Eu ia escrever um texto com “13 Razões para Votar em Dilma Roussef”, mas os afazeres da semana somados a uma gripe forte me deixaram sem condição para tal.
Entretanto, o leitor do Ouro de Tolo não ficará órfão de motivos para escolhar Dilma Roussef como sua opção à Presidência. Teremos, hoje e amanhã, dois textos com motivos para tal – o de amanhã, do professor Idelber Avelar, é bem semelhante com o que eu iria escrever.
Hoje temos um texto sensacional em nossa coluna de (quase) todos os sábados, a “Sobretudo”. Assinada pelo publicitário Affonso Romero, faz um histórico e alerta ao leitor contra manobras golpistas – como eu mesmo já escrevi outras vezes aqui.
A coluna é um pouco longa, mas vale a leitura. Indispensável.
O Voto Contra o Golpe
Brasil, 1954. Num país redemocratizado, o Presidente Getúlio Vargas sofre uma insidiosa campanha por parte da imprensa conservadora, liderada pelo jornalista Carlos Lacerda, da Tribuna da Imprensa.
Em seu segundo período na Presidência, desta vez levado ao poder pelo voto, Getúlio usa de sua imensa popularidade para, depois de industrializar o País e imprimir uma legislação trabalhista, conduzir uma política nacionalista cujas maiores bandeiras eram a criação da Petrobrás e a regulação da atividade das empresas estrangeiras no Brasil.
Ao autorizar um aumento de 100% no salário-mínimo, Getúlio tem que se defender de um processo de impeachment e usa para isso sua maioria no Congresso. O capital norte-americano une-se aos políticos de direita da UDN, a setores do empresariado local, ao oficialato das forças armadas e à imprensa venal para manter o governo sob constante pressão.
O Governo Federal era acusado, principalmente, de grande corrupção e de atentar contra as liberdades e instituições democráticas.
Braço direito de Getúlio, o cão-de-guarda Gregório Fortunato se envolve numa tentativa de assassinato de Carlos Lacerda, que acaba por ferir de morte um major da Aeronáutica. Aumenta a pressão pela renúncia do Presidente, que é acusado de viver cercado de colaboradores corruptos. O caso, como se sabe, acaba com o suicídio de Getúlio e sua carta-testamento, em que denuncia os reais motivos de seus opositores.
Hoje, a História mostra que o tiro de Getulio abortou um golpe de Estado que já se encaminhava célere, tirando a vida do Presidente, mas dando mais um fiapo de sobrevida ao ciclo democrático brasileiro. Mostra também que realmente havia corrupção no seio do Governo, como aliás sempre houve ao longo de 500 anos de Brasil. Mostra que realmente havia episódios de abuso de poder, como fica claro no atentado elaborado por Gregório. Mas mostra que as intenções de pseudo-moralidade dos opositores de Getúlio eram pérfidas, não estavam a serviço do bem público, mas ao reboque de interesses contrários aos do povo brasileiro.
E Getúlio passou para a História como um dos maiores presidentes do Brasil.
Brasil, 1955. Pouco mais de um ano depois da morte de Vargas, um grupo de oficiais da Aeronáutica se opõe abertamente à posse do Presidente eleito Juscelino Kubitschek e de seu vice João Goulart (o ex-Ministro do Trabalho de Vargas que concedeu 100% de aumento do salário-mínimo). A UDN conservadora novamente levara uma surra nas urnas e seu porta-voz Carlos Lacerda e sua Tribuna da Imprensa eram mais uma vez utilizados para atacar a democracia.
Desta vez, foi o Marechal Henrique Lott quem evitou uma nova tentativa de golpe, garantindo a posse de Juscelino. Desde antes da posse, e até o último dia de governo, JK sofreu uma campanha permanente em que era acusado de corrupção e de atentar contra as instituições a partir de uma postura personalista.
A História hoje mostra que houve episódios de corrupção no Governo JK, principalmente durante a construção de Brasília, mas Juscelino também é reconhecido como um dos maiores Presidentes do Brasil.
Brasil, 1961. Depois de uma campanha carregada de mensagens moralistas, com a proposta de limpar o Brasil da corrupção, tendo como símbolo uma vassoura e apoiado pela UDN de Lacerda, Jânio Quadros tenta costurar seu governo recém-eleito. Sem maioria no Congresso (ainda dominado por PSD e PTB) e tendo como vice o opositor João Goulart (as eleições de Presidente e vice eram dissociadas), Jânio afasta-se da UDN. É o suficiente para ser massacrado pela pena de Lacerda, exímio articulista.
Vendo-se isolado e sob ameaça de golpe, Jânio tenta tomar o poder absoluto por aclamação popular, valendo-se para isso um auto-golpe, um ato desesperado de renúncia. Revelando menos coragem que Getúlio, Jânio cai, deixando um vácuo de poder. Lacerda e as forças conservadoras tentar impedir a posse do Vice-Presidente. É imposto um período de parlamentarismo. Mais uma vez, a ordem democrática é derrubada pela dita “imprensa livre”.
João Goulart sofre, durante todo o seu governo, um incessante ataque, acusado de corrupção, de incentivar a subversão, de atacar a democracia com a suposta intenção de transformar o Brasil numa sociedade totalitária socialista.
Brasil, 1964. Com o apoio das mesmas forças que tentaram o golpe contra Getúlio, contra JK e contra Jânio, em 1° de abril um golpe militar finalmente consegue o intento de derrubar a democracia. Baseado nos mesmos argumentos de falsa moralidade pública, com o apoio irrestrito de toda a grande imprensa nacional, com conivência das classes dominantes e da alta classe média, com logística norte-americana, conforme pode hoje ser contado pela História oficial e extra-oficial.
Um longe período de trevas se abate sobre o Brasil a partir de então. A corrupção cresce ainda mais, as instituições civis são, uma a uma, destruídas. A ponto de até mesmo alguns dos articuladores do golpe de 64, entre eles setores da imprensa conservadora e o próprio Carlos Lacerda, arrependerem-se do apoio aos militares.
Brasil, 1992. Primeiro Presidente eleito pelo voto direto desde o golpe de 64, Fernando Collor faz um governo cheio de erros, mas com um acerto fundamental: abrir alguns setores cartoriais da economia à concorrência internacional. Esta iniciativa contrariaria muitos elos da corrente conservadora que o ajudou a se eleger, dentre as quais a grande imprensa e a classe empresarial nacional. Aos poucos, cai a máscara moralista de falso “Caçador de Marajás” e Collor passa, ele mesmo, a ser a caça. Em meio a um processo de impeachment, Collor deixa o Governo.
Ressalte-se que ele não dispunha de base orgânica ou parlamentar, pois seu partido, o PRN, tinha uma bancada mínima no Congresso Nacional. Isso foi importante para a sua derrubada, pois o seu relacionamento com o Congresso era péssimo.
Hoje, a História começa a mostrar que, para além dos motivos reais que tornaram seu governo um escândalo, os fatores que mais contribuíram nos bastidores de sua queda diriam mais da falta de honra de seus opositores do que de seu próprio séquito de marginais encastelados no Governo Federal.
Brasil, 2003. Lula assume finalmente o Governo brasileiro, alcançando a vitória eleitoral depois de sofrer sucessivas derrotas. Em algumas dessas derrotas, foi vítima de armações urdidas por seus adversários com a conivência ou participação direta da grande imprensa.
Como na eleição de Collor, em que uma vídeo-edição do debate entre os candidatos veiculada pela Rede Globo em seu Jornal Nacional pode ter mudado os rumos das urnas. (a mesma Globo que, anos antes, havia participado de uma armação contra Leonel Brizola na eleição para o Governo do Estado do Rio). Ainda em 89, o Jornal do Brasil lançou para Collor uma das maiores baixarias eleitorais até então, a divulgação-relâmpago de Lurian Cordeiro, na época menor de idade, filha ilegítima de Lula. 
Em 1995, a imprensa participou da mitificação de FHC, um não-economista que teria sido o pai da política anti-inflacionária de Itamar Franco. Em 1998, ignorou quando o mesmo FHC subornou o Congresso para conseguir a emenda da reeleição. E, na eleição de 2002, fez coro ao clima de terror imposto ao eleitor, repercutindo que Lula levaria o Brasil de volta ao ciclo inflacionário, afugentaria capitais, faria um governo socialista, perseguiria religiões e outras barbaridades não confirmadas nos anos seguintes, campanha fascista cujo símbolo perfeito foi a fala da falsamente apavorada atriz Regina Duarte no horário eleitoral do PSDB.
Durante todo o seu governo, Lula viu-se acusado das mesmas coisas de que já foram acusados, com maior ou menor intensidade, com maior ou menor fundo de verdade, Getúlio Vargas, Juscelino Kubistchek, Jânio Quadros, João Goulart, Fernando Collor e tantos outros que se colocaram, total ou parcialmente, contra os interesses econômicos de uma elite colonizada que deseja a perpetuação de um Brasil pobre, cartorial, dependente, subdesenvolvido, sectário, americanófilo, analfabeto, inculto, acorrentado.
Lula resistiu ao golpismo permanente e alcançou seu segundo mandato pela via democrática. Entre erros graves e acertos constantes, navegando pelo mar de lama instalado na política e administração pública brasileiras desde que a primeira nau de Cabral aportou na Bahia (pelo menos), Lula e seu partido conduziram o Brasil a um novo patamar econômico e social.
É bem verdade que, como alegam os experts de plantão, o atual Governo herdou sementes plantadas por seu antecessor. Bem como é verdade que herdou males e vícios. O propinoduto, Marcus Valério e o mensalão, que contaminaram os primeiros anos de Governo, foram originados no Governo FHC, segundo as investigações exigidas pela própria oposição tucana. Outro exemplo é a bomba-relógio inflacionária deixada na cadeira de Lula por FHC, que os economistas do PT souberam desarmar.
Quanto às bases econômicas e aos proto-projetos de programas sociais e demais virtudes atribuídas ao período FHC, se verdadeiras, também não constam do repertório tucano qualquer agradecimento ou reconhecimento do que tivessem conseguido graças aos seus antecessores Itamar Franco e, principalmente, Fernando Collor. Se Lula tem o mau hábito de se achar início e fim de todo avanço brasileiro, FHC e sua vaidade não ficaram atrás.
Política é assim mesmo: cada um que destaque seus resultados e desconsidere o que recebeu. E todos, igualmente, dão continuidade aos vícios e virtudes de seus antecessores. Com o diferencial de que apenas com Lula o Brasil deu o salto que deu. Lula pode até se pavonear além da realidade, mas os números não mentem, e os resultados do último período de 8 anos são impressionantes em todas as áreas, distribuem-se por todas as camadas sociais e regiões do País. Deve ser duro para a vaidade do Doutor pela Sorbonne Fernando Henrique Cardoso assistir ao assim chamado semi-analfabeto Luis Inácio da Silva obter para o Brasil conquistas que ele jamais sequer ousou alcançar. É a metáfora pronta de como se sente a elite dirigente, que não construiu uma nação em 500 anos, mas vê o povo tomar as rédeas e construí-la.
Até recentemente, diziam que a diferença a favor de Lula é que ele teve a sorte de passar seu governo sem ter enfrentado sequer uma crise econômica no mundo, enquanto o Brasil de FHC sucumbiu a diversas delas. A imprensa “livre” foi porta-voz insistente deste argumento.
A crise de 2008, a maior crise econômica mundial desde quase 80 anos, muito maior que qualquer turbulência que FHC tenha enfrentado, jogou por terra esta linha de raciocínio, uma vez que o Brasil tenha saído dela fortalecido em relação a seus competidores internacionais.
Tudo isso deu a Lula um cacife que FHC não teve: fazer sua própria sucessão. E, por fazê-la, foi acusado de personalismo, de inverter a lógica democrática que implicaria numa neutralidade presidencial, em uma pseudo-liturgia de cargo recém-inventada.
Como se Itamar não tivesse ajudado a eleger FHC (sob a conivência silenciosa da imprensa). Como se FHC não tivesse tentado fazer seu sucessor (sob o mesmo silêncio). Acontece que nenhum dos dois teve o peso que Lula está tendo agora. Porque nenhum dos dois era Lula, porque “nunca antes na História deste País” um Presidente encerrou o mandato com 80% de aprovação popular.
E acusam o PT de tentar se perpetuar no poder. Como se não fosse legítimo a um partido detentor de tamanha aprovação popular tentar se manter no governo através do voto popular. Como se o PSDB não estivesse no Governo do Estado de São Paulo há duas décadas, legitimado pelo voto, apoiado pela imprensa, amparado em sua maioria na Assembléia local para barrar investigações, CPIs e abafar críticas da oposição.
Voltam-se contra Lula e o PT todas as lupas e purismos administrativos, como se apenas no Governo Federal houvesse transgressões. Apurar e fiscalizar é direito e dever da sociedade, e a imprensa livre é uma das ferramentas mais importantes para isso. Acusar ás vésperas de pleitos eleitorais é oportunismo barato, golpismo da pior espécie.
A Polícia Federal teve amparo e liberdade para investigar a tudo e a todos nestes 8 anos. Nenhum órgão de imprensa foi perseguido por denunciar o que quer que fosse. Mas tentam colar à imagem do Presidente a pecha de antidemocrata. Como assim? Será por que ele critica a imprensa em sua irresponsabilidade? Será por que ele questiona a estrutura da comunicação social no Brasil?
Ora, a mesma imprensa que julga que é democrático acusar antes de investigar, a mesma imprensa que pensa que é democrático que os mesmos grupos econômicos controlem simultaneamente rádio, tevê, internet, cabo, jornais e revistas, a mesma imprensa que se coloca acima da justiça e do interesse social, a mesma imprensa que constrange seus profissionais contratados e nega-lhes liberdade de pensamento, a mesma imprensa que faz-se de independente mas esmola por publicidade oficial, a mesma imprensa que confunde espaço editorial e factual, é a mesmíssima imprensa que se sente ofendida pela critica feita pelo Presidente Lula, negando-lhe o direito de livre expressão de opinião. E que nega-lhe o direito de apoiar livremente a candidatura de seu partido nas eleições, citando para tal uma “liturgia do cargo” que simplesmente inexiste em outras democracias. É ou não é uma maravilha de relativização dos conceitos de democracia e liberdade?
Ou não seria um direito inalienável do cidadão Luis Inácio emitir opinião pessoal acerca de voto e instituições? Assim como desagrada a mim a imprensa brasileira, com sua tradição golpista que remonta a muito antes de Carlos Lacerda e sua Tribuna, assim também o Lula não gosta da imprensa.
Não são os jornalistas, não é a imprensa, como instituição fundamental na construção de uma sociedade. São as poucas empresas de comunicação que, juntas, dominam de forma totalitária o jornalismo no Brasil. É o poder de 5 ou 6 famílias que controlam Abril, Globo, Folha e Estadão. Lula não goste de se ver criticado nas páginas dos jornais tanto quanto os donos de jornais não gostam de se ver criticados nas falas do Lula.
Esta gente que representa hoje aquilo que já foi representado de forma mais talentosa pelo texto de Carlos Lacerda e sua infame Tribuna da Imprensa. Assim como o PSDB transformou-se no pior espectro da UDN golpista, falsamente moralista e ruim de voto. E sua frustração em não tocar o coração e a razão do eleitor – porque realmente não há identificação entre estes elitistas incompetentes engravatados e o povo brasileiro – faz deles golpistas de plantão. São eles que, depois de tantas e contundentes derrotas, desfazem da democracia e preparam o golpe.
Conhecer um pouco da História nos ajuda a perceber quando os mesmos argumentos e artifícios são usados, quando as mesmas forças se disfarçam mas voltam a rondar de forma idêntica, quando argumentos e fatos são distorcidos de forma indisfarçável, pelo mesmo tipo de gente, por detrás dos mesmos interesses.
Brasil, 2010. Amanhã, é inevitável que Dilma seja eleita pelo voto do povo brasileiro. Pelo fato simples e límpido de que, numa proporção acachapante de 4 para 1, o eleitor aprova o Governo Lula. Nem isso garante que cada uma dessas percepções do sucesso do Governo seja transformada em voto. Mas o tanto de voto “transferido” para a figura de Dilma garante esta vitória da democracia.
Mas há algo no ar quando, nas vésperas de uma eleição inquestionável, os editorias de todos os telejornais da Rede Globo, com ampla repercussão orquestrada pela imprensa escrita, destacam que “nem só de voto é feita a democracia”. Isso foi dito assim, às vésperas da festa dos votos, em rede nacional.
É o prenúncio do movimento golpista que surge no horizonte. O jogo duro daqueles que não sabem perder está sendo anunciado para quem queira escutar. O ataque à livre manifestação popular do voto está sendo ilustrado com a imagem recorrente de governos populistas ao longo da História mundial, e comparações de Lula com Perón, Chaves e até Hitler, que tentam confundir a população.
A guerra subterrânea travada contra Dilma no uso covarde de mensagens não identificadas na internet, a incitação ao levante, as menções distorcidas da atividade política dos candidatos na época da ditadura militar, as referências que misturam posições pessoais em um passado remoto e plataforma atual, tudo isso é uma baixaria que ofende a inteligência do eleitor e a construção de uma sociedade democrática.
A resposta a tudo isso tem que ser o voto. O resultado das urnas tem que ser contundente, tem que ser o sinalizador claro da sociedade de que não há espaço possível para um golpe ser armado no Brasil. É necessário, sobretudo, dar sustentação política ao novo governo na Câmara e no Senado, como se apresenta bastante provável segundo as pesquisas.
Existem lacerdas, tribunas da imprensa e UDNs de plantão. Como diria o Capitão Nascimento, “nunca serão”. E é o seu voto, caro (e)leitor, que gritará nos ouvidos golpistas:
“PEDE PRA SAIR !!!”
O Brasil, o povo brasileiro, o voto e a democracia serão os campeões de amanhã. Bom voto e boa sorte, Brasil.
OS – Eu incentivaria que você leia também os seguintes textos:

2 Replies to “Sobretudo: "É Dilma na Cabeça!"”

  1. AFF SEM COMENTARIOS ESSA DILMA É RIDICULA E PAU MANDADO DO LULA!
    QUE NÃO TEVE UM ÓTIMO GOVERNO!
    ELE NÃO FEZ MAIS QUE A OBRIGAÇÃO MINIMA E QUALQUER OUTRO FARIA IGUAL OU MELHOR QUE ELE!

    E-MAIL:DANILO.S.BORGES@HOTMAIL.COM

  2. Não sou a favor da Dilma. Pelo contrário…

    Mas pau-mandado ela não é não. Quem está esperando isso, vai se surpreender com a escalada de medidas que Lula não teria coragem de tomar.

    Dilma foi capaz de roubar e matar pelo que acreditava. É marca de quem não vai permitir que façam nada fora do que ela deseja. Mais não digo…

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