Os desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro encontraram um novo – e que viria a ser definitivo – local em 1978. Próxima à então fábrica da Brahma, a Rua Marquês de Sapucaí foi o local escolhido para a montagem das arquibancadas tubulares e camarotes.
Para este primeiro ano, o resultado não foi o esperado. Primeiro, pelo sentido do desfile, do Catumbi em direção ao Centro (ao contrário de hoje em dia), o que atrapalhou a concentração das escolas e transporte das alegorias, já que as ruas daquele bairro eram estreitas e escuras.
Para piorar, a iluminação da pista ficou muito abaixo do ideal (com lâmpadas de apenas 400 watts em vez de 1000), o sistema de som apresentou falhas e as alturas da torre de TV e das tradicionais decorações ficaram muito baixas.
No teste realizado no dia 28 de janeiro, houve tantos problemas que a Portela, que faria uma exibição na Sapucaí dia 1º de fevereiro, simplesmente cancelou sua apresentação.
No entanto, nem tudo era bronca. A partir daquele desfile, as baterias poderiam evoluir em dois recuos, em vez de um, para garantir uma melhor harmonia ao canto das escolas. Além disso, a pista teria 650 metros, de forma a permitir uma melhor evolução.
Bronca mesmo era com o novo regulamento, que previa o rebaixamento de quatro das dez agremiações para o Grupo 2, o que deixaria o desfile de 1979 com apenas oito escolas, já que duas subiriam.
O julgamento era bastante diferente do que vemos hoje. O número de jurados era de apenas dois por quesito, totalizando 18, com notas distribuídas de 1 a 10, exceto Alegorias e Adereços, que daria notas de 1 a 5.
A grande pergunta antes do Carnaval-78 era se alguém conseguiria deter a Beija-Flor de Joãozinho Trinta. O carnavalesco vinha de quatro títulos consecutivos – os dois primeiros pelo Salgueiro – e bolou o enredo “Criação do Mundo na Tradição Nagô”, sobre a formação do planeta na visão iorubá. O samba, que entraria para a antologia do Carnaval, na verdade era uma fusão entre as obras de Mazinho e Gilson Dr. com a de Neguinho da Beija-Flor.
Quem pretendia acabar com o domínio da escola de Nilópolis era o Salgueiro de Fernando Pamplona. O mestre escolheu enfrentar o discípulo João 30 com a mesma temática, no enredo “Do yorubá à luz, a aurora dos deuses” – veja mais nas Curiosidades. O samba também era de primeira, mas a escola vivia grande crise, com disputas políticas internas e falta de recursos que tumultuaram a preparação.
Vice-campeã de 1977, a Portela tentaria quebrar um jejum de sete anos sem títulos (e pensar que isso era pouco perto do que viria depois…) com uma homenagem às mulheres brasileiras. Não, porém, sem uma grande polêmica. O questionado samba de Jair Amorim e Evaldo Gouveia, vencedores da disputa em 1974, derrotou as favoritas obras de Noca da Portela e Luiz Ayrão, gerando uma cisão na escola – Paulinho da Viola, por exemplo, rompeu com a diretoria dois meses antes do desfile.
Quem vinha cercada de grandes expectativas era a nova queridinha do Carnaval do Rio, a União da Ilha. Sob a batuta da carnavalesca Maria Augusta, a escola levaria para a Sapucaí “O Amanhã”, enredo sobre o futuro e com mais um samba arrasa-quarteirão, que foi incansavelmente tocado nas rádios na fase pré-carnavalesca.
Além da Portela, outra escola que sofreu com polêmicas na escolha do samba foi a Unidos de Vila Isabel. Para o enredo que homenagearia Iemanjá, a também contestada obra de Garganta de Ferro, Jarbas, Boanésio e Augusto Messias derrotou nas eliminatórias o lindo samba de Martinho da Vila – veja mais nas Curiosidades.
Com a volta do carnavalesco Fernando Pinto, campeão em 1972, o Império Serrano homenagearia Oscarito, também com um samba criticado. Já a Mangueira estava mordida com a pior colocação de sua história até então (sétimo lugar) e faria uma auto-exaltação no seu cinquentenário. Por sua vez, a Mocidade Independente de Padre Miguel levaria para a pista o enredo “Brasilianas”, sobre as artes, festas e mitos populares do país.
Completavam o Grupo 1 (a denominação Especial só seria dada a partir de 1990) duas escolas emergentes, a Arrastão de Cascadura e o Arranco do Engenho de Dentro, que abriria os desfiles no começo da noite de domingo.
OS DESFILES
O desfile estava marcado para começar às 18h, mas o início se deu 1h35 depois devido a um atraso no sorteio dos jurados, que deveria acontecer antes de o Arranco entrar na avenida. Como era a primeira escola a desfilar na nova pista, e ainda por cima era estreante na elite, o Arranco teve uma concentração tumultuada, atrapalhada ainda por policiais truculentos.
Para piorar, uma chuva que já incomodava a concentração da escola ficou ainda mais forte e isso danificou seriamente alegorias e fantasias, além de molhar o couro dos instrumentos de bateria, o que na época era fatal. Com o atraso, os danos estéticos e o samba limitado para o enredo “Sonho infantil”, o desfile do Arranco foi um desastre e a volta para o Grupo 2 já era dada como certa, ante o desânimo dos componentes.
O presidente da escola, Wladimir da Costa Neves, que inexplicavelmente foi barrado pelos policiais antes do desfile, criticou duramente a Riotur – então organizadora da festa – pelo atraso e disse que a escola teria sofrido menos com a chuva se tivesse começado sua exibição no horário marcado. O título “Triste boi de piranha” dado pelo “Jornal do Brasil” resumiu a passagem da escola.
Depois de dois títulos consecutivos, nos Grupos 3 e 2, a Arrastão de Cascadura prometia uma boa apresentação na sua estreia na elite, com o enredo “Talaque talaque… O romance da Maria-Fumaça”, sobre a relação do povo com as máquinas, no caso, os trens.
O desfile também começou tumultuado, já que logo depois de a Arrastão ter recebido autorização para iniciar sua exibição, o sistema de som da Sapucaí começou a tocar a gravação do samba da escola no disco. É claro que a harmonia atravessou e o desfile foi reiniciado.
O samba da Verde e Branco era razoável, mas não foi bem cantado pelos componentes, já que a direção da escola optou por colocar a bateria logo no começo do desfile, comprometendo a harmonia. Naquele tempo, é bom lembrar, o sistema de som não era eficaz por toda a pista. Houve ainda problemas de evolução, com muitos espaços entre as alas.
Outro problema foi a invasão de pista por parte da equipe do cineasta Glauber Rocha, que filmava “A Idade da Terra”. Com o perdão do trocadilho, a direção de harmonia fez um “arrastão” nos invasores, que tinham os atores Tarcísio Meira, Ana Maria Magalhães e Maurício do Vale.
Com tantos percalços, até que o conjunto de fantasias foi interessante, com muito branco e prateado nos figurinos, que lembraram damas da corte e maquinistas. Mas era outro desfile fadado ao descenso, dado o alto número de quatro escolas rebaixadas.
Infelizmente as crises política e financeira se refletiram irremediavelmente no desfile do Salgueiro. A chuva, que já havia prejudicado Arranco e Arrastão, danificou as alegorias da escola na concentração e, a exemplo do que já ocorrera na preparação, os responsáveis pelos carros, o jovem Renato Lage e Stössel Cândido não tiveram ajuda para o conserto dos danos.
Ao contrário, foram ameaçados por homens armados contrários ao presidente Moacyr Lord e ainda assistiram de perto à sabotagem nos elementos sem poderem fazer absolutamente nada. Uma lástima…
Para piorar, o mestre de bateria Arengueiro se envolveu numa confusão na concentração com um ritmista que estava sem chapéu e acabou detido. Foi necessária a intervenção de Fernando Pamplona e Albino Pinheiro para que os policiais o soltassem, e a promessa de que Arengueiro se entregaria após o desfile, o que, de fato, ocorreu. Isso atrasou o começo do desfile e havia a expectativa de o Salgueiro não levar os cinco pontos de bônus pela concentração.
Como se desgraça pouca fosse bobagem, uma das alegorias do Salgueiro foi transportada pelo lado errado, como se a concentração fosse ao lado da Presidente Vargas – como é hoje. O carro acabou sendo levado para o lado correto (Catumbi) pela pista no sentido contrário, sob vaias do público.
Diante de tantos problemas, salvou-se o grande samba de Renato de Verdade (vencedor do Estandarte de Ouro, de “O Globo”), com o lindo refrão “Saruê! Baiana, iorubana / Da saia amarrada co’a paia da cana” cantado com competência por Rico Medeiros, estreante como primeiro intérprete do Salgueiro.
Já sem chuva, o desfile começou com um pede-passagem mostrando o título do enredo e o retrato do paraíso criado por Olorum. Em seguida, o enredo mostrou os orixás enviados como mensageiros de Olorum e a vinda do candomblé para o Brasil. No fim, para representar os dias de então, os terreiros da Bahia e seus pretos velhos.
As alegorias, que até tinham interessantes soluções para superar a falta de recursos, como espelhos e armações de vime, realmente passaram com problemas pela Sapucaí. Para completar o desastre, a polícia não conseguiu conter a invasão de pista e a evolução e harmonia do Salgueiro foram para o espaço.
Cada vez mais livre da pecha de “uma grande bateria cercada por escola de samba”, a Mocidade Independente de Padre Miguel entrou com força para defender o enredo “Brasilianas”, do inesquecível carnavalesco Arlindo Rodrigues.
Com o investimento maciço do patrono Castor de Andrade – segundo os jornais da época, o gasto superou Cr$ 6 milhões (cerca de 370 mil dólares na cotação da época) e o talento de Arlindo, as fantasias (com muito branco) e alegorias concebidas deixaram a certeza de que a Verde e Branco brigaria lá em cima.
O desfile começou exaltando o maracatu, para depois passar pelo boi-bumbá, cavalhada, congada, Festa do Divino e reisados. Para representar melhor cada manifestação, diversas alas tinham passo marcado, mas isso não atrapalhou a evolução dos desfilantes.
Os carros chamaram muito a atenção, como o das rendas do Nordeste circundando uma tecelã sobre um tablado de palha, e o das carrancas do Rio São Francisco. As esculturas de mestre Vitalino estavam tão fielmente reproduzidas que pareciam reais.
Em seu segundo ano na Mocidade, o cantor Ney Vianna conduziu o canto com a correção de sempre, e o público reagiu com empolgação à passagem da bateria de Mestre André, que se apresentou-se com a cadência costumeira. No fim do desfile, a bateria ousou mais, com destaque para a bossa no trecho “Na Bahia tem romaria, tem tem sim…”.
Sem grandes percalços, e a Verde e Branco deixou a Sapucaí com grande vantagem sobre suas antecessoras, otimista para conseguir seu melhor resultado no Grupo 1.
Quem não teve muito o que comemorar foi a Portela. Envolta em críticas pelo samba escolhido para o enredo “Mulher à Brasileira”, a Majestade do Samba teve um desfile com bons momentos, mas também com problemas que provavelmente adiariam outra vez o sonho do título.
Para começar, houve certa indecisão na entrada da escola porque a invasão de pista era muita. Enquanto o saudoso cantor Silvinho do Pandeiro insistia em cantar o samba, parte da diretoria ordenava que a comissão de frente não evoluísse, à espera de uma resolução da Riotur. No fim das contas, a Portela entrou na marra.
Ainda no começo do desfile houve um descompasso de evolução devido a uma confusão causada por um cinegrafista (com a camisa da Vila Isabel) que se recusava a deixar a pista e foi agredido por policiais.
A águia prateada agradou e as alegorias das carnavalescas Rosa Magalhães e Lícia Lacerda se mostraram adequadas, embora sem o tamanho de outros carnavais. As fantasias estavam superiores, com o luxo habitual vindo dos lados de Madureira. Vanda Batista, vestida de Marquesa de Santos, e Pedrinho, de Dom Pedro I, eram os destaques que mais chamavam a atenção.
O enredo foi dividido de forma a homenagear 16 importantes mulheres do nosso país: Paraguaçu, Marquesa de Santos, Anita Garibaldi, Chica da Silva, Princesa Isabel, Nisia Floresta, Chiquinha Gonzaga, Tia Ciata, Tarsila do Amaral, Maria Bonita, Carmen Miranda, Darcy Vargas, Maria de São Pedro, Eneida de Moraes, Cacilda Becker e Leila Diniz.
A inspiração, diga-se, veio da entrada de Rachel de Queiroz para a Academia Brasileira de Letras, quebrando um tabu e demonstrando a força feminina mesmo ante uma sociedade ainda bastante conservadora – e sob uma ditadura militar…
Mesmo criticado, o samba rendeu um canto forte dos componentes. Mas o ponto alto do desfile portelense foi mais uma vez o lendário casal formado pela porta-bandeira Vilma Nascimento e o mestre-sala Benício, que vestiam dourado. Também brilhou a Tabajara do Samba, aplaudida pelo público. Restava ver o que fariam outras escolas, mas a Águia não deixou impressão de título.
Em situação ainda mais delicada do que a Portela estava a Vila Isabel, que desfilou com o enredo “Dique, um mar de amor”, que passeava pela cultura negra da Bahia e homenageava Iemanjá, a Rainha dos Mares.
Numa tacada só, a Vila, que em 1977 havia terminado em quinto lugar após fazer um dos melhores desfiles do ano, havia perdido o carnavalesco Arlindo Rodrigues e o mestre-sala Élcio PV, além de contrair uma dívida de Cr$ 1 milhão (na época o equivalente a 62 mil dólares, um montante respeitável para a época).
Para piorar, ainda na concentração, uma baiana sofreu um infarto e acabou morrendo no Hospital Souza Aguiar, o que entristeceu a escola. Além disso, a ex-presidente Pildes Pereira, que representaria Iemanjá, sofreu um grave acidente de carro no caminho para a Sapucaí, e não desfilou.
De fato, na pista o que se percebeu foi um canto tímido, até porque o samba já não agradava aos principais setores da própria agremiação – a obra de Martinho da Vila, que depois seria gravado num disco, era, de fato, bem superior.
Houve ainda uma grande lentidão na evolução da escola, com atravessamento do samba em diversos momentos após falhas no sistema de som e apatia nas alas, que se mostraram pouco coesas.
Sem grandes alegorias pela falta de recursos no barracão, e com o fato de apenas seis agremiações continuarem no Grupo 1, lamentavelmente a Vila corria sério risco de rebaixamento. “Rumo ao segundo grupo”, manchetou o Jornal do Brasil.
Ansiosamente aguardada após o excepcional desfile de 1977, a União da Ilha mostrou que vinha para ficar entre as grandes escolas do Rio de Janeiro. Mesmo sob forte chuva, a Tricolor foi a primeira a efetivamente empolgar o público.
É claro que o samba para o instigante enredo “O Amanhã” foi fundamental para isso, já que os desfilantes e presentes à Sapucaí já sabiam de cór e salteado trechos antológicos do nível de “Como será o amanhã? / Responda quem puder / O que irá me acontecer? / O meu destino será como Deus quiser…”
A exemplo do que havia acontecido em “Domingo”, Maria Augusta conferiu leveza e diversos tons de cores aos figurinos da Ilha e ótimo gosto às (poucas) alegorias. Como em 1977, o desfile começava com várias bolas que formavam a palavra Amanhã, o que dava um belo efeito.
Segundo os jornais da época, a Ilha tinha orçamento seis vezes menor do que o da Mocidade, por exemplo. Mesmo assim, plasticamente a Ilha passou com mais requinte do que em 1977, embora tenha sido atrapalhada pela chuva.
O enredo, que retratava a obsessão do homem por saber o que o futuro lhe reservava, seguindo as previsões de búzios, cartomantes, horóscopos e realejos como dizia o samba, foi transmitido com clareza e, como a escola tinha estimados 2 mil desfilantes, a evolução foi coesa.
A bateria do mestre João Sérgio, oficialmente o único autor do sambaço (veja mais nas Curiosidades), teve uma das melhores atuações do Carnaval de 78 e levou o prêmio do Estandarte de ouro, de “O Globo”. O desempenho do saudoso cantor Aroldo Melodia também dispensa apresentações.
No mágico horário do alvorecer, a Ilha deixou a pista novamente com a certeza de brigar pelas primeiras colocações.
Por outro lado, quem decepcionou seus torcedores foi o Império Serrano, que homenageou Oscarito, o Rei das Chanchadas dos anos 50. Infelizmente foi um desfile marcado por falhas que, num carnaval equilibrado e com quatro rebaixadas, poderiam resultar no pior.
O saudoso carnavalesco Fernando Pinto concebeu o abre-alas com 3.600 lâmpadas para lembrar o cinema de antigamente, mas a forte chuva, que ainda caía na Sapucaí, causou problemas no acendimento de parte ds luzes, o que fatalmente resultaria na perda de pontos.
O criticado enredo exaltava a participação de Oscarito no circo e no cinema, e havia a presença de crianças em cavalinhos, além de representações de outros animais circenses como zebras, leões dourados e elefantes. As fantasias se mostraram superiores às alegorias, que tiveram como único destaque o chafariz da Atlântida. Naquele ano, o Império teve problemas claros de recursos.
Apesar de contar com o extraordinário e inesquecível cantor Roberto Ribeiro, a Verde e Branco de Madureira não conseguiu empolgar o público e os mais puristas desceram a lenha no refrão “No Verde e Branco / É um barato legal / Oscarito é curtição / No nosso Carnaval”.
Ao menos, na pista, os componentes passaram com alegria. Mas a evolução teve problemas nas proximidades do segundo recuo de bateria, já que havia muitos penetras na pista e as alas acabaram se esgarçando.
O Império terminou seu desfile com um tumulto na dispersão porque a transformista Rogéria, destaque numa alegoria, foi hostilizada por integrantes que a acusavam de estar mais preocupada em aparecer para os fotógrafos do que em defender a escola.
Penúltima escola a desfilar, a bicampeã Beija-Flor confirmou sua força e fez mais um desfile que a credenciaria a brigar pelo título. Joãozinho Trinta (na época era com Z mesmo) levou para a avenida o mito da formação do universo pela cultura iorubá, que veio ao Brasil com a chegada das princesas africanas Iyá-Kalá, Iyá-Detá e Iyá-Nassô à Bahia.
Segundo o enredo, o senhor do infinito Olorum ordenava a Obatalá que criasse o mundo. Os continentes foram formados por cinco galinhas d’Angola (Yaôs), o mar nasceu dos caracóis (Olokum e Iemanjá), o fogo veio de um camaleão (Xangô, Ogum e Iansã) e o céu surgiu por intermédio de pombas brancas (Oxum).
Já com o dia claro, às 7h15 de segunda-feira, uma Beija-Flor tão clara quanto rompeu pela Sapucaí com cara e jeito de tricampeã. Figurinos impecáveis e na maioria brancos ou prateados tomaram conta da Sapucaí.
Sem chuva, mas com o céu ainda nublado, a escola de Nilópolis não sofreu com o calor e teve uma evolução contínua e coesa sob a batuta do diretor de Harmonia Laíla, que enfim assumiu efetivamente a função na agremiação após período de colaboração com João 30.
Como já havia virado tradição, as alegorias concebidas pelo carnavalesco permitiam um grande número de destaques. O abre-alas majestoso tinha um sem-número de mulatas seminuas e muitos espelhos, representando o título do enredo “A Criação do Mundo na Tradição Nagô”.
Entre as grandes destaques da escola estava a deslumbrante Pinah, brilhando em seu segundo ano desfilando pela Beija-Flor – naquele mesmo ano de 1978, ela ficou famosa no mundo todo ao dançar com o Príncipe Charles num evento oficial.
Os outros elementos também aliavam dourado e prateado, que davam excelente efeito com as fantasias dos destaques. Na pista, o samba-enredo funcionou maravilhosamente, com uma bateria em andamento perfeito. A escola seguiu sem vacilos até o fim da pista sob os gritos de “já ganhou” do público.
Uma exibição não tão luxuosa, mas de muita garra e samba no pé, encerrou os desfiles de 1978. Comemorando o cinquentenário de sua fundação, a Mangueira se recuperou da apresentação mediana do ano anterior e também se posicionou como uma das melhores escolas do ano.
A auto-exaltação idealizada pelo carnavalesco Júlio Matos começou com as origens do Morro da Mangueira, no tempo da corte. A garbosa comissão de frente, chamada “Imperadores do Samba” tinha nomes do quilate de Cartola, Carlos Cachaça e Nelson Cavaquinho. Logo em seguida o abre-alas intitulado “Carroceiros do Imperador” tinha uma carruagem dourada simbolizando os carroceiros que trabalhavam na residência de D.Pedro I e eram os primeiros habitantes do morro.
Em seguida, a Manga relembrou os tempos do Bloco dos Arengueiros, ancestral da Estação Primeira de Mangueira. O surdo, claro, não poderia estar fora e foi representado por um carro – foram sete no total. A última alegoria tinha formato de pandeiro e os dizeres “Mangueira é povo, é povo, é povo”.
Foi um ano marcante para a Verde e Rosa pela volta do lendário mestre-sala Delegado – após um período no Camisa Verde e Branco em São Paulo – para desfilar ao lado da não menos lendária porta-bandeira Neide. A dupla é considerada por muitos uma das mais brilhantes da história do Carnaval ao lado de Vilma e Benício, da Portela.
A saudosa parceria do cantor Jamelão e do mestre de bateria Waldomiro também mostrou a categoria de sempre e o samba-enredo, que não era tão cotado na fase pré-carnavalesca, teve excelente desempenho na avenida – muitos componentes chegaram às lágrimas na dispersão.
Nos quesitos plásticos, a Mangueira passou com alegorias visivelmente sem tanta grandiosidade como as da Beija-Flor, mas bem resolvidas, e com fantasias adequadas ao enredo. Pena que a chuva que voltou a cair afetou parte dos elementos, que eram feitos com massa de papel, material bem mais barato – o orçamento para as alegorias da Mangueira foi de Cr$ 750 mil (cerca de 45 mil dólares na época).
“A gente faz tudo bem feito, lá está tudo esculturado. O jurado tem que olhar de pertinho, tem que tocar. Material barato e que fica bonito. Com fibra de vidro, meu carnaval custaria umas 50 vezes mais”, explicou Júlio Matos ao Jornal do Brasil.
Apesar da invasão de pista, a evolução da Mangueira não teve sobressaltos e o público, que ainda lotava os setores de arquibancadas tubulares, também gritou “já ganhou” como fizera na passagem da Beija-Flor. A Verde e Rosa terminou seu desfile na esquina da Sapucaí com a Presidente Vargas por volta das 9h30.
REPERCUSSÃO E APURAÇÃO
Os principais jornais cariocas apontaram Mangueira e Beija-Flor como favoritas ao título. “Na passarela, a tradição do morro contra o luxo de Nilópolis”, dizia a manchete de “O Globo”. O júri do Estandarte de Ouro conferiu à Azul e Branco de Nilópolis o prêmio de Melhor Escola numa apertada votação: 5 a 3 contra a Mangueira.
Corriam por fora a Mocidade, pela correção com a qual se apresentou e pela beleza de seus figurinos e alegorias, e a União da Ilha, que demonstrou excelente comunicação com o público.
Havia ainda a expectativa em relação às rebaixadas, que seriam quatro. Existia um consenso de que entre as tradicionais Vila Isabel, Salgueiro e Império Serrano, uma ou provavelmente duas cairiam.
A apuração, marcada para o auditório do Regimento Caetano de Faria da Polícia Militar, começou com 40 minutos de atraso porque os integrantes das escolas iniciaram uma briga pelos melhores lugares.
Com os ânimos serenados, outra questão poderia causar polêmica: inicialmente o Salgueiro não teve creditados os cinco pontos pela concentração e a escola recorreu, alegando que a confusão envolvendo o mestre Arengueiro, um ritmista e a polícia não poderia ser considerada motivo para a retirada da bonificação. De fato, a comissão apuradora voltou atrás e creditou os cinco pontos ao Salgueiro.
Mangueira e Ilha saíram na frente após a leitura das primeiras notas, de Bateria, mas a Beija-Flor assumiu a ponta logo no segundo quesito (Samba-Enredo), no qual foi a única a receber as duas notas máximas.
No terceiro quesito (Harmonia), causaram estranhamento as baixíssimas notas do jurado George André, principalmente para Vila Isabel (2) e Império Serrano (3). Apenas Beija-Flor (10) e Mangueira (9) tiraram notas acima de 8.
Outra polêmica ocorreu na leitura das notas do julgador Edmundo Carijó, de Mestre-Sala e Porta-Bandeira. Ele deu 10 para todas as escolas e deixou a nota da Mangueira em branco. Carijó, que era jurado desde 1964 e não havia passado antes por polêmicas, alegou que também daria 10 para a Verde e Rosa, mas seu mapa de apuração acabou anulado.
Desde o terceiro de nove quesitos, a vantagem da Beija-Flor sobre a Mangueira era de dois pontos, mas o jurado Bráulio Pedroso, de Enredo, deu 8 para a escola de Nilópolis e 10 para a Verde e Rosa, empatando a disputa. Mas no mesmo quesito, a Beija-Flor retomou a liderança após levar 10 e ver a rival tirar 9.
O tricampeonato da Beija-Flor foi consolidado com notas máximas no último quesito (Alegorias e Adereços), enquanto a Verde e Rosa perdeu dois pontos. No fim, a Azul e Branco terminou com três pontos de frente para a vice-campeã Mangueira, com a Mocidade em terceiro, a Ilha em quarto, a Portela em quinto e o Salgueiro em sexto.
O Império Serrano acabou em sétimo e sofreu seu primeiro rebaixamento, seguido por Vila Isabel, Arrastão de Cascadura e Arranco do Engenho de Dentro. Furioso, o presidente do Império, Irani dos Santos Ferreira, acusou:
“Como é que o Império tira 10 em Evolução e 3 em Harmonia? Os dois quesitos estão intimamente ligados… Estava tudo armado para dar Mangueira em primeiro mas o pessoal da Beija-Flor ficou atento.”
O Império ainda tentou recurso para que os cinco pontos de bonificação para o Salgueiro em Concentração fossem retirados, mas mesmo que isso acontecesse a Verde e Branco ainda ficaria atrás na classificação (142 a 139).
Na Beija-Flor, a euforia tomou conta de seus integrantes. Afinal, desde a Portela em 1959 nenhuma escola havia conquistado três títulos seguidos. Era a consolidação da agremiação de Nilópolis como uma das grandes do Carnaval.
“Estou tranquilo, pensei que a Beija-Flor ia tirar dez em tudo. Confesso que no início, no quesito Bateria, fiquei preocupado com o nove que ganhamos. Agora, cá para nós, a Mangueira teve muito voto de gratidão, acho que pelo aniversário dela”, disse ao “O Globo” o presidente de honra Anísio Abraão David.
Na Verde e Rosa, o presidente Bira rebateu Anísio e ainda cutucou a Beija-Flor pelo enredo, segundo ele, confuso:
“A Mangueira é tradição e se preocupa mais com samba no pé, deixando o luxo em segundo plano. A Mangueira merecia o primeiro lugar, em termos de originalidade a escola foi bem superior às demais. Veja o nosso enredo, por exemplo, que estava bem identificado com a fantasia que apresentamos.”
RESULTADO FINAL
POS. | ESCOLA | PONTOS |
1º | Beija-Flor de Nilópolis | 166 |
2º | Estação Primeira de Mangueira | 163 |
3º | Mocidade Independente de Padre Miguel | 152 |
4º | União da Ilha do Governador | 150 |
5º | Portela | 148 |
6º | Acadêmicos do Salgueiro | 147 |
7º | Império Serrano | 139 (rebaixado) |
8º | Unidos de Vila Isabel | 115 (rebaixada) |
9º | Arrastão de Cascadura | 109 (rebaixada) |
10º | Arranco | 105 (rebaixada) |
No Grupo 2, a vitória ficou com a tradicional Unidos de São Carlos, que conquistou a vaga na elite com o enredo “Céu de Orestes no chão de estrelas”, homenageando o cronista e compositor Orestes Barbosa. Quem também se recuperou foi a Imperatriz Leopoldinense, vice com o enredo “Vamos brincar de ser criança?”, do então jovem carnavalesco Max Lopes.
Os jornais colocaram a Imperatriz como autora do melhor desfile do ano, mas com problemas de evolução e atravessamento da bateria que poderiam custar a vitória, mesmo com a São Carlos tendo feito uma apresentação menos empolgante.
Depois de dois rebaixamentos consecutivos, a Em Cima da Hora reagiu e foi a campeã do Grupo 3, ao levar para a avenida o enredo “O samba é o embaixador”.
CURIOSIDADES
– A transmissão ao vivo dos desfiles era feita pela Globo e TVE. Na Globo, quem ancorava era o apresentador esportivo Léo Batista, enquanto Haroldo Costa era o principal comentarista e no fim de cada apresentação comandava um giro pelos demais analistas que davam notas aos quesitos das escolas.
– O refrão do samba da Beija-Flor “Iererê, ierê, ierê, ô ô ô ô / Travam um duelo de amor / E surge a vida com seu esplendor” foi adotado pela torcida do Vasco, que o transformou para “Iererê, ierê, ierê, ô ô ô ô / O Vasco é o time da virada / O Vasco é o time do amor”. Curiosamente, o compositor e cantor do samba, Neguinho da Beija-Flor, é torcedor do Flamengo.
– Em ótima entrevista ao jornalista Anderson Baltar, Martinho Da Vila disse com todas as letras que seu lindo samba foi cortado nas eliminatórias por influência dos militares. Ele cita o verso “Toma conta desse povo sofredor” como decisivo para a intervenção.
– O ideia do enredo da Beija-Flor surgiu na cabeça de Joãozinho Trinta ainda antes do desfile de 1976. Quando a escola estava concentrada no Mangue para o começo de desfile o carro do leão, uma das grandes apostas do carnavalesco para o enredo “Sonhar com Rei dá Leão”, empacou e não se mexia de jeito nenhum. João correu para a concentração e enquanto olhava para o céu um arco-íris apareceu e o carro, como num milagre, começou a se movimentar. Portanto, a criação do mundo virou inspiração para o gênio.
– Depois da sabotagem ao desfile do Salgueiro, Fernando Pamplona prometeu a si mesmo e à esposa Zeni que jamais seria carnavalesco num desfile. Cumpriu, embora tenha escrito outros enredos para o Império Serrano. Um deles, “Com a Boca no Mundo, Quem Não se Comunica, se Trumbica”, usado em 1987 pela Verde e Branco, seria o do Salgueiro em 1978, mas Pamplona decidiu fazer algo parecido com o da Beija-Flor para concorrer com Joãozinho Trinta. Pamplona, que morreu em 2013, também fez inesquecível trabalho como comentarista, principalmente na TV Manchete (1984-1997).
– Jamelão recebeu uma homenagem na quadra da Mocidade Independente de Padre Miguel e até cantou o samba “Brasiliana” ao lado de Ney Vianna, o que foi mostrado em reportagem da Globo.
– A Arrastão de Cascadura fez sua primeira e até agora única participação na elite do Carnaval do Rio. Hoje, a escola da Zona Norte está no Grupo C, o que equivale à quarta divisão no mundo do samba.
– Houve certa controvérsia quanto ao enredo da Mangueira porque a escola resolveu comemorar seu cinquentenário, mas muitos colocam 1929 como ano de fundação da Verde e Rosa. Mas o carnavalesco Júlio Matos, amparado em outros registros históricos, apostou na homenagem numa forma de tentar unir a comunidade após o sétimo lugar do ano anterior. Mesmo sem o título, conseguiu tal objetivo.
– Assim como no desfile da Arrastão de Cascadura, o ator Tarcísio Meira participou da gravação de uma cena do filme “A Idade da Terra” quando a Portela estava na pista – confira a partir de 18 minutos.
– Dizia-se nos bastidores que “O Amanhã”, sambaço da Ilha, foi escrito na verdade pelo lendário compositor Didi, algo negado veementemente pelo mestre João Sérgio, autor oficial do samba. Em entrevista ao jornalista Anderson Baltar para o livro “As Primas Sapecas do Samba”, a carnavalesca Maria Augusta garantiu ter ouvido pessoalmente João Sérgio cantarolar versos do samba logo que o enredo foi divulgado aos compositores, o que derrubaria a tese sobre Didi. No entanto, o que corre entre os insulanos mais antigos ainda nos dias de hoje é que Didi realmente escreveu o samba.
CANTINHO DO EDITOR (por Pedro Migão)
1978 marca a segunda grande crise na Portela, tal qual como 1974 desencadeada pela escolha do samba da parceria de Jair Amorim e Evaldo Gouveia, exógenos à Ala de Compositores da escola. O “racha” foi grande, com grande contestação aos métodos de liderança do então presidente Carlos Teixeira Martins.
Em 22 de janeiro de 1978 o jornal Correio Braziliense publicou em forma de suplemento especial uma conversa entre Paulinho da Viola e Candeia, bem como depoimentos de Elton Medeiros e Nelson Sargento. No suplemento – disponível na íntegra no site PortelaWeb – os rumos da Portela e do próprio desfile das escolas de samba são debatidos incessantemente.
Paulinho da Viola ficaria afastado da Portela até 1995, quando retornou após o afastamento do presidente Carlos Teixeira Martins, o Carlinhos Maracanã.
No filme “A Idade da Terra”, citado no texto, aparecem imagens do desfile da Portela.
Antes da construção do Sambódromo, as arquibancadas tubulares começavam a ser montadas por volta de setembro/outubro e eram desmontadas até abril, sempre a cargo da empresa Mills. Era um gasto alto para uma estrutura provisória, que seria resolvida apenas entre 1983 e 84 com a construção do Sambódromo – embora até hoje haja a montagem de diversas estruturas tão provisórias quanto antigamente, a cada ano em maior quantidade…
O Arrastão de Cascadura não desfila na Marquês de Sapucaí desde 2009, quando fez uma breve passagem pelo então Acesso B – que seria o A hoje. Veio e voltou para a Intendente Magalhães no mesmo pé, naquela oportunidade. Originalmente a escola era vermelha e preta em homenagem ao Flamengo, mas naqueles tempos havia a exigência de se usar as cores no desfile e, então a agremiação adotou o verde e branco de sua madrinha Império Serrano.
Já o Arranco do Engenho de Dentro manteve-se na principal passarela do carnaval até 2012, quando foi rebaixada para o então Grupo B – hoje C. A escola está também no quarto grupo para 2017, tal qual o Arrastão. As duas agremiações eram blocos de sucesso que se transformaram em escolas de samba no ano de 1973.
O Boi da Ilha, escola de origem do compositor João Sérgio, reeditou “O Amanhã” em seu desfile de 2006. Obteve apenas o décimo lugar entre doze agremiações. Desfilei naquela oportunidade.
A Unidos de São Carlos, hoje Estácio de Sá, era chamada à época de “ioiô”: subia em um ano, descia no seguinte. Entre 1977 e 1984 somente em 1979 isso não ocorreria, com a agremiação se mantendo no então Grupo 1 – sendo rebaixada no ano seguinte.
Muitos imperianos consideram o samba de 1978 o pior da história da escola. Seria o primeiro rebaixamento, que depois se repetiria em 1981 (anulado por uma virada de mesa), 1991, 1994 (também anulado), 1997, 1999, 2007 e 2009. Hoje a escola vai para seu (impensável) oitavo desfile consecutivo fora do Grupo Especial.
VÍDEOS
O desfile tricampeão da Beija-Flor
O samba da vice-campeã Mangueira
O empolgante samba da União da Ilha
O confuso desfile do Salgueiro
Fotos: O Globo, Portelaweb e Revista Manchete
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Excelente iniciativa essa de contar as histórias dos Carnavais anteriores a criação do Sambódromo, parabéns Fred e Pedro! Dá uma imensa saudade de tempos que não vivi!
O desfile da Mangueira é daqueles que dá orgulho em torcer pela verde e rosa, a imagem de Cartola, Nélson Cavaquinho e Carlos Cachaça na comissão de frente é histórica, bem como o casal Delegado e Neide de Mestre-Sala e Porta-Bandeira, o lendário Mestre Waldomiro no comando da bateria e Mestre Jamelão com sua voz inigualável! Uma pena nunca ter visto um desfile da minha verde e rosa com todas essas lendas atuando… E considero a frase da última alegoria a que melhor define a Mangueira: “Mangueira é povo… É povo… É povo…” Acredito que toda pessoa que possa vir a comandar um setor dentro da Mangueira ou a própria escola num modo geral, deva ter essa frase em mente.
O samba de 1978 é meu preferido na história da Beija-Flor. E nesse texto descubro que é fusão, do grande Laíla, imagino (aliás, espero que se recupere logo)…
Sobre o histórico samba da União da Ilha, “O Amanhã”, ao ler o texto lembrei que li em algum lugar uma versão sobre a origem desse samba, pesquisei e achei, é daqui mesmo, texto do Aloísio Villar, é “Uma Ilha cercada de samba”, o Pedro ou Fred bem que poderiam colocar o link pra quem quiser dar uma conferida nessa deliciosa história, eu achei ótima!
Vamos providenciar! ABS e obrigado
Aqui vai o link
http://www.pedromigao.com.br/ourodetolo/2011/07/orun-aye-uma-ilha-cercada-de-samba/
Nunca passaria pela minha cabeça que os desfiles pré-Sambódromo eram feitos na mão invertida da Rua Marquês de Sapucaí. E em épocas não tão tecnológicas como hoje, montagem de arquibancadas causavam um efeito dominó no trânsito.
O samba da Ilha de 78 nunca esteve tão atual quase quatro décadas depois, até porque “Como será o amanhã/Responda quem puder”…
Uma dúvida que quero tirar: a apuração no auditório do Regimento Caetano de Faria já aconteciam desde aquela confusão em 1960? A propósito, “Cenas Lamentáveis” por lugares melhores é dose pra javali.
Se o regulamento já era confuso em 78, viriam piores pela frente…
Se em 1978 os policiais gostavam de dar um, digamos, showzinho de truculência, em 2017 isto fica a cargo dos seguranças da Liesa – em uma versão bem piorada.
Imperatriz no segundo grupo é algo muito impensável nos dias de hoje.
Quanto a Portela em “A Idade da Terra”, se eu não me engano o desfile de 77 do Salgueiro (ou o de 79, não vou lembrar direito) também teve cenas mostradas em um filme.
Sobre o campeonato: um grande samba somado a J30 e sua genialidade comprovavam que a Beija-Flor viria para despontar no pelotão das grandes escolas do Rio.
Que venha 1979, o ano em que a estrela-guia começava a brilhar.
São tempos pré Luiz Pacheco Drummond
O samba da Imperatriz era um senhor samba!!! Pena que é meio esquecido, principalmente por ter desfilado na segunda divisão!!!
Sobre o caneco da Beija-Flor: merecidíssimo; o segundo maior samba da escola, em minha opinião!!
Qual é o primeiro?
Pra mim é o primeiro
“A inspiração, diga-se, veio da entrada de Rachel de Queiroz para a Academia Brasileira de Letras, quebrando um tabu e demonstrando a força feminina mesmo ante uma sociedade ainda bastante conservadora – e sob uma ditadura militar…”
Neste desfile, Raquel de Queiroz foi homenageada na comissão de frente. Minha mãe a interpretou nesse setor. Numa matéria do Bom Dia Brasil (TV Globo) sobre a Portela, minha mãe se viu numa cena rápida editada deste desfile e se lembrou, uma lembrança tipicamente bergsoniana, de quase toda a preparação para aquele carnaval. Eu estava ao lado dela, nossa! Como chorei no meu cantinho ouvindo minha mãe falar da história e afirmando sua parte da história do Carnaval.
Obrigado por me lembrar destas coisas, pessoal…
Ótima observação, Rodrigo! Obrigado por escrever e compartilhar a tua experiência conosco. Abraços!
Boa noite. Vale lembrar que o Salgueiro apareceu no filme do 007 neste carnaval de 78.
A filmagem dos desfiles de 78 e os anteriores são de difícil divulgação. Poderiam ser disponibilizados.
Terá uma versão para os carnavais de 74, 75, 76,e 77 ????
Parabéns pelo trabalho
Fala, Alberto! Colocamos a partir de 1978 por ser o primeiro ano dos desfiles na Sapucaí, por isso escolhemos o nome Primórdios do Sambódromo. Não está na nossa ideia fazer antes por enquanto.
Abraço!
show. Com relação aos vídeos, como poderíamos conseguir com as emissoras… ???
Diria que é quase impossível, por ser monopólio da Globo.
Muita coisa de 77 pra trás foi queimada no incêndio da Globo em 1976
mas podiam disponibilizar o que sobrou, assim como também os carnavais de 78 e os posteriores
Não disponibilizam nem 2016, vão disponibilizar década de 70?
Bom dia . Com relação ao comentário das emissoras de tv que transmitiram o desfile de 78 , além da Rede
Globo e TVE a extinta Tv Tupi também transmitiu os desfiles até 1980.