Fred Sabino, brasileiro nascido nos Estados Unidos, 30 anos, jornalista há dez. Especializado em automoblisimo, trilhou um longo caminho até chegar ao posto que ocupa hoje, de editor de esporte a motor do jornal Lance. Cobriu GPs de Fórmula 1 ao vivo e acompanha as principais categorias nacionais.

Através de um amigo comum fomos apresentados e vem se desenvolvendo uma amizade cimentada por três paixões: o Flamengo, o carnaval (embora ele seja mangueirense e eu portelense) e o automobilismo. Fred Sabino é o entrevistado de hoje da coluna “Jogo Misto”.

1) Vamos começar do início: você nasceu nos Estados Unidos e chegou bebê ao Brasil. Como é esta história?

FS – Ah, é até simples. Meus pais trabalhavam juntos no exterior e eu acabei nascendo lá. Mas cheguei ao Brasil com menos de um ano de idade, quando ambos tiveram de voltar ao país. Morei sempre no Rio, estou há 29 anos no mesmo endereço (risos).

2) Seu caminho até poder trabalhar com a paixão chamada automobilismo foi bastante longo e enfrentou algumas trocas de área. Como este caminho profissional se formou?

FS – É uma história longa mesmo (risos).

Comecei a escrever em 2001 no jornal da AMALEME (Associação de Moradores e Amigos do Leme), mas era um “frila” [N.doE.: freelancer, ou seja, sem vínculo empregatício], como se diz. Em 2002, participei do concurso para vaga de estagiário no LANCE! e entrei em outubro daquele ano. Comecei fazendo atualização de tabelas do LANCENET! e envio de notícias via SMS e, aos poucos, diante da demanda da redação, comecei a publicar algumas notas.

Depois, fiz alguns jogos do Carioca de 2003 para cobrir folgas de outros repórteres, sempre no site. Ainda naquele ano, atuei alguns meses como repórter de futebol nacional do site até que em junho fui convidado para ficar em definitivo no poliesportivo como repórter, embora em 2004 eu tenha sido editor especial do site olímpico. Trabalhei como redator até o segundo semestre de 2005 e no período, paralelamente, fiz algumas matérias para a revista A+ e o diário LANCE!.

Daí pintou uma vaga de sub-editor do LANCENET! e em abril de 2007 o editor-chefe passou para o impresso, abrindo a vaga para mim. Quando assumi, ainda com 25 anos, tentei implantar algumas ideias mais voltadas para internet e, junto ao editor-chefe do LANCE!, Luiz Fernando Gomes, e ao editor-executivo do diário, Eduardo Tironi, implantamos os núcleos de cobertura na redação.

Foi um processo complicado no começo, já que antes havia sido tentada uma integração de mídias. Contudo existia uma divisão entre repórteres de impresso e site, e os do diário não gostavam dessa convergência, seja pela questão de aumento de demanda ou por preconceito quanto à internet – já que a formação de todos era voltada para jornal. Mas, aos poucos, conseguimos implantar os núcleos e a rotina se ajustou.

Paralelamente a audiência do site começou a crescer graças a outras medidas diárias, como publicação de sonoras e vídeos, galerias de fotos e matérias originais, que antes não costumavam entrar no site para não concorrer com o diário. Mas apesar das evoluções editoriais ainda tínhamos sérios problemas com o publicador, muito instável, que afetava diretamente a produção. Diante desse quadro, acabei desperdiçando muita energia e em 2008 propus a criação de uma editoria voltada ao automobilismo, um desejo antigo.

Em 2009, com a crise econômica e um corte de gastos severo na empresa, tive de tocar a editoria sozinho, com ajuda providencial em algumas ocasiões do pessoal do Poliesportivo da redação de São Paulo – a quem sou muito grato. Depois, com a poeira assentada, aos poucos fortalecemos a editoria, com a grande contribuição do correspondente Luis Fernando Ramos, que voltou à casa em 2010, dos repórteres Thiago Correia e Willon Fragoso, que hoje trabalham em outras áreas, e do meu atual partner Rian Assis. Conseguimos, então, tornar o LANCE! o veículo impresso diário que cobre com maior profundidade o automobilismo nacional e temos uma vasta cobertura de Fórmula 1 sempre com matérias originais e aprofundadas.

Isso me dá muito orgulho e sou muito grato à direção da casa pela paciência e confiança.

3) Qual a avaliação que você faz do automobilismo nacional hoje?

FS – É uma situação complexa.

Para não me alongar muito, eu resumi tudo o que penso no meu blog (leiam no link). Faltam categorias de base de monopostos, os autódromos estão sucateados, há um sério problema de critérios dos comissários… Temos excelentes pilotos, mas falta organização.

Além desse cenário cada vez mais chego à conclusão de que há apaixonados por automobilismo no Brasil, mas são poucos. Os brasileiros, na maioria, só querem saber de corridas quando um brasileiro ganha na Fórmula 1. Para eles, se o Barrichello ou o Massa, que são ótimos pilotos, não ganham, eles são lixos.

Meu amigo Bruno Vicaria também escreveu sobre isso no seu blog (leiam aqui) e meu pensamento é totalmente alinhado com o dele.

4) E sobre a Fórmula 1 atual?

FS – Há uma geração de excelentes pilotos e os últimos campeonatos têm sido emocionantes. A Fórmula 1 sempre será o máximo dos máximos no automobilismo. Apenas não gosto de tantas mudanças de regulamento. Eles adoram dizer que é preciso cortar gastos, cortar gastos, mas em quase todo ano o regulamento muda. Como poupar dinheiro se as equipes precisam se adaptar toda hora a mudanças radicais de regras?

Mas, apesar de tudo, a Fórmula 1 continua sendo fantástica.

5) Você considera válidos os artifícios de regulamento utilizados este ano para elevar o número de ultrapassagens? Por quê?

FS – Gostei da ideia de fazer pneus de compostos bem diferentes e é isso que vem tornando as disputas legais este ano, não a asa móvel ou o Kers. Se puxarmos pela memória, grandes brigas na pista tinham como pano de fundo pilotos com pneus em diferentes estados de desgaste.

Mas sou contra um piloto ser obrigado a usar diferentes jogos de pneus numa mesma corrida. Penso que cada piloto deveria ter um número X de jogos de pneus macios e duros para a classificação e um número Y para a corrida, e cada um deveria administrá-los da melhor forma. Era assim nas décadas de 80 e 90.

Já um dispositivo como o DRS [N.doE.:  a chamada “asa móvel”] é a prova da incompetência dos dirigentes em conter a escalada aerodinâmica – que foi o grande mal da Fórmula 1. O Kers eu acho necessário no futuro, na questão de tornar os carros menos poluentes, com a exigência de menor emissão de gases.

6) Qual seu prognóstico para a temporada deste ano?

FS – O Vettel está com uma mão e quatro dedos no caneco. Como os carros de hoje dificilmente quebram é só ele administrar os resultados na sequência do campeonato. Ele pode correr por pódios até o fim do ano, numa boa. Basta ele não se envolver em acidentes idiotas.

7) E a nova chance para Bruno Senna na Fórmula 1?

FS – Sem dúvida é uma grande oportunidade, a maior da sua carreira.

Bruno é um cara muito centrado e inteligente, que não se deixa levar por nenhuma espécie de oba-oba. Ainda não dá para avaliar o quão ele pode evoluir na carreira, uma vez que ele pilotou no ano passado o que se chama no automobilismo de ‘cadeira elétrica’ [N.do.E.: carro muito ruim, sem condições mínimas de competitividade]. Na Renault, se ele conseguir marcar pontos e não cometer erros, tende a começar a temporada do ano que vem. Aí sim, ele terá como crescer.

8) A indicativa é de que Felipe Massa não permaneça na Ferrari após a temporada de 2012. Qual seria a melhor opção possível para ele? Por quê?

FS – A grande vaga que vai se abrir nos próximos anos é a da Red Bull quando Webber abandonar as corridas. Resta saber apenas se o time fará a tradicional opção de subir alguém da Toro Rosso, como foi com Vettel. Hoje, Buemi e Alguersuari não inspiram confiança, o nome que a Red Bull enxerga como aposta é Daniel Ricciardo.

Caso não consiga uma vaga na Red Bull, vejo ainda uma possibilidade na Mercedes, numa eventual vaga de Michael Schumacher. Em 2006, Schumi foi importante para assegurar sua vaga ao Felipe e os dois são muito amigos. Fora Red Bull e Mercedes, vejo um horizonte mais complicado. Mas ‘cavar’ alguma coisa agora, tanto para o bem como para o mal, seria muito precipitado.

Ressalvo que esse cenário naturalmente é uma opinião minha, não tenho nenhuma informação concreta sobre isso.

9) Emerson, Piquet e Senna. Qual sua avaliação sobre nossos pilotos campeões do mundo?
FS – Emerson é o grande responsável por estarmos aqui discutindo sobre automobilismo. Sempre deu a cara para bater, seja ao ir para a Europa, dar uma banana para a Lotus no fim de 1973, trocar a comodidade de uma McLaren pelo desafio de ter uma equipe nacional (acima) ou mesmo ao se aventurar nos Estados Unidos. Devemos tudo a Emerson, que, além de toda sua carreira, que dispensa apresentações, é um gentleman. Está sempre sorrindo e trata todo mundo com extrema educação e simpatia até hoje.

O Nelson é oriundo das oficinas, demonstrou incrível astúcia ao longo da carreira, desenvolvia carros como ninguém e ganhou na marra um tricampeonato numa equipe que estava toda contra ele – o que jamais será visto novamente. Isso tudo sem falar na técnica apuradíssima e velocidade, que também dispensam apresentações. Outro gênio. Fora das pistas, mantém-se fiel ao seu jeito de ser e não tem meias palavras, o que é louvável. Concorde-se ou não com algumas posições, Nelson é coerente e nosso país seria melhor se todos se expressassem suas opiniões sem receios ou melindres.

Já o Ayrton era meu ídolo de infância. Desde pequeno gostava do fato de ele ser arrojado e um lutador seja quais fossem as condições. Ele foi sem dúvida o piloto de maior talento natural da História. Até ele amadurecer, na virada da década, pagou pelo ímpeto e desperdiçou resultados. Mas, com o tempo, manteve-se arrojado, só que com um refinamento ímpar. Fora que ele era um piloto capaz de andar com pneus slicks numa pista úmida, passar quatro adversários na primeira volta, sustentar um carro na pista com a sexta marcha e vencer.. Jamais saberemos o que ele poderia ter alcançado se não tivesse morrido tão cedo.

Em cima de Senna e Piquet, só lamento que uma rivalidade boba criada entre eles tenha fomentado uma parcela de torcedores idiotas que são incapazes de reconhecer o talento de um e de outro e ficam se agredindo nos fóruns de internet por aí. São os mesmos tipos de imbecis que eu citei antes, que não contribuem para o nosso automobilismo e são torcedores de ocasião. Nossos campeões não mereciam isso.

10) E sobre os principais pilotos da Fórmula 1 atual?

FS – O mais completo hoje é o Alonso, mas o que mais me agrada é o Vettel, que, aos poucos, vai atingir o nível de experiência do espanhol e tende a superá-lo. O Hamilton enche os olhos e é o mais veloz deles todos, mas tem uma capacidade incrível de desligar o cérebro e cometer erros absurdos. Button tem uma técnica maravilhosa e aproveitou muito bem a chance que teve de ser campeão, mas falta aquela pitada de arrojo.

Sobre os brasileiros, infelizmente Massa não conseguiu converter a oportunidade que teve para ser campeão e hoje não vem conseguindo superar Alonso na Ferrari. Mesmo assim, as pessoas têm memória curta em relação ao Felipe. Ele teve excelentes momentos e não foi campeão por detalhe. Ele pode reagir, depende dele.

Já Barrichello, embora ainda tenha total capacidade técnica de competir numa equipe de ponta, perdeu os seus melhores anos quando era companheiro do Schumacher e já está com quase 40 anos, o que dificilmente lhe renderá uma vaga num time grande. Mas Rubinho teve o mérito de manter o Brasil na Fórmula 1 no seu período mais difícil, quando Senna morreu. Se ele não tivesse batalhado, talvez a Fórmula 1 fosse apenas algo passado, já que nas décadas de 90 e 2000 ninguém conseguiu nada de bom além dele.

11) Por que a categoria depende a cada dia mais dos “pilotos pagantes”? Por quê?

FS – Simplesmente porque a Fórmula 1 demanda muitos gastos das equipes e o momento é de crise econômica global.

O problema não é o piloto ser pagante. O problema é o piloto ser ruim. O Sergio Perez, por exemplo, é pagante mas muito promissor, já mostrou que é veloz. No começo, o Alonso levou para a Renault o patrocínio da Telefonica. Agora, o problema é quando aparece um Karun Chandhok da vida, um Narain Karthikeyan…

12) O Brasil vive uma clara entressafra de pilotos. Por quê? Há algum nome que possa chegar à F-1 e ser bem sucedido ?
FS – Como não temos quase nenhuma categoria de base de monopostos e na Europa os custos são elevados, é muito difícil alguém se desenvolver nas categorias de fórmula. Ainda temos alguns bons nomes, como o Luiz Razia (hoje na GP2), o Felipe Nasr (virtual campeão da Fórmula 3 Inglesa) e o Cesar Ramos (World Series), mas eles precisam ter boas oportunidades e abrir a porta certa.

O Massa, por exemplo, foi campeão da Fórmula 3000 Italiana, que não tem tanto prestígio, mas fechou um contrato com a Ferrari e foi para a Sauber. Abriu a porta certa e, com o talento inegável que tem, quase foi campeão do mundo. Então, a porta que se abre é decisiva também.

13) Quais os motivos desta entressafra?

FS – Todo país enfrenta entressafra.

A França, por exemplo, chegou a ter sete pilotos no grid em 1980 e foi campeã com Alain Prost, mas depois dele só apareceu um cara razoável que era o Olivier Panis. Agora, o país tem o Romain Grosjean, o Charles Pic e o Jules Bianchi na GP2, prontinhos para a Fórmula 1. A Alemanha não teve quase ninguém de prestígio até o Schumacher. A Áustria teve os campeões Jochen Rindt e Niki Lauda e o Gerhard Berger era muito bom, mas não pintou ninguém. A Itália tinha muitos pilotos nas décadas de 80 e 90 e ninguém despontou – eles não têm um campeão desde 1953.

A Fórmula 1 é a nata da nata, e para ser campeão do mundo é preciso ser acima da média. Nós tivemos três gênios seguidos e nos acostumamos mal. Talvez se o brasileiro gostasse mesmo de automobilismo encararia essa entressafra com normalidade, como é nos países europeus.

14) Qual sua avaliação sobre a Stock Car?

FS – É uma boa categoria, mas que tem alguns defeitos, muito mais pelos problemas do automobilismo brasileiro (segurança precária da maioria dos autódromos, critérios equivocados dos comissários) do que da própria categoria. Como vimos recentemente, os carros também podem melhorar a questão de segurança.

Eu também gostaria que as corridas fossem mais longas. A Corrida do Milhão foi fantástica e apresentou tantas variáveis muito pelo fato de a prova ter vinte minutos a mais. Só acho que o fato de a Stock estar amarrada à TV Globo é ruim. Afinal, como o horário das corridas é dentro do Esporte Espetacular quase nunca vemos as provas na íntegra, como é em qualquer país. Os profissionais da emissora que cobrem a categoria são excelentes e o material produzido é de qualidade, mas lamentavelmente o tempo de exposição na TV é pouco.

15) Como é feita a cobertura de um evento automobilístico? Há muitas diferenças entre categorias e também se está “ao vivo” ou na redação?

FS – Sim, há muita diferença.

Só mesmo estando no paddock é possível entender os meandros de cada categoria e ter embasamento para escrever a realidade. Lamentavelmente vemos por aí muita gente dando pitaco que não vai a autódromos há tempos e só gosta de dar pancada.

Em relação às coberturas, também há muitas diferenças. Tanto na Fórmula Truck como na Stock Car você circula com facilidade pelos boxes e paddock e o contato com os pilotos é mais fácil. Na Indy, embora haja um pouco mais de controle, não é complicado conversar com os pilotos. Já na Fórmula 1 é bem mais encardido. Conseguir uma exclusiva é um parto, há horários a serem cumpridos, são entrevistas muito pasteurizadas, você não consegue entrar nos boxes… Mas por outro lado, se um Jackie Stewart ou um Niki Lauda passam pelo paddock, você consegue conversar com eles. Mas é bem diferente.

16) Qual sua opinião sobre o futuro do automobilismo brasileiro?

FS – É preciso criar incentivos para empresas e montadoras investirem. Temos boas categorias de turismo, mas apenas uma de monopostos, a Fórmula Futuro – que é mais uma iniciativa do Massa e seus patrocinadores do que algo planejado pelos nossos dirigentes. Se não houver um aquecimento o futuro tende a ser problemático.

17) O que pensa do momento atual vivido pelas escolas de samba?

FS – Pior impossível.

Eliminatórias de sambas suspeitas, julgamentos dos desfiles mais suspeitos ainda, transmissão dos desfiles péssima, muitos enredos patrocinados e sem contribuição cultural, sambas pouco criativos, baterias aceleradíssimas, pouca divulgação dos sambas nas rádios porque são obras aquém do que as de antigamente, muito gringo e pouco povo no sambódromo. É isso.

18) Como surgiu a paixão pelo carnaval?

FS – Desde pequeno gostava do ritmo das baterias (que eram bem mais cadenciadas) e dos sambas. Fora que sempre achei fascinante o fato de que uma história era contada em uma hora e meia em forma de música, alegorias e fantasias.

E tudo isso feito pela gente da comunidade, num mutirão que dura o ano inteiro, como dizia aquele samba do Martinho “Pra tudo se acabar na quarta-feira” [N.doE.: samba enredo da Vila Isabel em 1984]. Também adorava a espontaneidade das pessoas no desfile, cantando o samba com vontade. Enfim, todo esse conjunto me fascinava.

Pena que hoje, definitivamente, não é a mesma coisa.

19) Qual sua avaliação sobre a gestão do “Mais Querido” (acima, comigo, o amigo Fábio e as colunistas deste Ouro de Tolo Adriana Martins e Nívea Richa na tragédia contra o Atlético de Goiás)?

FS – Para não me alongar muito: é inaceitável um gigante como o Flamengo ter um marketing tão incipiente e tão amador. O Flamengo só não implodiu porque tem uma força que emana do povo e o time muitas vezes supera em campo deficiências de gestão. Só Deus sabe como não houve nenhum rebaixamento até hoje e aconteceram arrancadas como as de 2007 e 2009.

20) Como se tornou rubro negro?

FS – Sempre morei nas cercanias do clube e minha mãe, que não liga muito para futebol, me levou para lá aos quatro anos para fazer atividades esportivas.

Desde pequeno eu já acompanhava os eventos esportivos com o meu avô, que era botafoguense, e naquela época o Flamengo tinha um time de encher os olhos. E, por estar no clube quase que diariamente, tinha a oportunidade de ver aqueles craques diante dos meus olhos: Zico, Sócrates, Bebeto, Andrade, Adílio, Zé Carlos, Jorginho, Edinho, Mozer, Renato, Zinho, Júnior…

O ambiente era muito saudável e havia craques em profusão. Não deu outra.

21) Que conselho daria a alguém que pretenda se tornar jornalista esportivo?

FS – Tenha a consciência de que o mundo de fantasia muitas vezes vendido por aí não existe e há muita falcatrua, desvios éticos – inclusive de jornalistas – e é preciso manter a cabeça fria para prosperar sem ser corrompido.

Não seja hipócrita como alguns que dizem que não torcem por determinado clube, mas por outro lado jamais permita que suas preferências influenciem seus textos e seu comportamento. É possível vencer com honestidade e sobreviver ao mar de lama que muitas vezes cresce.

22) Um GP inesquecível. Por quê?

FS – GP do Japão de 1988, do primeiro título do Senna. Tinha sete anos e vi a corrida com meu saudoso avô. Fizemos a festa na madrugada (risos).

23) Um samba inesquecível. Por quê?

FS – Eu vi o desfile em questão (acima), mas não tinha tanto discernimento por causa da idade.

FS – “100 anos de liberdade, realidade ou ilusão?” foi  o mais perfeito retrato das agruras que o negro vive no Brasil, mesmo tanto tempo após a abolição da escravatura. Aquele desfile foi de uma beleza cromática ímpar e o samba, que eu já curtia pela melodia, tornou-se o meu preferido quando comecei a entender as coisas.

24) Uma cobertura inesquecível. Por quê?

FS – Grande Prêmio do Brasil de 2008.

Foi minha primeira corrida de Fórmula 1 e o clima de decisão pairava no ar durante toda a semana. Além de matérias legais, vi diante dos meus olhos um desfecho de campeonato que provavelmente jamais será igualado. Pena que o Massa não conseguiu o título. Talvez o nosso automobilismo recebesse mais incentivos, mais jovens buscassem o esporte…

25) Um jogo inesquecível. por quê?

FS – Flamengo 3 x 1 Vasco, decisão do Carioca-2001. O gol de falta do Petkovic e tudo o que envolveu aquele momento foram coisas indescritíveis.

26) Livro ou filme. Por quê?

FS – Livro. A leitura contribui mais para o intelecto do que o cinema, que também tem seu grande valor, evidentemente.

27) Qual sua opinião sobre a literatura de automobilismo disponível no Brasil?

FS – A literatura sobre automobilismo vem crescendo. Temos o anuário Automotor editado pelo grande Reginaldo Leme e produzido por uma turma da maior qualidade que cobre o nosso esporte no Brasil e diversos outras publicações.

É bem verdade que ainda devemos em relação à literatura estrangeira, sobretudo a inglesa. Mas temos potencial para conseguir produzir uma boa quantidade de títulos – basta haver incentivo. No entanto, ainda vejo um grave problema na distribuição de livros pelo país. Aqui no Rio ainda é difícil encontrar diversas publicações, enquanto em São Paulo a oferta é maior.

28) Finalizando, com os agradecimentos do Ouro de Tolo, algumas palavras sobre o blog ou seu autor/editor

FS – O Ouro de Tolo se tornou uma leitura obrigatória, pois não se restringe a apenas um tema e aborda assuntos sobre os quais eu me interesso, sempre com opiniões aprofundadas e embasadas.

Fora que o Pedro se tornou um amigo por compartilhar opiniões sem tentar empurrá-las goela abaixo como infelizmente alguns tentam fazer. Eu é que agradeço pela oportunidade de dividir alguns pensamentos com os leitores.