Pouca gente sabe, mas também faço parte de uma minoria: a dos canhotos.

Somos aproximadamente dez por cento da população brasileira, e uma das minorias mais discriminadas aqui. Não temos nenhuma voz na imprensa a nos defender, e temos de nos adaptar a toda uma sociedade dirigida por destros, para destros e a serviço destes.

Você que é canhoto sabe o que estou falando: tarefas simples como manusear uma tesoura, abrir uma lata ou uma fechadura, utilizar um caderno ou uma mesa em sala de aula se tornam verdadeiros suplícios.

O mouse do computador pode ser alterado, mas é mais uma dor de cabeça.

Isso sem contar aqueles produtos que poderiam ser ambidestros, mas não o são: um bom exemplo é a jarra da cafeteria que temos na casa de Praia Seca. O bico para escoar o café é de um jeito tal que eu necessito de um verdadeiro contorcionismo para colocar o café na garrafa térmica sem fazer uma grande lambança.

Entretanto, como ninguém olha pelos canhotos, até pela pecha de “malditos” que cerca os mesmos – em outras culturas é sinônimo do “coisa ruim” e em italiano, por exemplo, é designado pela palavra “sinistro” – temos de simplesmente nos adaptar.

Por outro lado somos associados à criatividade, a inteligência e ao pensar “fora da caixa”. Canhotos são diferentes, para o bem e para o mal.

Estamos bem acompanhados: Machado de Assis (foto), Pelé, Maradona, Ayrton Senna, Bill Clinton, Jimi Hendrix, Leonardo da Vinci, Bill Gates, Bob Dylan, Fidel Castro, Hugo Chávez, Tom Cruise, Isaac Newton, Pablo Picasso, Paul Simon e Albert Einstein, por exemplo. Nada mal.

Por isso, canhoto amigo, saiba que você é especial. Mas é discriminado e faz parte de uma minoria. Deveríamos lutar pelos nossos direitos, a começar pela maior disseminação de produtos especiais para canhotos.

Este blog é um blog canhoto, não somente por seu dono, mas por seus textos. Seja especial, seja diferente, seja inteligente.


Escrito por: Pedro Migão em 22 de junho de 2009.

16 Replies to “Sou canhoto, e sou discriminado”

  1. Grande Migão , meu filhote o Luiz Guilherme, é canhoto para jogar bola e algumas outras atividades, para outras ele se vira com a direita também, mas para jogar futebol só mata a bola e chuta de canhota , mas para comer ele usa as duas, é malandro o moleque, pois já antevendo a discriminação , caso ele tenha futuro como jogador de futebol, sabe que os canhotos sao mais habilidosos e podem usufruir de mais benesses dos cartolas, huaaaaaaaaaaaaaaaa.

    Sds

    Mundy

  2. ah beleza só o “ouro de tolo” mesmo pra lembrar de nossa classe rsrsrs

    tambem sou canhoto, cansei de ser zuado no colegio e na faculdade diziam que eu escrevia de cabeça pra baixo praticamente rsrsrsrs

    passei muito perrengue em concursos publicos onde nao haviam cadeiras pra canhotos rsrsrs

    mas gosto de ser canhoto, de ser diferente curto isso

    bola dentro do blog

    Mauricio Poeta

  4. Lembro de na minha tenra infância, lá pelos 10,11 anos, fazer de um tudo pra dita mão esquerda escrever tão facilmente quanto a direita. Agora de grande, a única coisa que eu faço com esquerda é carpi.

  6. hahaha boa, migão!!
    .
    Sou uma ” normal” que sempre lembra de exercitar o lado esquerdo.
    .
    Coisas do cotidiano, afazeres triviais como levar a bolsa no ombro esquerdo, escrever os recados (aqueles curtinhos), pegar minha cachorra no colo, escovar os dentes ( esse aí, daí fica demorado)….
    .
    Mas fica o registro, sempre que posso, lembro da minha ala esquerda…tudo pela democracia…rsrsrs

  9. Carpir é tirar o mato, cavar a terra usando uma enxada, como fala carpi aí no Rio?rss
    .
    E no meu último comentário ao dizer que só sei carpi com a esquerda, é o mesmo que fazer nada coma mão esquerda. Meu esquerdo é manco mesmo. :-)

  10. Carpi aqui no Rio é sinônimo de “capinar”.

    Ainda bem que você esclareceu, porque eu não estava conseguindo imaginar você morena e linda com uma enxada nas mãos…

    Sei que é puro preconceito, mas é a verdade.

  11. Cap-inar é o que faço na condição de atleticana, né Migão.
    .
    ps: por muito pouco não fiz ciências agrárias porque qualquer exercício que não inclua o ser humano me motiva. Sem querer parecer ranheta,rss

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