São Paulo, numa boate cheia de salamaleques, uma festa  emo no horário de Brasil e Costa do Marfim. O detalhe: durante o horário do jogo ocorrerá a exibição de desenhos animados japoneses e um desfile de moda da estética J-Pops [alguém sabe que diabos é isso?]. Arthur Favela, tome uma providência!
Impressionadíssimo com o tal evento, fui tentar descobrir o que é, afinal, esse negócio de emo. Uma rápida consulta aos meus alunos do Ensino Médio me ensinou que emo – uma abreviação do inglês emotional hardcore – é um gênero musical, derivado de alguma coisa que eu esqueci, e passou também a designar os apreciadores desse gênero, que em geral são deprimidos, extremamente sensíveis e intelectualizados.
Já devidamente esclarecido sobre a cena emo, capaz de realizar um evento durante um jogo do escrete com desenhos japoneses e desfile de moda, consultei meu babalorixá virtual, o pai Google da Aruanda, e li o seguinte:
No Brasil, o gênero se estabeleceu sob forte influência norte-americana em meados de 2003, na cidade de São Paulo, espalhando-se para outras capitais do Sul e do Sudeste, e influenciou também uma moda caracterizada não somente pela música, mas também pelo comportamento geralmente emotivo e tolerante, e também pelo visual, que consiste em geral em trajes pretos, trajes listrados, Mad Rats (sapatos parecidos com All-Stars), cabelos coloridos e franjas caídas sobre os olhos.
Eis a razão do meu pânico: sou do tempo em que era a ema, e não o emo, que gemia no tronco do juremá e anunciava a má sorte. Tremo só de pensar na seguinte hipótese: imaginem, na horinha do jogo, esse bando de frescos – de preto, com cabelos coloridos e franjas caídas sobre os olhos – pousados nos galhos de uma árvore de  jurema, dando seus chiliques, siricoticos e  gemidos de bibas sofredoras, durante a exibição de um desenho animado japonês. É, desde então, meu mais recorrente pesadelo.
Acho que, apesar das dunguices, passaremos pela Costa do Marfim. Qualquer revés, entretanto, será por mim atribuído ao técnico do escrete e  a essa visão, que vislumbro apocalíptica, de um bando de aves agourentas no clima da moda, já que a moda é secar  a seleça, enquanto uma voz, saída das profundezas de pacha mama,  brada aos meus ouvidos com o furor de mil vuvuzelas:
O emo gemeu no tronco do juremá / o emo gemeu no tronco do juremá / o emo gemeu no tronco do juremá …
Não dormirei direito até a hora do jogo.

Abraços

9 Replies to “O GEMIDO DO EMO”

  1. Ai Lula, você nem imagina que desgraça e esta, toda vez que tem festival de ANIME nem podemos passar na rua parece um bando de loucos todos de preto, meias listrada longas até os joelhos,cabelos negros em cima do rosto grupos que fazem até mudarmos de lado na calçada.Você sabe esta programação começa as 08:00 e só termina as 20:00 ou 21:00 hs. Beijos

  2. Simão, na Dobrada haverá desfile de chinelos, bermudas e barrigas hediondas. Desenho, só os da Seleção pintados no chão da Rua. E japonês, só o titureiro do pedaço.

    Os emos, que gostam de chorar à toa, chorariam com razão se eu levasse uns dois ou três caboclos nessa balada deles.

  3. Tá vaticinado: domingo será 0 x 0!

    O Kaká é representante dos Emos na seleção.

    grande abraço do seu leitor do Piauí ( aqui essa baitolagem também já chegou)

  4. Pior que isto, só a igreja renascer, da bispa, mulher de Kaka, que vendeu milhares de camisas verde e amarela, para os irmãozinhos desfilarem na Av. Paulista.

  5. Simas, esse bando é um nojo, aqui em Campinas tem um monte deles, jogam a franja nos olhos e põe presilhinhas no cabelo, além de falar a linguagem miguxa e passar lápis nos olhos! Barbaridade! Ninguém merece. Isso é falta de uma boa coça de vassoura.
    Beijo.

  6. Estou me educando pra ser polida, mas quando eu trabalhava na LIGHT do Méier , todos os dias eu encontrava um espécime desta tribo que estudava em um colégio da rua. O infeliz tinha uma franja enorme que tapava os dois olhos e eu ficava bolada tentando entender como que o “coisinha” enxergava o caminho e torcia arduamente pra vê-lo estabacando no asfalto. Um dia o encontrei com o braço quebrado, foi quase um orgasmo !!!!!

  7. Menino só assim eu fiquei sabendo de fato o que é ou o que são esse “emos”.
    Sempre tive curiosidade mas nunca perdi meu tempo fazendo uma pesquisa. Gostei tanto do seu esclarecimento que pra mim basta. Sei o suficiente arrgh.

    Gostei do te espaço: textos bem escritos, com um toque irreverente. Goatei mesmo.

  8. Olá! Muito obrigado para este post. A coisa mais importante é que nossas crianças não discriminam os seus amigos ou colegas de escola. Meu filho tem cabelos coloridos e seus amigos discriminar. Meu filho sofre muito. Espero que as coisas vão mudar. Saudações!

Comments are closed.