Não tenho o hábito de assistir ao Jornal Nacional. Aliás, ultimamente só assisto à Globo em eventos que haja monopólio (i.e., Fórmula 1, por exemplo).

Entretanto, ontem estava jantando e a minha esposa estava com a televisão ligada na emissora em questão.
Apareceu primeiro uma matéria falando das enchentes em São Paulo e outra sobre os buracos nas ruas da capital do Estado, que causaram a morte de um motociclista. Nos dois casos, não houve quaisquer referências ao governador do estado e ao prefeito da capital – ambos da coligação PSDB/DEM.
Logo depois, enchentes em Minas Gerais. Nem um pio sobre o governador Aécio Neves (PSDB).
Segue o telejornal. Aparecem quase que em sequência duas matérias, uma sobre tratamento de viciados e a segunda, sobre a questão da segurança pública do Rio.
Pois é. Nos dois casos, a ênfase dada pelas matérias é na responsabilidade do governo federal – a culpa é do Lula. Ressalto que, em especial no primeiro caso, a ação exigida é muito mais do Judiciário que do Executivo.
Traduzindo: dois pesos e duas medidas. Se é “um dos nossos”, defendemos. Para os inimigos, o peso da notícia – ainda que seja “transformada” e “adequada” aos interesses da instituição.
Manipulação pura.
Não sou jornalista nem teórico no assunto, mas a meu ver o papel do jornalismo é, em primeiro lugar, informar. A notícia, pura e simplesmente, não “adaptada”. Por outro lado, não dá para um concessão estatal ter a maioria esmagadora da audiência e, ainda por cima, não prestar contas disso.
Talvez fosse necessário algum tipo de medida a fim de limitar este monopólio das informações. Não sei se uma lei ao estilo de Venezuela ou Argentina serviria, mas que algo tem de ser negociado, tem.
Nos países europeus há regulamentos limitando o alcance dos meios de comunicação de massa. Não conheço muito sobre estes, mas penso que poderiam ser um guia. Do jeito que está é que não pode ficar.
A emissora foi transformada em um partido político de oposição – o mais poderoso destes. Uma espécie de Fox News brasileira.
2010 vai ser longo…
P.S. – Eu tenho o livro lançado recentemente contando como é feito o telejornal. Ainda não li, mas depois dessa passa a ser uma das prioridades de leitura.

6 Replies to “Dois pesos e duas medidas”

  1. Assim como quando tem enchentes no Rio, nao citam Dudu Paes ou Serginho Cabral.

    Sobre as drogas, infelizmente o Sr. Tarso Genro mostrou ser incompetente. É inadmissível que o consumo de crack no Rio tenha sido 542% maior. Idem para a questao da segurança pública: Lulla-lá faz confete com investimentos e Beltramão põe a boca no trombone.

    O que sabe o Sr. Tarso Genro de Justiça? O que entende de Segurança Pública? Está ocupando esse cargo pq foi presidente do PT e segurou a peteca do partido na hora que o mal-cheiro do mensalão começou a feder nas entranhas do petismo.

    Enquanto isso, Dilmão cabula trabalho em Brasilia e vai pro interior de SP inaugurar estádio de futebol.

    PS – Não estou nem citando o PAC, que virou programa de proteção a traficante: onde ha tráfico, o PAC não entra. E se entra, traficante indica quem trabalha lá.

    Viva o Brasil-sil-sil!

  2. Fabrício, não estou questionando nem isso: estou questionando o tratamento desigual dado pela emissora em questão.

    Normalmente, o Ministro da Justiça pode ter dois perfis: um político ou outro jurídico.

  3. O Brasil precisa de ministérios especializados, com gente que entende do riscado e não de cargos políticos, atendendo PMDB, PP ou afins.

    Precisa de uma reforma urgente (pra anteontem) no Judiciario, pra reformular o sistema penal (totalmente ultrapassad) e punir não só o traficante, mas principalmente o USUÁRIO de drogas – que é quem financia o crime organizado.

  4. Tem que parar de passar mão na cabecinha do usuário de drogas e PUNÍ-LO exemplarmente. Aí a coisa vai começar a melhorar. Sem usuário, o traficante vai sumir.

  5. Fabrício, não escrevi ainda aqui sobre esta questão das drogas porque, decididamente, não tenho opinião formada.

    Só acho que é contraproducente você prender usuário e misturá-los com traficantes. Na prática, irão se transformar em traficantes muito mais perigosos ao cursar a “universidade do crime” nos presídios.

    Luiz, obrigado.

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