Desfiles do Especial encerrados, hora de escrever algumas impressões sobre os dois dias de desfiles. Assisti ao domingo pela televisão e ao desfile de ontem no camarote da Portela, no setor 3.
Antes de falar sobre os desfiles em si, uma nota sobre a transmissão da televisão. Comandada pelo diretor Boninho, simplesmente ignorou o jornalismo. Aqueles que não estavam conectados à internet ao mesmo tempo simplesmente não tinham informação sobre eventuais problemas que as escolas tiveram. Um modelo extremamente engessado e que não dá a exata visão do que realmente ocorre.
Além disso, para os narradores e comentaristas teremos 14 campeãs no Grupo Especial. Nem desfiles explicitamente problemáticos como Império Serrano e Imperatriz tiveram reparos apontados. O mais incrível é que a Série A tem uma transmissão bem mais adequada.
Dito isso, o Grupo Especial em 2019 confrontou dois estilos distintos de desfile: a visão mais conservadora e tradicional de Tijuca e Vila Isabel contra a abordagem subversiva da Mangueira.
O desfile da Unidos da Tijuca me incomodou um pouco. Apostando na fórmula consagrada pela Beija Flor na primeira década deste século, recorreu a soluções como a de Jesus Cristo tomando porrada o desfile inteiro mais uma vez. Com todo o respeito, isso não é carnaval.
Já a Vila Isabel uniu um enredo CEP com uma visão extremamente conservadora e antiquada da História. Turbinada pelos recursos financeiros do patrocinador (uma cervejaria) e de seu patrono, esbanjou luxo em um ano de parcos recursos financeiros.
A Mangueira não fez um desfile de 10 de ponta a ponta, como escrevi no Twitter. O abre alas teve problemas de iluminação e as fantasias repetiram algo dos demais enredos do carnavalesco Leandro Vieira: resplendores iguais em diversas alas, só mudando as cores. Samba e bateria espetaculares. Mas a abordagem do enredo é carnavalesca, é subversiva, é questionadora.
Como também foi questionador o divertido desfile da São Clemente. A comissão de frente contando a história da virada de mesa do ano passado, com detalhes que o grande público não tinha conhecimento, foi sensacional. Bem como os carros, claros, mas ótimos – especialmente o que ironizava os camarotes.
O Tuiuti, apesar dos problemas em evolução e em um dos carros, também teve uma abordagem bastante carnavalesca em seu enredo. Méritos para o carnavalesco Jack Vasconcelos.
Outro aspecto que gostaria de ressaltar é que os três enredos “bomba atômica”, como escrevi em artigo pré carnaval, acabaram não tendo o resultado desejado. O Salgueiro teve problemas de evolução, a Beija Flor sofreu com um desenvolvimento equivocado do enredo mais uma escolha de samba que se revelou equivocada e a Portela sofreu não somente com a falta de recursos como com a irregularidade do fluxo de caixa.
Porque, além da diminuição dos recursos, o fluxo de recursos foi irregular. Liberação de verba após o carnaval, como irá ocorrer, não existe. Ainda assim, Portela volta nas Campeãs, o Salgueiro também pode voltar e a Beija Flor deverá pagar por alguns erros com um raro ano na “Turma da Marola”.
Uma nota positiva também para Mocidade e Viradouro, acima do que as previsões pré carnaval antecipavam. Disputam vaga nas Campeãs – e a Mocidade marcou um gol de placa anunciando Elza Soares como seu enredo para 2020.
Sobre rebaixamento, o Império Serrano é certo. Serei curto e grosso: o desfile foi constrangedor e isso se resultou, principalmente, de um modelo de gestão que precisa ser jogado fora, porque não serve mais.
Minha outra rebaixada seria a Imperatriz. A escola há anos vem se ressentido de maior investimento, utilizando profissionais ainda não provados ou em fase descendente da carreira, e vem fazendo desfiles apenas para se manter. Aí dá problema na pista, e vira esse drama. A escola deveria cair, mas duvido que rebaixem a Imperatriz. E a Grande Rio deveria abrir o desfile de segunda feira ano que vem.
Finalizando, uma nota sobre a Portela. A escola se ressentiu da falta de recursos e da irregularidade de desembolsos, além do problema com o abre alas no desfile – ele “morreu” e precisou ser empurrado no braço. Penso que algumas questões precisam ser discutidas internamente, mas ainda salva um quarto ou quinto lugar. Ainda assim, a escola desfilou feliz e emocionada.
Segundo conversei com pessoas da direção após o desfile, Rosa Magalhães não segue na escola e a ideia é, finalizando as negociações, anunciar o novo carnavalesco já no Sábado das Campeãs. A conferir.
Finalizando, o desfile do Especial este ano mostrou-se acima do que as condições financeiras permitiram. O samba pode agonizar, mas nunca morre.
Imagens/Vídeos: Ouro de Tolo
Soube a mea boca que Leandro Vieira seria o carnavalesco da Portela ano que vem,procede?
Prefiro não comentar :)
Já passou da hora de algumas pessoas ali na Imperatriz. Wagner Araújo é uma delas. Falo isso há anos. O Luizinho também deveria fazer um favor e deixar que alguém comande uma renovação. Fazer carnaval por fazer, dentro dos moldes de hoje, com os resultados definidos por décimos, não basta.
Contratar um carnavalesco cheirando a mofo foi uma das grandes cagadas para este carnaval, seguida de um enredo fora das tradições gresilenses, passando por uma sinopse bosta e um samba fraquíssimo.
Se der merda, não chorem depois. Eu vou ficar triste pra caralho se cair, mas tristeza é um negócio que passa. Luizinho e Wagner passam. A Imperatriz fica.
A Imperatriz parece a União da Ilha dos anos 90. Até que caiu.
Mas duvido que rebaixem a escola.
E capaz que de só cair uma escola pro acesso.
E a Imperatriz ”caiu”
Pra piorar de vez, o Arthur é muito fraco, os apoios quase atropelam ele, não pra buscar alguém melhor, falta dinheiro mesmo em Ramos.
Nem é falta de dinheiro, é desinteresse da diretoria mesmo. Vamos ver se agora acordam.
No caso da Portela, como torcedor da escola, estou na expectativa da contratação do novo carnavalesco, e de possíveis mudanças em outros quesitos, mas meu temor, é que esse ano tem eleição na escola, e isso possa atrasar o processo de planejamento do carnaval de 2020, sem contar possíveis disputas judiciais como aconteceu com o Salgueiro. Enfim, vamos torcer para que tudo ocorra dentro da normalidade, e que a Portela não seja prejudicada.
Portela péssima visualmente. Se voltar nas campeãs será bizarro demais.
Migão, fiquei muito decepcionado com o desfile da Portela, assisti na Sapucaí mas não senti minha escola entregue ao enredo e faltou Clara que pedia algo épico. Espero que pra 2020 seja diferente e Oxalá não deixe a nossa Portela cair de disputar título pra era Nilo
Acredito que a disputa pelo Título fique entre Vila x Mangueira. As minhas rebaixadas seriam Império e Grande Rio. Achei a Grande Rio confusa demais, fantasias carregadas, não curti. A transmissão foi uma bela porcaria. Cada ano pior. Recomendo aos amigos ouvirem a transmissão pela radio gaúcha. É daqui do RS e ouvindo por la fiquei sabendo dos problemas de cada escola ouvi os esquentas e tudo mais.
É, Migão. E no fim das contas, você acertou a campeã. De fato, a Mangueira fez uma catarse coletiva, imitando a Tuiuti 2018 em muitos aspectos. Acertou as duas rebaixadas, que de fato pagaram pelos erros falhos, mas chama a minha atenção a Beija – flor estar em 11º, sendo que em alguns momentos, esteve até em 12º, na beira do rebaixamento. Pelo visto, se acomodar realmente não traz sorte e parece que o conjunto visual de 2018 se repetiu, mas você acha que esse resultado foi exagerado, ainda se tratando do peso da bandeira nilopolitana?
Quanto à São Clemente, quase tentaram garfá – la por causa das críticas à LIESA, mas as notas 10 em alguns quesitos salvaram a agremiação de Botafogo, enquanto para a Rainha de Ramos, esses dez a mais fizeram falta (Imperatriz levou 30 em bateria).
E outra: você acha uma surpresa o vice – campeonato da Viradouro? Desta vez, Paulo Barros acertou, ao contrário da passagem anterior?
Sobre a Viradouro, depois da Mangueira tinha um grupo de seis escolas que poderia voltar em qualquer posição. Sem reparos.
A Beija-Flor cairia se as notas de casal de MS e PB e bateria fossem mais baixas…
Sim…
Mais uma vez, Claudinho e Selminha Sorriso salvaram a Beija – flor. Ontem, o Gabriel David (manda chuva da agremiação de Nilópolis) pediu desculpas à comunidade pelo resultado. Por pouco a BF não iria desfilar como primeira de segunda no ano que vem (mais uma vez, será a São Clemente). Na minha avaliação, a acomodação foi muito grande, mas a frieza foi maior ainda. A Deusa da Passarela não repetiu a catarse de 2018 e no fim das contas, deu no que deu.
Sem dúvida, casal e bateria salvaram a escola. Se bem que bateria tirando Portela, Império Serrano, São Clemente e se não me engano a Vila Isabel todas fizeram 30 pontos