Como escrevi no post anterior, ontem minha tia Diva, irmã de minha mãe, faleceu após longa enfermidade. Mas, conforme dito com muita propriedade por minha sogra, “o importante é cuidar dos vivos”, principalmente a minha mãe que é muito apegada a ela.
Entretanto, não é este o tema do post. Apenas faço o registro de que tudo na vida é efêmero, e que, um dia, seremos nós a ver a tampa de concreto baixando sobre nosso corpo imprestável.
Portanto, precisamos pensar duas vezes antes de aborrecimentos desnecessários, consumos desnecessários, vidas esbanjadas e desperdiçadas. O que fica além do espírito são o nosso nome, nossas realizações e nossos descendentes. Estes continuam a nossa missão enquanto Terra e a nós cabe renascer em outra dimensão personificados em espíritos.
Só que queria falar de outra coisa.
Hoje, durante o sepultamento, confesso que tenho um estranho hábito: o de observar as lápides que encontramos no caminho percorrido pela urna mortuária até a sua parada final. Automaticamente, faço as contas para saber com quantos anos o morador daquele túmulo fez a sua passagem.
Eu me pego imaginando como terá sido a vida daquela pessoa, e as circunstâncias da morte em especial naqueles que pereceram jovens. Nesta ocasião de hoje, duas delas me chamaram bastante a atenção, ambas jovens moças e falecidas por volta dos trinta anos de idade.
Vítimas de violência ? Doenças crônicas ? Parto ? Jamais saberemos.
Parece mórbido. E é.
Por outro lado, ultimamente os velórios tem sido ocasiões para rever pessoas que, muitas vezes, acabamos colocando em segundo plano na nossa rotina cada vez mais massacrante e com mais atividades em menos tempo. Assim como os casamentos, esta ocasião bem mais agradável que aquela.
Particularmente não gosto de longas cerimônias antes do sepultamento. Acabam se transformando em um “chá de desespero” se não tomarmos cuidado. Neste caso em especial a expressiva presença de familiares e amigos bem como de diversos Ministros da Igreja acabaram tornando o velório até agradável, obviamente levando-se em conta a circunstância nada alegre do momento.
O duro é pensar que um dia será a nossa vez de estar dentro daquela caixa em cima daquela mesa… espero que a minha vez demore uns setenta anos para acontecer. Pelo menos.
Peço até desculpas aos meus 38 leitores pelo tema, mas queria fazer estas considerações. O Ouro de Tolo também é um espaço para reflexões.

6 Replies to “Velórios, lápides e mórbidas curiosidades”

  1. caro amigo, eu vou muito pouco a velorios e enterros… não consigo, por muitas vezes, compartilhar daquelas tristezas e me sinto um pouco deslocada… mas confesso que ja fiz o mesmo que vc, essas reflexões sobre outras vidas que eli se encontravam…
    mas encaro a morte como uma passagem para um outro tipo de aprendizado e por isso não quero enterros nem velorios quando eu passar…

  2. Não sabia sobre sua tia. Não estava bem, tive uma febre pra lá de alta e namorada ficou cuidando de mim. Bráulio não me avisou.

    Mas você está certo e foi uma coisa que me descuidei muito quando aconteceu com meu pai. É hora de cuidar dos vivos.

  3. Caramba…tenho o mesmo “passatempo” do Migão quando vou aos cemitérios. Fico olhando as fotos nas tumbas, imaginando as idades, como foram suas vidas, do que morreram, etc. Gente que pode ter sido muito relevante mas hoje ninguém mais sabe quem é. Viramos todos poeiras. Cedo ou tarde. De resto não me incomodo muito com minha morte. Não sou do tipo que goste tanto assim de viver.

Comments are closed.