Sempre me orgulhei de que, dentro do possível, a Ilha do Governador era um local seguro em relação ao restante do Rio de Janeiro. Tem problemas, é evidente, como furtos e roubos, mas você não ouvia falar de estupros, latrocínios, sequestros, crimes mais pesados.
Essa sensação de segurança acabou na terça-feira.
Uma menina de 17 anos chamada Soraia saía do colégio Tia Lavôr, um tradicional colégio do bairro quando foi abordada por dois meliantes em uma moto. Crime comum no Rio de Janeiro. Eles pediram o celular e ela nervosa não conseguiu destravar o IPhone. Os bandidos deram um tiro em sua cabeça, ela foi levada ao hospital Evandro Freire, mas não resistiu.
Entristece mais uma vida ceifada, uma menina de apenas dezessete anos com toda uma vida pela frente, entristece pensar na família, seu sofrimento, desespero, dá uma grande tristeza. Mas choca, da muito medo quando ocorre perto de você, em ambiente que está acostumado a frequentar, pensa que poderia ser com você ou seu filho.
Acabou aquela sensação de segurança, acabou o conto de fadas do insulano, acabou a fanfarra com o restante da cidade. Da pior forma possível entramos no seio carioca. Somos cariocas e temos o mesmo medo de todos.
Não estamos mais imunes. O que antes era apreensão em ver dois caras em uma moto agora será medo, pânico. Eu que sempre gostei de andar de noite agora tenho que rever isso. Esse tipo de crime virará habitual na Ilha? Não acredito até porque o próprio tráfico não deixará. O Fernandinho Guarabu, chefe do morro dó Dendê, deve ser o mais irritado com esse fato e estar caçando os assassinos. Tudo o que ele não quer é polícia aqui.
Pois é, nossa segurança é feita pelos bandidos porque a polícia local se preocupa mais em frequentar o puteiro do bairro e dar “dura” em cidadão sentado sozinho na praia como vi na tarde do crime.
Soraia morreu, nós fomos feridos.
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