Depois de quase três décadas, finalmente o sambódromo do Rio de Janeiro passou a refletir o projeto original do arquiteto Oscar Niemeyer. Ou seja, com setores de arquibancada passando a ocupar o espaço anteriormente destinado aos camarotes, o antigo setor 2. Foram nove meses de reforma (completada às vésperas dos desfiles) e, ao fim dos trabalhos, o sambódromo estava “espelhado”, o que tornou ainda mais imponente o espaço – os camarotes daquele lado da passarela passaram para baixo dos novos setores de arquibancada.

sambodromo2012O regulamento também recebeu, digamos, sua “reforma”: o número de julgadores diminuiu de cinco para quatro por quesito, e apenas a menor nota passaria a ser descartada. Era a eterna busca por resultados mais justos. Pelo menos teoricamente…

A campeã de 2011 Beija-Flor de Nilópolis voltou a escolher um “enredo CEP” e desta vez a capital homenageada seria São Luís do Maranhão. Já a Unidos da Tijuca teria uma temática diferente em relação aos anos anteriores e faria uma homenagem ao centenário de Luiz Gonzaga. A Estação Primeira de Mangueira também lembraria uma efeméride, no caso o cinquentenário do bloco Cacique de Ramos.

A Unidos de Vila Isabel teria como enredo Angola (com o melhor samba do ano, do craque André Diniz e parceiros), enquanto o Salgueiro levaria para a Sapucaí a literatura de cordel. A Imperatriz Leopoldinense homenagearia o escritor Jorge Amado, e a Mocidade Independente de Padre Miguel prestaria um tributo a Cândido Portinari.

Já a Unidos do Porto da Pedra foi alvo de críticas por escolher como enredo o iogurte – patrocinado, claro. A São Clemente, ao contrário, foi elogiada por escolher os grandes musicais como tema. A Acadêmicos do Grande Rio, depois de sofrer com o incêndio de 2011, apostaria as fichas na superação como enredo.

A União da Ilha, com enredo associando Londres e Rio, sedes olímpicas de 2012 e 2016, escolheu um samba-enredo – fruto de uma junção polêmica – que tinha como um dos compositores o nosso colunista Aloisio Villar. Outro homenageado seria o pintor Romero Britto, pela emergente Renascer de Jacarepaguá.

A Portela merece uma apresentação especial. A escola optou por um enredo sobre as festas da Bahia e a escolha do samba-enredo foi um enorme acerto: a obra poética de Wanderley Monteiro, Luis Carlos Máximo, Toninho Nascimento e Naldo, com três refrões e uma letra envolvente, foi levantado pelos segmentos da escola nas eliminatórias após forte campanha na internet e conquistou uma grande vitória. Seria o começo do ressurgimento da Águia, que culminou com os terceiros lugares de 2014 e 2016 e, finalmente, o título de 2017.

OS DESFILES

A Renascer começou os desfiles de forma agradável na homenagem a Romero Britto, com o enredo “O Artista da Alegria dá o Tom na Folia”. A escola de Jacarepaguá mostrou as origens do pintor pernambucano, a ida para os Estados Unidos e a consagração como artista.

O estilo de Romero, inspirado em Salvador Dalí, foi mostrado com muito colorido e alegorias que reproduziram obras do artista em esculturas, mas houve alguns problemas de acabamento.

O samba-enredo era apenas razoável e não empolgou, mas os componentes passaram com alegria e o enredo foi dividido com coerência. Pelo menos teoricamente, era possível escapar do descenso.

portela2012A Portela foi a segunda escola a desfilar e encantou o público ao fazer uma exibição de muito samba no pé com o enredo “É o povo na rua cantando. É feito uma reza, um ritual…”. O samba-enredo rendeu maravilhosamente bem, e a Tabajara do Samba impôs um ótimo andamento (com o reforço de alguns atabaques), o que proporcionou um bom desfile no quesito Harmonia. Já a cantora Vanessa da Mata representou Clara Nunes e estava bem caracterizada – a saudosa cantora, segundo o enredo, conduzia a Portela à Bahia para a escola conhecer as festas do estado.

Desta vez a águia veio dourada, em tripé após a comissão de frente, que representou os rituais africanos e teve o ator Milton Gonçalves vestido como um babalorixá. O abre-alas representou a Igreja do Senhor do Bonfim e tinha 150 mil fitas originais abençoadas pelo padre da igreja símbolo de Salvador. Noutra alegoria havia uma enorme figura de Oxóssi, com três metros de altura – o orixá é sincretizado no Brasil com São Sebastião, padroeiro do Rio e da Portela.

A festa de São João foi representada num carro que tinha uma enorme escultura de sanfoneiro com o rosto de Gilberto Gil. Já a alegoria “Festa das Águas, como se saúda a rainha do mar” homenageou Iemanjá e quase não entrou na pista devido a problemas no eixo. Já o elemento “O canto dessa cidade é meu” representava a música, com muito colorido, uma representação do Pelourinho e as presenças do grupo Timbalada e da cantora Daniela Mercury.

Apesar da boa divisão do enredo por parte do carnavalesco Paulo Menezes e da boa concepção das alegorias, houve problemas de acabamento, por falta de recursos – apesar do patrocínio do governo da Bahia ao enredo. As fantasias também não estavam no mais alto nível – como lembrou o Migão em post da época, os figurinos estavam aquém em relação aos protótipos. Isso certamente custaria caro na apuração.

Sem sobressaltos visíveis de evolução, a Portela deixou a pista com a missão cumprida, mas poderia ter feito um desfile ainda melhor não fossem os problemas estéticos decorrentes da gestão equivocada de seus recursos. De qualquer forma, uma vaga no Desfile das Campeãs era uma boa possibilidade.

A Imperatriz Leopoldinense fez uma bonita homenagem ao escritor Jorge Amado, mas teve um desfile repleto de problemas, principalmente nos carros alegóricos, que atravancaram a evolução e comprometeram o conjunto e a avaliação do quesito enredo, já que algumas alas foram invertidas. De qualquer forma, foi uma bonita apresentação.

Especial Domingo 2012 094Na comissão de frente, a Imperatriz simbolizou a obra “Capitães de Areia”, uma das mais famosas de Jorge Amado – havia um interessante tripé representando um carrossel. O bonito abre-alas era acoplado e prateado, representando “O mar de Yemanjá e a coroa de Oxalá”. Mas a linda alegoria que representava a Igreja do Bonfim travou na entrada do sambódromo e as alas tiveram de passar espremidas enquanto empurradores tentavam desempacar o elemento.

Os demais carros representaram a formação do escritor e as coisas típicas da Bahia, além, claro, dos livros mais famosos de Jorge, como no quinto elemento, chamado “Crônicas de uma cidade do interior”, com esculturas de personagens como Quincas Berro D’Água, Gabriela e Dona Flor. Mas o carro sobre o Pelourinho teve problemas na estrutura de uma das casas que representavam o local – um dos destaques foi tirado do carro para que fosse evitado um acidente.

O samba-enredo era bonito, e a bateria de Mestre Noca (substituto de Marcone, afastado na fase pré-carnavalesca e morto meses depois do desfile) impôs bom andamento, mas não houve aquela empolgação por parte dos componentes. Diante dos inúmeros problemas, os acertos do desfile acabaram ofuscados, e a escola provavelmente sofreria na apuração.

Especial Domingo 2012 111Quarta escola na avenida, a Mocidade Independente de Padre Miguel também alternou momentos de beleza inegável com problemas. O enredo “Por Ti, Portinari, rompendo a tela, a realidade”, do carnavalesco Alexandre Louzada, foi bem apresentado, mas o bonito e prateado abre-alas, que tinha uma escultura de Portinari com belos movimentos reproduzindo o artista pintando (abaixo), empacou na dispersão, o que atravancou a evolução da escola.

Pena, porque os elementos alegóricos que representaram as obras do pintor, embora menores do que os de outras escolas, transmitiam com correção a ideia do enredo, e as alas estavam multicoloridas, o que estava perfeitamente adequado. A bateria, que apresentou andamento mais “pra trás”, estava fantasiada de pinceis de diversas cores, num efeito maravilhoso.

Assim como no caso da Imperatriz, o samba-enredo, apesar de muito bonito e bem cantado por Luizinho Andanças, não animou tanto o público e componentes. Com isso e os problemas de evolução já citados o resultado na apuração seria comprometido. Mas no conjunto da obra, a Mocidade passou melhor do que a outra Verde e Branco.

Criticada pela escolha do enredo, a Unidos do Porto da Pedra até que fez uma apresentação mais agradável do que se esperava com o enredo “Da Seiva Materna ao Equilíbrio da Vida”. Mas o enredo, que na teoria seria sobre o iogurte, teve a maior parte do desfile falando de leite.

Especial Domingo 2012 153Até que a escola passou com animação, e as fantasias e alegorias não comprometeram. A bateria do Mestre Thiago Diogo foi o destaque absoluto do desfile e deu molho a um pavoroso samba (alterado para tirar os “merchans” da Danone, patrocinadora do enredo) que teve Wander Pires na condução.

Não foi um desfile com grandes problemas, apesar dos altos e baixos, e havia esperanças para a escola de São Gonçalo escapar de um rebaixamento que era dado como certo antes do Carnaval.

beijaflor2012bA campeã Beija-Flor de Nilópolis fez uma grandiosa, mas fria apresentação. O enredo “São Luís – O Poema Encantado do Maranhão” teve um samba-enredo longo e que não era dos mais empolgantes. Além disso, o visual da escola estava pesado, e houve problemas de evolução, sobretudo na comissão de frente, que representou uma enorme serpente e fez uma apresentação lenta. A escola ainda seria punida com um décimo por não ter apresentado sua comissão ao Setor 3, como exigia o regulamento.

A Beija-Flor abordou as lendas de São Luís como a da Manguda e Ana Jansen, mas com algumas figuras de monstros em alegorias grandiosas e bem acabadas. Um elemento que causou bom impacto foi o do navio negreiro, já que os negros africanos foram levados para o local numa viagem sofrida retratada na coreografia dos destaques.

Já as fantasias, mesmo com cores pesadas, estavam com muito bom acabamento e passavam o enredo com correção. Diversos maranhenses conhecidos participaram do desfile, como a cantora Alcione e a governadora Roseana Sarney, já que o estado do Maranhão patrocinou a e escola – reza a lenda que em R$ 2 milhões.

Mas o momento que mais agradou no desfile foi a homenagem ao maranhense Joãosinho Trinta. Uma alegoria representava o Cristo mendigo (coberto) levado para a Sapucaí pela própria Beija-Flor em 1989. Já na avenida, a escola descobriu a estátua, que na verdade era do próprio carnavalesco, morto meses antes do desfile. Um tributo justíssimo e emocionante!

No entanto, o penúltimo carro alegórico, que homenageou importantes nomes maranhenses como Ferreira Gullar e Gonçalves Dias, teve problemas para entrar na pista, o que causou buracos na evolução. Apesar disso, a escola não teve risco de estourar os 82 minutos regulamentares. De qualquer forma, a Beija-Flor não deixou impressão de título apesar do correto desfile.

vila2012cPor outro lado, a Unidos de Vila Isabel fez uma excelente apresentação e se credenciou como candidata ao campeonato; na verdade foi a única escola que deixou algum favoritismo no ar após o desfile de domingo. Com o bom trabalho da carnavalesca Rosa Magalhães no desenvolvimento do enredo “Você Semba Lá… Que Eu Sambo Cá! O Canto Livre de Angola” (apesar de alegorias um tanto quanto tímidas talvez por questões financeiras), a Vila exaltou o país africano com categoria.

O desfile começou com uma comissão de frente que representava a savana africana e cujos componentes faziam coreografia simbolizando o movimento dos animais em meio a um tripé que retratava maravilhosamente bem a vegetação. No meio da apresentação, o elemento se transformava num rinoceronte, animal típico da região. Fabuloso!

vila2012O interessante abre-alas articulado mostrava as espécies de animais da África, com zebras, jacarés e girafas. O também impecável segundo elemento, chamado “Imbodeiro, a árvore da vida” mostrou o Imbodeiro, típica árvore angolana que estava coberta com as peles dos animais da região. Já a formação do povo angolano foi retratada no carro “No Reino da Rainha Njinga”, com esculturas de negros e muita palha no acabamento.

Agradou também o carro que representava o navio negreiro que transportou os africanos que seriam feitos escravos no Brasil. Esse quadro do desfile foi o melhor do desfile, pois estava impecavelmente fantasiado e retratou com muita clareza e coerência a miscigenação que formou o povo brasileiro e a resistência dos negros contra os abusos na nossa terra. O carro “A Festa do Divino” mostrou com as festas e cultos religiosos trazidos pelos africanos para o país.

Outro ótimo quadro do desfile foi o que mostrou a relação entre Brasil e Angola, já que o nosso samba teve a influência do semba, ritmo angolano. Aliás, o excelente samba-enredo dizia no refrão principal: “Semba de lá / Que eu sambo de cá”. No último carro alegórico, os integrantes da velha guarda estavam vestidos com as típicas roupas de Angola, e Martinho da Vila foi o principal destaque, eleito embaixador cultural de Angola antes de a independência do país ser reconhecida pelo Brasil. Ressalve-se que algumas das alegorias, sobretudo nos setores finais do desfile, tinham problemas de acabamento. Restava ver se isso pesaria na apuração.
vila2012bOutro trecho do samba dizia “Incorpora outra vez Kizomba”, numa referência ao histórico desfile de 1988. Não, a Vila não igualou a catarse de 24 anos antes, mas, para muitos, fez o melhor desfile de 2012, pela clareza com a qual o enredo foi desenvolvido, e a riqueza de seu samba-enredo. E ainda por cima, a Vila foi perfeita tanto em Harmonia como Evolução. Foi um belo amanhecer de segunda-feira de Carnaval.

saoclemente2012Coube à São Clemente abrir os desfiles de segunda-feira, e a escola da Zona Sul fez um desfile agradável com o enredo “Uma Aventura Musical na Sapucaí”, sobre os diversos musicais que encantam os teatros mundo afora.

O samba-enredo era irreverente como a cara da escola e foi muito bem cantado pelos componentes, além de ter tido ótima interpretação do cantor Igor Sorriso, que começava a ganhar destaque no Carnaval carioca. O refrão principal com o verso “Tem bububu no bobobó” funcionou como uma luva, apesar das críticas na fase pré-carnavalesca.

A bateria esteve muito ousada, com diversas convenções e paradinhas diferentes. Havia um verso do samba que dizia “O violino anuncia / Vem viajar na magia” no qual a bateria parava de tocar e se ouvia um violino acompanhando os cantores.

Plasticamente a escola esteve melhor do que no ano anterior, com muita criatividade nos elementos que simbolizavam os teatros, as peças e os concertos. Teve bom efeito o elemento que representou “O Mágico de Oz” e de um enorme boneco inflável de uma mulata, que se movimentava naturalmente como num gingado.

A São Clemente não deixou a menor impressão de risco de rebaixamento, embora uma vaga no Desfile das Campeãs fosse ainda um sonho distante. Mas a escola não enfrentou problemas de Harmonia e Evolução, ao contrário de outras agremiações.

A União da Ilha foi a segunda escola a desfilar e teve uma apresentação de altos e baixos. Menos pela bateria ou pelo samba-enredo, apesar da irregularidade na Harmonia. Mas a mistura entre Brasil e Inglaterra acabou um tanto confusa no fim das contas, até porque sobrou Londres e faltou Rio.

O enredo “De Londres ao Rio: Era uma vez… Uma Ilha” associava as duas cidades que seriam sedes das Olimpíadas de 2012 e 2016. Alegorias e fantasias eram muito bonitas e retratavam os aspectos típicos da capital britânica. Mas houve problemas, como na última alegoria, com um painel de led representando a tocha olímpica, mas que passou apagado.

Especial Segunda 2012 079O que acabou soando estranho para o conjunto geral do enredo foi a citação um tanto exagerada a personagens britânicos como Sherlock Holmes, Harry Potter, The Beatles e Alice (do livro Alice no País das Maravilhas). Tudo bem que estava na proposta do enredo, mas me pareceu algo que poderia ter sido evitado. A Harmonia também foi prejudicada por algumas falhas e pela concentração um tanto quanto desorganizada, como por exemplo a vista na Ala dos Compositores: nem todos os componentes tinham as bandeiras que faziam parte da fantasia (foto).

De qualquer forma, foi um bonito e leve desfile, com o jeito da escola. Agradou o tripé em forma de grade de palácio com a inscrição Ilha, que lembrava a inscrição Domingo, do clássico e histórico desfile de 1977. Foi uma apresentação de meio de tabela.

salgueiro2012cPor outro lado, uma mistura que deu certíssimo foi de forró e samba no enredo “Cordel Branco e Encarnado”, sobre a literatura de cordel e a cultura do Nordeste. O Salgueiro fez um dos melhores desfiles do ano e estava de volta à briga pelo título.

Depois do lamentável desfile de 2011, no qual o Salgueiro tinha grandes chances de ganhar o campeonato, mas sofreu com problemas nas alegorias e uma punição por estouro de cronometragem, novamente houve problemas com a entrada dos carros alegóricos na pista, o que assustou seus torcedores no começo da passagem da escola – inclusive gerando um pequeno buraco no início do desfile, em frente ao Setor 3.

salgueiro2012bMas logo isso foi superado e o Salgueiro empolgou com um samba-enredo agradável e a inspirada bateria de Mestre Marcão, com bossas muito interessantes, uma delas em ritmo de forró no trecho “Oh meu ‘padinho’, venha me abençoar / Meu santo é forte, desse ‘cão’ vai me apartar”.

Alguns pontos altos foram a fantasia de Maria Bonita da ala das baianas e a alegoria que representava o “Pavão Misterioso”, com diversas engrenagens, bandeirinhas e entalhes que representavam rendas brancas. O abre-alas, que mostrava a cultura nordestina numa riqueza de detalhes impressionante, também causou excelente impacto.

O Salgueiro deixou a pista com ótimas possibilidades para a apuração, até porque, apesar do início complicado, não se repetiram os problemas graves de 2011. No entanto, para a maioria dos críticos, a Vila Isabel foi superior no conjunto da obra. Nada que deslustre mais um espetáculo proporcionado por Renato Lage e Márcia Lávia, além dos desfilantes, claro.

mangueira2012Já a Estação Primeira de Mangueira teve um desfile um tanto caótico na defesa do enredo “Vou Festejar! Sou Cacique, Sou Mangueira”, sobre os 50 anos do Cacique de Ramos. Não faltou empolgação, e o enredo foi dividido com coerência pelo carnavalesco Cid Carvalho.

Mas havia problemas de acabamento nas alegorias, em princípio por falta de recursos pelo fato de o enredo não ser patrocinado. Além disso, a propagada paradona da bateria e a mesa de pagode que puxava o samba em algumas passadas acabaram gerando atravessamento no canto da escola.

Na teoria, a ideia era interessante, já que o intérprete Luizito, acompanhado por cantores como Alcione, Dudu Nobre, Sombrinha, Xande de Pilares, entre outros, se revezaria com o carro de som (que tinha Zé Paulo, Ciganerey e Vadinho Freire) num elemento que representava uma mesa de pagode. Mas não havia amplificação do áudio deste segundo carro em toda a passarela, e houve problemas na Harmonia, já que componentes e espectadores pensaram que havia problemas no sistema de som da passarela – veja mais no Cantinho do Editor.

Já a paradona da bateria, que durava uma passada completa, agradou ao público, mas também não foi eficaz para o canto da escola. De qualquer forma, as convenções e bossas da bateria de Mestre Ailton Nunes empolgaram como no desfile de 2011.

Além disso, o samba-enredo, que foi executado num tom mais acima (e mais animado) no CD, passou num tom claramente mais baixo na avenida. Diante desses problemas, a Verde e Rosa provavelmente ficaria do meio para trás na tabela.

tijuca2012Depois de ter sido criticado em 2011 pelo desenvolvimento que impôs ao enredo sobre os filmes de terror, o carnavalesco Paulo Barros adotou uma abordagem mais conservadora no enredo “O dia em que toda a realeza desembarcou na Avenida para coroar o Rei Luiz do Sertão”, um tributo a Luiz Gonzaga. Com isso, a Unidos da Tijuca fez uma boa exibição e se colocou entre as boas escolas do ano.

tijuca2012bA comissão de frente estava interessante, com os componentes fazendo coreografias ousadas num tripé em formato de sanfona. Segundo o enredo, Gonzagão era coroado o Rei do Sertão e isso foi simbolizado no bonito abre-alas, chamado “Desembarque real”, no qual uma corte com reis e rainhas de vários países chegando para a festa de coroação. Entre os reis, Elvis Presley (rock), Michael Jackson (pop) e D.João VI.

Duas alegorias chamaram mais a atenção, a que representava os bonecos de barro de Mestre Vitalino, e a que simbolizava as festas juninas, com muito colorido e bom gosto. Falando nisso, as fantasias estavam bastante de acordo com o enredo, com muitos cangaceiros e trajes típicos nordestinos.

A escola encerrou o desfile com uma alegoria representando “Asa Branca”, um dos maiores sucessos de Luiz Gonzaga, com três enormes bolos com rádios – e problemas de acabamento – que representavam o sucesso que o cantor e compositor fez por todo o Brasil. Participaram do desfile Rosinha, única filha viva de Gonzagão, e Daniel, filho de Gonzaguinha.tijuca2012c

O samba-enredo era superior aos dos anos anteriores, embora não fosse brilhante, e funcionou para a harmonia da escola. Assim como aconteceu com o Salgueiro, Mestre Casagrande imprimiu à bateria bossas no estilo do forró e foi bem sucedido. A escola deixou a pista firme na briga pelos primeiros lugares com Vila Isabel e Salgueiro, embora numa posição sem a força ou o favoritismo vistos em 2010.

Especial Segunda 2012 190Última escola a entrar na passarela, a Acadêmicos do Grande Rio fez uma passagem bastante digna. O enredo “Eu Acredito em Você! E Você? (Histórias de Superação)”, do carnavalesco Cahê Rodrigues, queria passar uma imagem de positividade após o desastre vivido pela escola em 2011 com o incêndio na Cidade do Samba. Mas no fim das contas, o enredo não rendeu tanto como poderia.

Com alegorias bem acabadas, mas que não conseguiam passar com clareza a proposta da escola, já que o enredo era de difícil carnavalização, a escola emocionou na passagem do velejador Lars Grael, que perdeu uma perna num acidente. Mas carros como o das cadeiras de rodas (abaixo) e o próprio tripé em que estava o velejador destoavam e não foram esteticamente bem resolvidos.

O samba-enredo não era dos mais cotados, e os componentes não passaram com a animação que se espera de uma escola forte como a Grande Rio. Já a bateria de Mestre Ciça teve um andamento mais cadenciado do que o normal e foi perfeita nas bossas e paradinhas. Vale destacar que a agremiação da Baixada conseguiu segurar o público do sambódromo até o fim.

REPERCUSSÃO E APURAÇÃO

Terminados os desfiles, as escolas da Grande Tijuca foram consideradas as favoritas ao campeonato, mas sem que Tijuca, Vila Isabel ou Salgueiro fossem apontadas com alguma grande vantagem. Ou seja, seria uma apuração muito equilibrada. Mas a Vila parecia um pouco à frente, pois levou seis prêmios do Estandarte de Ouro, entre eles os de Melhor Escola, Melhor Samba e Melhor Enredo.

Com o descarte apenas da pior nota em cada quesito, a apuração teve uma disputa muito acirrada entre as três escolas. Tijuca e Vila dividiram a liderança até o quinto quesito (Alegorias e Adereços), no qual ambas as agremiações foram despontuadas, a Azul e Amarelo em 0,1 e a Azul e Branco, em 0,3. Naquele momento, o Salgueiro, que havia perdido pontos em dois quesitos, ficou a apenas 0,1 da Tijuca.

No fim as duas escolas perderam mais 0,1 e a apuração terminou com 299,9 pontos da Tijuca contra 299,7 do Salgueiro. A Vila, que perdeu mais 0,2 em Bateria, ficou na terceira colocação, com a Beija-Flor acabou em quarto, seguida por Grande Rio e a Portela, que não fosse pelos décimos perdidos (com justiça) nos quesitos plásticos, poderia ter acabado pelo menos em quarto.

Já a São Clemente foi a grande injustiçada da apuração, pois deveria ter acabado mais próxima à zona do Desfile das Campeãs, mas terminou só em 11º. Acabaram rebaixadas a Unidos do Porto da Pedra e a Renascer de Jacarepaguá.

RESULTADO FINAL

POS. ESCOLA PONTOS
Unidos da Tijuca 299,9
Acadêmicos do Salgueiro 299,7
Unidos de Vila Isabel 299,5
Beija-Flor de Nilópolis 298,9
Acadêmicos do Grande Rio 298,3
Portela 297,2
Estação Primeira de Mangueira 297
União da Ilha do Governador 296,2
Mocidade Independente de Padre Miguel 295,8
10º Imperatriz Leopoldinense 295
11º São Clemente 294,7
12º Unidos do Porto da Pedra 291,7 (rebaixada)
13º Renascer de Jacarepaguá 290,2 (rebaixada)

Surpreendeu muito – para dizer o mínimo e ser bem generoso – a vitória da Inocentes de Belford Roxo no Grupo de Acesso A, no qual, por baixo, Viradouro, Império Serrano (principalmente) e Cubango fizeram apresentações superiores.

Na polêmica apuração, um jurado deixou de dar notas a quatro escolas no quesito Enredo, e outro não deu notas a uma escola no quesito Mestre-Sala e Porta-Bandeira – veja mais no Cantinho do Editor. Pelo regulamento, quando a escola que ficasse sem alguma nota teria a sua melhor avaliação duplicada. No fim, também não houve rebaixamento, o que criaria o terreno para a criação da Série Ouro em 2013 e o fim da Lesga – veja no próximo texto da série.

A Caprichosos de Pilares venceu com facilidade o Grupo B, que teve seu último desfile nestes moldes na terça feira de Carnaval. Era outro resultado com polêmica anunciada antes do desfile, mas a escola de Pilares colocou o chicote na mão e não deixou qualquer dúvida após sua passagem. A se lamentar o rebaixamento do Arranco para a Intendente Magalhães.

CURIOSIDADES

– Depois de uma participação tímida em 2011, Jorge Perlingeiro anunciou todos os sambas-enredo no CD de 2012. No início de cada faixa, ele dizia frases como “Com sua exuberância e a força de sua comunidade, vem aí a campeoníssima do Carnaval de 2011, a Beija-Flor de Nilópolis! Canta Neguinho da Beija-Flor! Só se for agora!” ou “A Imperatriz Leopoldinense homenageia Jorge, amado Jorge… Intérprete: Dominguinhos do Estácio!”.

– A Mangueira fez um verdadeiro “We are the world” para divulgar o empolgante samba-enredo em homenagem ao Cacique de Ramos e chamou grandes nomes do samba para cantarem trechos da obra que seria levada para a Sapucaí. Além dos intérpretes Zé Paulo, Luizito, Ciganerey e Vadinho Freire (que fim deu?), participaram da gravação Xande de Pilares, Sombrinha, Dudu Nobre, Beth Carvalho e Jorge Aragão.

– A Unidos do Porto da Pedra foi rebaixada depois de 11 participações consecutivas no Grupo Especial (isso sem falar as três entre 1996 e 1998 e ainda outra em 2000). Em 15 desfiles, ela teve como melhor resultado um quinto lugar (1997); além disso, ela terminou um desfile em sétimo (2005), um em oitavo (2011), um em nono (1996), três em décimo (2007, 2009 e 2010), quatro em 11º (2002, 2003,2004 e 2008), dois em 12º (2006 e 2012) e dois em 14º (1998 e 2000). Hoje a escola de São Gonçalo está na Série A.

– O ano de 2012 foi simplesmente terrível para algumas tradicionais agremiações que chegaram a desfilar na elite. Na pista, o Arranco do Engenho de Dentro foi rebaixado do Grupo B para o C, enquanto que Unidos do Cabuçu e Lins Imperial caíram do C para o D. Mas, com a criação da Série A (a Segundona dos desfiles) para 2013, as escolas se mantiveram nas divisões em que estavam. No ano seguinte, o Arranco foi vice no Grupo B (na Intendente Magalhães) e quase subiu para a Série A, enquanto a Cabuçu foi campeã no C e conquistou o acesso ao grupo de cima, e o Lins Imperial caiu para o Grupo D, o último do Carnaval.

– O décimo lugar em 2012 foi a segunda pior colocação da Imperatriz em todos os tempos até então, perdendo apenas para a 14ª posição em 1988 – na ocasião, o Gresil escapou do rebaixamento graças a um acerto para que não houvesse descenso, o que acabou permitindo à escola uma extraordinária reação e o título em 1989. Em 1965, a escola também ficara em décimo na sua estreia na elite.

– No sábado das Campeãs, pela primeira vez a Portela abriu um desfile oficial na Era Sambódromo.

CANTINHO DO EDITOR – por Pedro Migão

Rio de Janeiro-20120225-00443Aquele foi um Carnaval diferente para a Portela. Após o fiasco de 2011, foi criada uma Superintendência de Carnaval sob o comando do antigo vice-presidente Marcos Falcon (assassinado em 2016), que, entretanto, duraria pouco: em manobra com as digitais do então presidente, ele foi preso e ficou fora de circulação por uns tempos até provar inocência e ser libertado. Com isso, Nilo Figueiredo reassumiu o poder na escola.

O enredo sobre a Bahia foi definido apenas em julho, e, com a quadra da escola em obras de modernização (custeadas pela Prefeitura), a disputa de samba se alternou entre o clube River (na Abolição) e a quadra da Caprichosos de Pilares, onde foi a final, com apenas três sambas devido à limitação de espaço. Após a escolha, os ensaios foram na rua (em Oswaldo Cruz, na Praça Paulo da Portela) até a reinauguração da quadra duas semanas antes do desfile.

O antológico samba vencedor não era o favorito, mas foi “levado no colo” pelos segmentos até a vitória, que foi definida bem próxima à final. O curioso é que, em entrevista a este blog, Luiz Carlos Máximo, um dos autores e hoje colunista, disse que o samba quase não foi inscrito na disputa:

“Com muitas dificuldades conseguimos gravar o samba, mas no dia da inscrição ainda discutíamos se iríamos participar da disputa. Apesar de algumas boas medidas da direção da Portela terem diminuído bastante os custos dos compositores (proibição de alegorias, competição curta e ingressos para torcida), não tínhamos como arcar com as despesas que são necessárias a fim de se disputar para valer.

Resolvemos então colocar o samba e apostar que a qualidade da composição atraísse pessoas amigas, que acabaram nos ajudando. O custo ficou em torno de R$ 25 mil.”

A preparação do carnaval andou razoavelmente bem até o início de janeiro, mas após este momento não houve mais fluxo constante na liberação de verba, e isso acabou prejudicando bastante a preparação de alegorias e fantasias. Uma pena, pois o projeto do carnavalesco Paulo Menezes, se cumprido na íntegra, daria condições de lutar pelo título. O desfile foi prejudicado por este fator e também pelo fato de a Portela ter sido a segunda a desfilar no domingo, posição na qual o jurado sempre economiza nota – isso sem contar a frieza do público.

Ainda assim, o épico samba colocou a agremiação no Desfile das Campeãs na última nota, ultrapassando a Mangueira – embora considere que poderia ter ficado uma ou duas posições mais à frente.

Desfilei em ala comercial, com uma linda fantasia representando o enredo de 1983 no último setor, que falava sobre as festas portelenses. Também desfilei no Império Serrano no Acesso e na Ala de Compositores da União da Ilha, na qual a desorganização da concentração e a inépcia da Direção de Harmonia atrapalharam bastante o desfile. Sem contar a roupa, sob medida, mas que veio com a calça três números maior e o paletó dois menor…

Assisti ao Grupo Especial e o Acesso B nas frisas do Setor 3, enquanto o Acesso A acompanhei do novo Setor 4. Aliás, como a foto ao lado mostra, os novos setores do Sambódromo foram entregues inacabados, tanto nas frisas como na própria estrutura dos acessos e setores.

Cheguei até a receber e-mails me ameaçando após ter escrito isso na ocasião, mas, pelo menos onde estava, o pior desfile do Especial disparado naquele ano foi o da Mangueira. A ideia dos dois carros de som não funcionou e arrasou a Harmonia da escola – e, em menor escala, Evolução. O atravessamento do canto foi tão feio que à minha frente uma ala cantava um refrão e a ala imediatamente atrás, outro – e ainda assim o jurado de Harmonia deste módulo conferiu a nota 10… Esta apresentação mostrou bem como o desfile estando na avenida é um e na televisão, completamente outro. Na telinha foi uma maravilha…

A outra rebaixada sairia a meu ver entre Imperatriz  – que teve muitos problemas – ou Renascer. A Porto da Pedra, apesar do iogurte, a meu juízo foi melhor que estas citadas. Por falar em Harmonia e Evolução, a Beija-Flor passou irreconhecível sob este aspecto – e repleta de monstros nas alegorias.

Antes de se decidir pelo enredo patrocinado, a Porto da Pedra esteve perto de reeditar “Os Sertões”, samba clássico da Em Cima da Hora. O samba vencedor da disputa foi bastante mexido antes da gravação para retirar as referências à Danone existentes, diretas e indiretas. A propósito, a Porto da Pedra teve uma safra bastante pródiga em sambas “inusitados”, digamos assim.

O desfile do Especial de 2012 mostrou que, mais que o número de escolas, o que segura o público são bons sambas. No domingo, com sete escolas, o valente desfile da Vila Isabel foi muito mais agradável que a modorrenta Grande Rio encerrando segunda com uma agremiação a menos. Sobre a Vila, preferia o samba da parceria da Mart’nália nas eliminatórias, mas o samba na avenida calou minha boca – tanto que acho melhor que o campeão que viria no ano seguinte. Para mim, a Vila seria a campeã, inclusive.

Sobre o verdadeiro estelionato que foi o desfile do Acesso A, antes do desfile o jornal “O Dia” publicou notícia que a Inocentes (cujo presidente também era o mandatário da Lesga) seria a vencedora. Depois o mesmo jornal e os periódicos “Extra” e “O Globo” também deram voz pública ao que se comentava no meio do carnaval.

O que pouca gente sabe é que o resultado vazou ainda na terça-feira de carnaval em uma rádio carioca, inclusive com pontuação – dizem que pela então diretoria da Rocinha, que seria rebaixada. Com a gritaria da escola, decidiu-se pelo não rebaixamento – o que levou a Prefeitura a interferir e descredenciar a Lesga como representante deste grupo e chegar até a ameaçar não homologar o resultado.

Posteriormente, conversando com um dos envolvidos diretos, este me contou coisas do arco da velha que ocorreram entre o desfile de sábado e a “apuração” na quarta feira de Cinzas.

107_0903O Acesso B teve menos gritaria, mas a Caprichosos apenas justificou na pista o que estava determinado, tanto que diversas escolas seguraram os gastos para este grupo – que teve um dos desfiles mais fracos da história. Seria o último desfile deste grupo no formato de então – às terças feiras na Sapucaí. Ainda dei entrevista ao jornalista Marcos Frederico, da Rádio Tupi (foto).

A Estácio de Sá, que homenageou Luma de Oliveira, teve os dois filhos dela em um dos carros. Ambos em uma (des)animação contagiante…

O condor da Tradição, de relevantes e longos serviços prestados ao carnaval carioca, fez em 2012 sua despedida do Sambódromo e da Tradição. No ano seguinte apareceu, reciclado, como urubu no desfile da Arrastão de Cascadura homenageando a então presidente do Flamengo Patrícia Amorim.

Após voltar do desfile da Grande Rio, a atriz Susana Vieira retornou ao camarote da agremiação cercada por um cordão de isolamento com aproximadamente uns 15 seguranças, para que ninguém se aproximasse. Por outro lado, o cantor Ivan Lins e o prefeito Eduardo Paes deram um show de simpatia após desfilarem na Portela. Inclusive fui elogiar o cantor por sua entrega apesar de salgueirense e ele me respondeu: “virei Portela agora, sou Portela”.

Os bonequinhos do carro tijucano sobre o Mestre Vitalino fizeram carreira por várias escolas do Acesso nos carnavais de 2013 e 2014.

Links

A passagem da campeã Unidos da Tijuca

O bonito desfile do Salgueiro em 2012

A ótima apresentação da Vila Isabel

A Portela e seu brilhante samba-enredo

A exibição da Mangueira com sua “paradona”

Fotos: Liesa, G1 e Arquivo Pessoal Pedro Migão

13 Replies to “2012: Com forró e samba, Unidos da Tijuca comemora a coroação do Rei do Sertão”

  1. Falar do desfile da Tijuca é chover no molhado, pra mim é Top-5 de desfiles do Paulo Barros. Embora que a Vila fez um baita desfile, que por mim se não desse para o campeonato ficava com o vice.

    Das 13 escolas do especial, SETE tiveram enredos relacionados ao Nordeste!

    Sobre as rebaixadas, já imaginava que Porto da Pedra e Renascer fossem pra vala.

    Sobre o criticado enredo da Porto da Pedra, o carnavalesco Jaime Cezário deu uma entrevista até interessante à Super Rádio Tupi “Se água já deu título e banana já deu terceiro lugar, porque o iogurte não pode dar um bom resultado?” Não foi bem assim…

    Sobre o Grupo A, resumo em uma palavra: Vergonha! Vergonha! Vergonha! O segundo roubo mais descarado da história – perde apenas para São Clemente/03. Pode até ter se preocupado com os quesitos, só que jamais merceia ganhar! Império Serrano ou o Império da Tijuca ficavam com o título.

    Ah, e a Viradouro foi sacaneada na cara dura – a exemplo do que aconteceria em 2016. Seria a quarta colocada, só que a Lesga presenteou a Cubango com dois décimos que não estavam no mapa e a colocou na quarta colocação.

    Houve certa gritaria no título da Caprichosos, até porque a Porta-Bandeira tropeçou na pista e a escola ganhou dez de ponta a ponta.

    Para quem se acostumou a ver os prédios dos camarotes, ver a Sapucaí espelhada era meio estranho…

    Como se esquecer do momento “Eu sou foda” do Wander Pires no começo da P. da Pedra…

    São Clemente foi sacaneada na cara dura, era no máximo para ficar com o 6° lugar. E a paradona da Mangueira, apesar de interessante, foi o maior atropelo de Harmonia que já vi nos últimos anos.

    Sobre o samba da Ilha, um de seus compositores o resumiu no TA: “Carnaval que realizei um sonho e vi que esse sonho não era tão sonho assim”

    Algumas introduções no CD (Tijuca por exemplo) eram chatas pra… bem, já sabem o resto. Salvam-se as da Beija-Flor, Mangueira, SC e Renascer

    Que venha 2013 e a Festa no Arraiá!

  2. 2012 foi um Carnaval mais do que especial para mim, afinal, foi minha estreia assistindo aos desfiles na Marquês de Sapucaí! Fui na segunda-feira e desde então, vou nos dois dias do Grupo Especial, contando os dias entre um ano e outro!

    Quanto ao resultado, título justíssimo da Tijuca! A despeito da realmente fraca última alegoria, todo o restante do desfile foi excelente, um belo trabalho do Paulo Barros, que bolou uma história bem interessante para homenagear o grande Luiz Gonzaga. O carro do Mestre Vitalino, juntamente com a ala a sua frente, para mim formam a imagem mais marcante daquele Carnaval, carro lindo, lindo… Sem contar o show de evolução e harmonia da Tijuca…

    Salgueiro e Vila Isabel também fizeram ótimos desfiles, não seria um absurdo o título de uma destas. Salgueiro também deu um show de alegorias e, principalmente, fantasias, era uma ala mais linda do que a outra, já a Vila, que chão! E concordo com o Fred Sabino, a Comissão de Frente era impressionante!

    A Mangueira acabou ficando um pouco acima do que deveria, principalmente pelo péssimo visual, além dos problemas citados em evolução e harmonia, mas rebaixamento me parece exagero, principalmente pelo bom enredo e bom samba, que até gostei do tom utilizado no desfile, detestei a gravação do cd, achei uma papagaiada desnecessária. Já a invencionice da roda de samba acredito que foi utilizada mais no sentido de chamar a atenção e mascarar os problemas visuais daquele desfile, e realmente, nesse sentido, funcionou, não se falava em outra coisa depois do desfile… E vivi uma situação bem legal na arquibancada, realmente o som não chegava, e não conseguíamos ouvir o som da roda de samba, porém, o próprio público cantou o samba a plenos pulmões até a bateria voltar. Arrepiante…

    Lamentável a classificação da São Clemente, seria minha 5ª colocada, logo atrás da Beija-Flor (que não achei tão ruim quanto até os nilopolitanos acharam) e a frente da Portela, que se valessem apenas os primeiros setores, vinha pra título, mas depois o visual caiu consideravelmente… Se esse samba viesse nas atuais condições da escola, seria difícil tirar o caneco de Madureira…

    O título da Inocentes já foi bastante falado, então só vou reforçar que foi um absurdo. Não foi um desfile tão ruim quanto Renascer no ano anterior, dava pra disputar um 3º lugar com a Cubango, mas o título era do Império e pronto. Até mesmo a Viradouro, minha vice-campeã, poderia levar aquele título, o que o Império fez na avenida foi épico, embalado por um samba inspiradíssimo do Arlindo Cruz. Uma pena, o Império, com o nome e os títulos que carrega, teria condições de se manter no Especial em 2013 e lá estar até hoje, vivendo outra realidade. Uma pena…

  3. Boa tarde!

    Prezado Fred Sabino:

    Novamente não assisti ao Acesso A no Rio, preferindo viajar para São Paulo, e ver no Anhembi o Grupo Especial de lá, que também mostraria suas doses de injustiças com algumas Escolas, mas não cabe aqui…

    Assisti aos dois dias de Grupo Especial do Rio nas frisas do novo Setor 2 e o Acesso B nas frisas do Setor 3.

    Aliás, falando em novo Setor 2, tive um acidente nesta que ocasionou a quebra de meu dedo mínimo na mão esquerda, além de escoriações na costela e bacia. Nada grave e que acabasse com meu carnaval, mas se fosse uma pessoa de mais idade (Meus pais, por exemplo, que vinham logo atrás de mim), a coisa poderia ter tido outra configuração.

    O acidente: um “degrau” dos que separam as filas das frisas estava solto. Pisei nele, e girei bem no ar… Isso antes de começarem os desfiles de domingo…
    Dei entrevistas, devidamente publicadas e com fotos, para os jornais “O dia” e “Meia Hora”.

    Breves comentários sobre alguns desfiles.

    GRUPO ESPECIAL

    – O samba da Portela conduziu seu desfile magistralmente, proporcionando um momento “que se dane o visual”!

    – A Imperatriz mais uma vez decepcionou, podendo facilmente ser rebaixada. Além da igreja do Bonfim quebrada (E torta!), o carro sobre as obras literárias (Dona Flor, Tieta…) era digno de Acesso B!

    – O desfile da Mocidade é cult (Para o bem!). Um dia darão valor ao trabalho ali desenvolvido, principalmente no samba-enredo, ofuscado por Vila Isabel e Portela.

    – A Vila estraçalhou! Pecou no visual, com visível falta de recursos (Sem falar o leão com juba desfalcada do último carro…).

    – A São Clemente foi garfada na cara dura!

    – Você se esqueceu de mencionar um grande momento, que foi a Comissão de Frente com a presença de Renato Sorriso e Maria Augusta na União da Ilha. Tão emocionante quanto o letreio em esferas que vinha na abertura do desfile (Posteriormente levados para a quadra insulana), lembrando os antigos carnavais da carnavalesca na Escola.

    – Assim como os da Tijuca, os bonequinhos mamulengos do Salgueiro estão em carreira longa e próspera na Sapucaí e na Intendente (Foram usados em 2016 pela Curicica).

    – Falando em Salgueiro, nunca tive a oportunidade de perguntar a Renato se ele realmente pretendeu uma estética Steampunk no “Pavão Misterioso”.

    – Discordo dos comentários acima quanto a belo trabalho de Paulo Barros. O visual pecou em vários setores, e não apenas no último (Mais lembrado pela maioria).

    ACESSO B

    – Senti muita pena da Curicica, que vinha realizando desfiles simpáticos, e apresentou um resto de nada. Conversando com o carnavalesco no intervalo entre desfiles, ele me relatou algumas dificuldades da Escola.

    – Também senti pena da Caprichosos. Ainda que as cartas já estivessem marcadas, houve um esforço legítimo da “Nova” Caprichosos…para nada, já que os Grupos foram unificados! Bem, houve a mancada inexplicável de colocar um carro soltando espuma para todo lado (E molhando a pista) na frente do casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira…inaceitável!

    – Sereno desfilou simpática contando a história do circo.

    – Ziraldo merecia algo BEM melhor do que a homenagem da Tradição no Acesso B…

    – Saudades (MUITA saudade!) do Acesso B na terça-feira. A maioria das pessoas não entende quando eu dizia ser o melhor dia de desfiles. Juntaram dois Grupos com quase um abismo de diferença (Tanto quanto a Série A com o Especial). Aguardando a volta dele para a Sapucaí.

    Que venha 2013, e um novo ponto de vista dos desfiles para mim!

    Atenciosamente
    Fellipe Barroso

    1. Complementando, acredito que algumas das críticas ao samba da São Clemente se deviam ao fato de “Bububu no bóbóbó” estar mencionado no samba, mas nem estar na sinopse do enredo (E conseqüentemente no desfile).

      Foi um desfile divertido e inteligente, merecedor de retornar no sábado.
      Infelizmente aconteceu o que todos sabemos.

  4. Apesar do bolo excitado do último carro, acho um trabalho brilhante do Paulo Barros, o carro do mestre Vitalino e da feira eram lindos demais, qualquer uma das 3 que ganhasse seria justo…
    Pra mim esse é o melhor samba da era Paulo Barros na Tijuca ( 2004 e 2005 também eram bons)
    Casagrande nesse ano começou a transformar a pura cadência na maior bateria da atualidade
    Diferente da Imperatriz 16, a sanfona deu um show na Sapucaí
    São Clemente em 11° tá entre as coisas mais inacreditáveis da Sapucaí no século 21 e não foram poucas rs
    Grande rio começou com seus desfiles e posições finas inacreditáveis, acho que deveria ter uma regra que proibisse a Grande Rio de fechar os desfiles pq todo mundo vai embora ou dorme na hora
    Acho que o samba da Beija flor funcionou de forma excelente na Sapucaí e o neguinho deu um show
    Desculpa portelenses mas o samba da vila é o melhor do século 21, que maravilha de samba pqp
    E Salgueiro como sempre perdendo pra ele mesmo…

    1. Nossa! Eu só queria que o desfile da Beija-Flor terminasse logo.
      Fui até dar um breve passeio na praça de alimentação do Setor 2, porque estava meio chato (E assustador também!).

  5. Minha irmã se apaixonou pela Renascer, pois ela é muito fã do trabalho do Romero Britto. Ela adorou o Cristo Redentor no final, replicando o estilo do homenageado.

    Em contrapartida, criticou o acabamento da Portela. Para mim, a Águia dava sinais de melhora.

    Já a Mangueira, foi como o Migão disse. Tava tudo uma maravilha na TV.

    São Clemente trouxe cultura e luxo em seu desfile, para no final ser ferrada novamente. Aquilo foi um desrespeito. Mas o que a escola fez nos anos seguintes, chutando o balde, foi um desrespeito ainda maior consigo mesma.

    Beija-Flor dando holofote para gente amoral também foi lamentável (e teria mais nos anos seguintes).

    E quanto a Inocentes, melhor nem dizer nada. Parabéns a todos os envolvidos por sua atuação ímpar na criação da Lierj e fusão dos acessos.

  6. Esse foi o primeiro Carnaval que eu assisti a todas as escolas do Especial, A e B.

    Nos grupos inferiores, pouco a acrescentar. A Caprichosos sobrou no B, com acerto ou não, fora o samba, muito bom. Já no A… pouco a acrescentar. O que fizeram com o Império Serrano é uma palhaçada sem igual. O samba da Ivone Lara, para mim, é um dos maiores da Segundona. E, neste corrente ano de 2012, foi o terceiro melhor do ano em todas as cidades, atrás de Portela e Vila Isabel.

    Vergonha, vergonha, vergonha!

    No Especial, São Clemente deveria ter voltado nas Campeãs no lugar da Grande Rio, que deu sono. Ver a escola de Caxias encerrando um desfile foi, como um colega meu comparou, a mesma coisa de você sair com uma mulher e na hora H descobrir que ela não é 100% mulher.

    Sobre a Vila Isabel, o início de desfile achei bem tímido e haviam alguns carros com problemas de acabamento. Talvez por isso não tenha levado o caneco. E, de novo, o Salgueiro perdeu pra ele mesmo.

    Mangueira deveria ficar em 11º. Como já dito, fosse uma escola menor e com menos poder, cairia. A paradona fail foi mais uma das presepadas do Ivo Meirelles frente ao comando da escola.

    Quanto à Imperatriz, os jurados canetaram, principalmente, pela parte final do samba não ter ligação melódica com o refrão. Tive a mesma sensação de que faltava algo. E não o acho essa maravilha toda.

    A homenagem ao Joãosinho Trinta foi um dos momentos mais emocionantes de todo o Carnaval! Pena que foi a única coisa que se aproveitou do desfile da BF.

    Mocidade, ah, Mocidade… o samba morreu na avenida e a falta de dinheiro ficou visível. Até o quarto carro, a escola fazia desfile de título, mas depois a qualidade caiu demais, justamente visualizando os problemas financeiros que a escola teve durante sua preparação. A bateria, com os pincéis, foi o retrato disso: roupas vermelhas com chapéus laranjas e troca de ordem do vermelho pro laranja causaram uma péssima impressão visual; aquilo me deixou agoniado. Uma pena. O Cadu Zugliani postou isso em sua coluna no SRZD e eu concordo inteiramente com ele: talvez se o Alexandre Louzada tivesse igualado tudo ao mesmo nível – o mesmo erro de 2016 – e a Mocidade poderia ter voltado no sábado. Até porque o acabamento que o carnavalesco colocou em seus carros (e mesmo em 2013) serviria de padrão para quem quisesse seguir o ramo. Um primor!

    Renascer não deu nem pro cheiro, já estava óbvio desde o barracão e da escolha do samba.

    E como se esquecer do Wander Pires em mais um de seus momentos “sou foda”, como o Carlos Alberto citou, ao microfone gritando “aqui tem intérprete” e a cara de constrangimento de todos da Porto da Pedra? Não bastasse isso, ele cantou a primeira passada do samba – tenebroso – sozinho!!

    Ali percebi que o rebaixamento estava praticamente decretado.

    Isso explica porque eu afirmei, em meu Facebook, que a Mocidade não terá intérprete em 2017.

  7. Ótima safra de sambas em 2012 e consequentemente desfile de um nível bem maior que 2011. Apesar do bom nível as imagens que mais marcaram minha mente nesse ano são o bolo da Tijuca e o carro (ou tripé?) inacabado e cheio de bonequinhas da Portela. Tão lamentável que nem veio no desfile das campeãs. Esse ano parte da escola de Madureira fez um desfile aqui em Petrópolis e esse samba me emocionou demais. Gosto muito do samba da Mocidade e poderia ter sido melhor com um pouco mais de recursos. Minha campeã seria a Vila mas sem tirar o mérito da Campeã Tijuca (apesar do bolo).

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