Como comentei no post anterior, passei o final de semana no Solo Sagrado de Guarapiranga, em aprimoramento para missionários e assessores de Ministros – que são os sacerdotes da religião messiânica.

Entretanto, o assunto deste post é outro.

Passei estes dois dias meio que isolado do mundo exterior. Celular não pega em todo lugar – embora seja impressionante como a internet do Blackberry é mais rápida em relação ao Rio – televisão somente tv aberta e jornais não chegam até lá. O silêncio e a paz são tão grandes que se conseguia ouvir os treinos da GT Brasil, categoria de turismo, em Interlagos – que não é exatamente perto do local onde se situa o templo.

Em outros tempos teria ficado quase com “crise de abstinência” de notícias. Desta vez tirando o desespero que foi para acompanhar o jogo do meu time pouco me importei em saber as novidades ou os últimos e palpitantes acontecimentos.

Até porque o conceito de “notícia” vem sofrendo uma alteração bastante perceptível nos dias de hoje. Com a difusão das novas formas de conteúdo e de divulgação de fatos, por um lado a grande imprensa perdeu parte do poder de “decidir” o que seria notícia e a forma como seria apresentada; mas, por outro, o bombardeio de informações gera uma produção de informação muito acima do que nossos cérebros são capazes de processar.

Com isso estabelece-se uma forma de “overdose” de notícias que se não for bem administrada toma bastante tempo e torna ineficaz a nossa alocação de horas dispendidas. Pode haver uma sensação de que estamos desperdiçando a nossa capacidade.

Tive um outro sintoma disto na parada para o lanche, já na volta ao Rio de Janeiro. Normalmente corro para a banca de jornais do restaurante da estrada a fim de comprar todos os jornais ainda disponíveis. Entretanto, ontem havia uma variada gama de opções, inclusive cariocas, e sequer me interessei em comprar. Fiz o meu lanche, tomei duas latinhas de cerveja e segui meu caminho.

Acredito que muito deste desinteresse vem do fato de os grandes jornais cada vez mais venderem opinião ou posições políticas travestidas de “Informação”. Comparando-se o mundo vivo da internet, dos portais, dos blogs e das redes sociais percebe-se o quão a “velha” notícia está moldada de forma a atender os interesses de quem a publica. A diferença de abordagens e de precisão é substancial.

Também percebe-se como as prioridades da “velha” mídia estão distorcidas pela defesa de posições patrimonialistas. Fatos – especialmente políticos – que repercutem no mundo inteiro são ignorados por este ou aquele veículo dependendo de suas convicções e do posicionamento opinativo que se tenta vender enquanto objetivo. A discrepância entre o molde e a vida real é a cada dia maior e mais difícil de se camuflar.

O assunto não se esgota aqui; mas queria registrar este “saturamento” de jornal  e de informação que eu, e acredito outros leitores vorazes, sentimos neste momento.

7 Replies to “A velha mídia e o desinteresse pela notícia”

  1. Esse comprometimento da “grande” imprensa é muito relativo, meu caro. Pode ser contra ou a favor do governo. Se a Veja joga contra o governo, a Carta Capital (e seus canais derivados) ataca a oposição em todos os momentos. No âmbito estadual, a Globo (TV, jornais, internet e rádios) é parceira de Sergio Cabral, por exemplo.

  2. Migão, mas não existe mídia imparcial hoje em dia. Em lugar algum do mundo. A mídia coloca as idéias que pensa (a favor ou contra uma ideologia, política, candidato etc). Cabe às pessoas decidirem.

    O problema, no Brasil, é que temos a maior parte da população acéfala, alienada dos problemas reais, onde o que está em jogo não é uma política a longo prazo e sim imediatista. O povo prefere viver o oba-oba de uma Olimpíada na cidade a ter saneamento básico, segurança e hospitais decentes.

  3. Pedro Migão, meu caro
    Essa midia que aí está com o seu procedimento perverso de manipulação da notícia aliado a fabricação de factóides e defesa acirrada da oligarquia e do conservadorismo,é a manifestação real da pobreza do jornalismo atual.
    Nesse sentido, não sei se voce ficou sabendo, realizou-se aqui em São Paulo, entre os dias 14 e 15/5,o lançamento do “Centro de Estudos da Midia Alternativa Barão de Itararé”.
    Foi emocionante participar e interagir com profissionais devotados a lutar pela total democratização da comunicação.
    O presidente é o Altamiro Borges e o conselho e formado entre outros por-Luis Nassif, Azenha,Rodrigo Vianna, Leandro Fortes, PHA.
    Embora entusiasmado com os conceitos e com a honestidade da proposta ouso entender que faltou a formatização de um plano estratégico objetivo propondo metas e privilegiando um foco.
    Para isso escrevi um email para o Argemiro Borges nesse sentido.
    Se voce tiver interesse peço-lhe o favor de assessar o meu blog -www.causosehistorias.blogspot.com
    Um grande abraço
    Fernando Simas

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