Os palpites serão rápidos porque o tempo é curto mas a vontade de dar pitaco e participar dos papos pré-carnavalescos é enorme. E se mantém intacta.

E a “análise” já vem depois de algumas boas audições, de sambas enredos já maturados e muitos já decorados, na ponta da língua. Acompanhei à distância algumas enquetes, realizadas por diferentes sites e programas.

E a verdade é que as listas não diferem muito. As discordâncias são muito pontuais. E tenho certeza que essa lista, pessoal e intransferível, não fugirá de duas coisas: de seguir a corrente de elogios à maioria dos considerados sambas do ano e das críticas por uma ou outra percepção dissonante. Sem delongas, vamos lá:

Desde o início…e nada mudou

Grande Rio, Mocidade e Portela. São os três sambas do ano que, para meus ouvidos, não precisaram daquele período de adaptação, aquele “se acostumar”. De primeira eu ouvi e já gostei. E os três seguem no meu pódio nesse 2020 olímpico. Tendo a deixar a Portela com o bronze e Mocidade e Grande Rio disputando o ouro, com vantagem momentânea para a Tricolor de Caxias.

A quarta força

É o samba que, hoje, eu diria que mais cresceu no meu conceito e no meu gosto pessoal. Estou vivendo um momento de apego total e irrestrito à obra da Unidos do Viradouro. Periga chegar na véspera do desfile roubando um lugar nesse pódio que até já parecia definido.

Adoro, mas…

Mangueira. Mais uma vez uma letra inteligentíssima, melodia trabalhada, interessante e temática muito rica também. Mas ainda me causa estranheza o corte de um verso no refrão. Algo que não soou bem pra mim. Ouço e sigo achando que falta algo ali. Cai naquela armadilha de comparação com o ano anterior – o Tuiuti sofreu isso depois do “Meu Deus, Meu Deus…” (2019 foi um desfile mágico da Verde e Rosa, com um samba antológico). De qualquer forma, acho que o samba da Mangueira fecha esse top 5 hipotético.

Azul e quase ouro

Os sambas das duas escolas azul e amarelo (Tijuca e Tuiuti) me agradam mas não os coloco entre os grandes sambas do ano. Têm tudo para ir bem na avenida, são melodiosos, ricos na construção poética de suas letras. Porém, não os vejo como obras que serão relembradas daqui a alguns anos. Sao aqueles sambas bons, de qualidade indiscutível. Mas ficam algo atrás dos já citados.

Miss Simpatia

É a obra da São Clemente. Claramente não é a obra-prima do ano mas revive alguns momentos da irreverência oitentista – da própria escola. É pra cima – na ginga, pra frente – animado, gostoso de ouvir, engraçado, com boas sacadas de ironia. O samba me agrada bastante. Sempre que a faixa toca é num momento de descontração e prazer.

Será que sou só eu?

Muita gente boa, que respeito à beça, tece inúmeros elogios para esse samba que, a mim, não conquistou. E não sei se conquistará. Quem sabe se proporcionar um desfilaço da Beija-Flor… É possível, claro. Mas o hino nilopolitano em romaria não figura na minha lista de audições favoritas da temporada. Não sei desenvolver grandes teorias ou explicações técnicas. Apenas não me toca, não me cativa.

Sei lá, não sei

Tem horas em que curto. Em alguns momentos passam despercebidos, tipo aquela música que toca ao fundo mas você não tá prestando realmente muita atenção, sabe? Mas quando eu me detenho a alguns versos, a alguns trechos específicos, reconheço boas passagens, tem algo ali que agrada mas não arrebata totalmente. Longe de chamar de pula-faixa. Talvez sejam apenas aquele jogador talentoso mas que é contemporâneo de grandes craques e sabe que vai ficar a maior parte do tempo na reserva. Salgueiro e Vila.

Hmmmm

Uma mistura de questões mais técnicas com temas um tanto quanto espinhosos, que desaguam em melodias pouco empolgantes. Enfim, a parte mais difícil é essa, a de criticar. Porque ninguém compõe uma música, produz uma obra de arte esperando uma reação negativa do público. Mas se a brincadeira é fazer uma lista alguém vai ficar no topo e alguém vai ficar na rabeira. Estácio de Sá e União da Ilha ocupam essa incômoda posição no palpitômetro oriental.

Evoé, amigos. E prometo tentar fazer o mesmo com a Série A na próxima respirada.

Imagem: Ouro de Tolo