O nome dela é Jenifer, eu encontrei ela no Tinder..

Impossível você não ter ouvido essa expressão em 2019. Você pode dar uma de gostosão, pseudo intelectual, dizer que nunca ouviu falar no cantor e dizer que não gosta da música, nem do gênero musical, mas sim, ouviu essa expressão, esses versos e se falar que não ouviu é mentiroso.

O cara que popularizou esses versos se chama Gabriel Diniz e ele morreu segunda causando uma grande comoção. Eu sou um dos caras que não curte muito o gênero musical que ele canta apesar de achar a música gostosa e até ter feito uma brincadeira em meu blog recitando a letra. Apesar de não entender porque precisou-se de oito compositores para fazer essa música respeito. Respeito porque você pode tentar impor um sucesso e algumas vezes até consegue, mas sucesso nacional não é fácil, assim como não pode ser desprezado um artista que causa toda essa comoção na morte como Gabriel causou.

Ok, a morte de um jovem que tanto batalhou pelo sucesso e morre justamente quando alcança sempre comoveu. Foi assim com Ricthie Vallens, autor do lendário “LA Bamba”, foi assim com os inesquecíveis “Mamonas Assassinas”, dor que eu conheci e senti bem por já na época ser um grande fã da banda e por isso mais do que nunca entender a dor dos fãs do GD como ele era conhecido. É isso, você não é obrigado a gostar, eu não suporto sofrência, por exemplo, mas é obrigado a respeitar e se for um pouco inteligente tentar entender.

Entender que hoje um grande sucesso não ocorre como era “no nosso tempo” ou mesmo alguns poucos anos atrás. Não tem mais essa de milhões de discos vendidos, ser o mais tocado nas FMs ou colecionar discos de platina. Agora é Sportfy, Youtube, redes sociais, a busca é por viralizar e o artista que consegue viralizar tem meio caminho andado.

O número de vezes que a música toca em rádio viraram o número de views no youtube, de likes ou que a música é baixada no celular. A juventude conhece e curte seus ídolos assim hoje em dia e, acredite, o amor que tem por eles e a tristeza quando os perde é igual a que sentíamos. Se tem uma coisa que não mudou com o tempo é a relação fã e ídolo.

Mudou também a forma de conhecer alguém. Crescemos ouvindo as músicas de artistas dizendo que conheceram o amor na festa, na rua, no bar, etc. O Gabriel encontrou a Jenifer no Tinder como muita gente encontra hoje em dia, eu inclusive, música moderna, artista moderno com ação de marketing moderna. Sim, hoje é assim, estamos quase na porta da terceira década do século amigão.

Respeite que o mundo mudou, respeite a dor de quem perdeu o Gabriel Diniz assim como você quis que respeitassem a sua quando os Mamonas morreram. A música dele é ruim? Não sei, mas lembre que você dançou O Tchan, botou óculos na cabeça como o Katinguelê, viu sua tia abrir a rodinha como a Sarajane, o tio dela botar roupa cafona para imitar Sidney Magal e todos foram vistos com desdém pelo avô que um dia sonhou ser o Elvis.

Não é fácil nos adaptarmos e entendermos a cabeça de gerações que não são as nossas. Ainda estou tentando entender a idolatria beatlemaníaca que vem trazendo a volta de Sandy & Junior e agora preciso entender o choro pelo Gabriel Diniz. Ainda não inventaram o aplicativo estilo Tinder que tenha um tutorial sobre empatia, isso tem que partir de dentro de nós. Vale a pena tentar.

Meus sentimentos, Jenifer.

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