Finalmente a espera terminou! A partir de desta sexta (24) o Anhembi será palco de uma das disputas mais equilibradas da história do carnaval de São Paulo. Preparamos para o leitor um guia com o que veremos de melhor em cada escola do Grupo Especial no sábado.

E a cobertura do Ouro de Tolo não para por aí. Após os dias de desfile você encontra na coluna “Samba da Garoa” a análise da nossa equipe, dividida nos principais pontos do Sambódromo. Aqui você lerá um resumo de como foi cada apresentação e verá um debate em vídeo com a opinião de como as escolas se apresentaram.

Confira a prévia na ordem de desfile:

Mancha Verde

Enredo: Zé do Brasil. Um nome, muitas histórias

Carnavalesco: Magoo

2016 – Campeã do Grupo de Acesso

Após dois rebaixamentos consecutivos, a Mancha Verde busca reencontrar seus grandes desfiles do início da década e mudou seu modo de fazer carnaval. Em 2017 veremos a escola mais alegre, trazendo todos os personagens com nome de José que fizeram parte da nossa história.

O carnavalesco Magoo iniciará o desfile com Zé Pereira e o início do carnaval na comissão de frente, nos setores seguintes veremos cada José importante na Religião, na literatura, na pintura, no cinema e na televisão.

Na última alegoria veremos uma grande vila com estabelecimentos comerciais que nos remetem a um “Seu Zé” que fez ou faz parte da nossa vida. Os grandes destaques da escola serão as esculturas em movimento, que virão nas cinco alegorias, característica do carnavalesco.

Análise – Finalmente veremos uma Mancha grandiosa e competitiva novamente. Não sei se já é possível disputar os primeiros lugares, mas gosto muito das ideias de carnaval do Magoo, que nos trará um desfile de fácil leitura.

Freddy Vianna é dos melhores intérpretes de São Paulo e levou bem o samba nos ensaios. Creio que o rendimento dos componentes vai ser crucial no resultado, algo que foi inclusive cobrado incisivamente pelo presidente Paulo Serdan.

Unidos do Peruche

Enredo: “A Peruche no maior axé exalta Salvador, cidade da Bahia, caldeirão de raças, cultura, fé e alegria”

Carnavalesco: Murilo Lobo

2016 – 12ª colocada

Pela primeira vez a cidade de Salvador será enredo. A Peruche promete um belo espetáculo, com suas alas teatralizadas e as alegorias com expressões faciais incríveis nas esculturas, características do promissor carnavalesco Murilo Lobo.

No início veremos a lenda do europeu que se apaixona pela índia Paraguaçú, a leva para a França e transforma na Catarina de Médici, enquanto sua irmã Moema era apaixonada pelo mesmo homem e nadou atrás dele até se afogar nas águas.

Em seguida veremos a terra de fortes com as mulheres que batalharam para expulsar os portugueses do território; no terceiro setor vem o sincretismo religioso de Salvador, seguido da cultura e a alegoria representando o Pelourinho. Por fim o quinto carro retrata o carnaval de Salvador com o primeiro trio elétrico da história, criado por Dodô e Osmar.

Análise – A Unidos do Peruche foi muito inteligente ao mudar sua identidade plástica e seu modo de desfilar, pois há muitos anos não despertava tanto interesse em seus desfiles; além disso o enredo é muito bom e bem desenvolvido.

Por falar em qualidade o samba para mim é o melhor de 2017, no início dos ensaios a escola tinha problemas de canto, mas a harmonia parece ter feito um bom trabalho. Gostei também das bossas da bateria e creio que veremos um desfile muito alegre e envolvente.

Império de Casa Verde

Enredo: Paz, o Império da nova era

Carnavalesco: Jorge Freitas

2016 – Campeã

A atual campeã traz um enredo que parece não ser tão original por falar da paz, mas ao mergulhar na sinopse você percebe um tema bem criativo por parte deste craque chamado Jorge Freitas. Trata-se de uma idealização de como seria um futuro ideal, com o homem vivendo em um mundo de paz.

No primeiro setor veremos o império da nova era e a beleza de um mundo sem guerras com os humanos em comunhão, na sequência veremos como os animais viveriam neste mundo e na terceira alegoria o homem respeita e preserva a mãe natureza.

O amor está presente no quarto setor e o “Tigre Guerreiro” encerra seu desfile mostrando o que é necessário ensinar aos nossos filhos para que um dia eles vivam neste mundo ideal.

Análise – Bom acho que ninguém tem dúvida que plasticamente será um desfile fabuloso, pois a combinação entre o gigantismo do Império e acabamento impecável do Jorge só poderiam resultar em uma das favoritas ao título.

O chão da escola não foi espetacular mas veio bem nos ensaios, assim como a bateria “Barcelona do samba”, que trabalha de maneira bem correta. Carlos Jr. é considerado por muitos o melhor cantor de São Paulo e canta de maneira reta; de uma maneira geral é uma escola que deve errar muito pouco.

Dragões da Real

Enredo: Dragões canta Asa Branca

Carnavalescos: Jorge Silveira, Dione Leite, Marcio Gonçalves e Rogério Félix

2016 – 6ª colocada

De temática nova vem uma das sensações do carnaval. A Dragões deixa de lado os enredos lúdicos com caráter infantil e neste ano virá inspirada na eterna canção Asa Branca, de Luiz Gonzaga. Para compor o time de carnavalescos chegou Marcio Gonçalves, consagrado com quatro títulos na Mocidade Alegre e especialista em dar movimentos as alegorias.

A setorização será dividida exatamente pela letra da música, que tem cinco estrofes. Começa com a seca no nordeste e a dor de ver a plantação não florir, em seguida a partida do nordestino para São Paulo deixando sua amada e sua terra natal.

No quarto setor o encontro de sua cultura e da cultura paulistana e uma terra cheia de oportunidades; no final do desfile veremos seu retorno a sua cidade, agora florida e cheia de vida e o reencontro com Rosinha, que em seus olhos verdes é refletido o renascer da plantação.

Análise – Olho na Dragões, a escola é muito bem estruturada e vem buscando melhorar a cada ano. Gosto da maneira que o enredo foi desenvolvido e sei que com o Marcio o nível dos carros será ainda maior.

Outro reforço importante foi o excelente intérprete Renê Sobral, que conta com ajuda do samba ser muito bom e de ter Mestre Tornado na bateria. A escola tem tudo para fazer um bom desfile, mas como este será entre Império e Vai Vai é preciso entrar muito forte para não ficar ofuscada pelas gigantes.

Vai Vai

Enredo: “No Xirê do Anhembi, a Oxum mais bonita surgiu… Menininha, mãe da Bahia – Ialorixá do Brasil”

Carnavalescos: Alexandre Louzada, Júnior Schall e André Marins

2016 – 4ª colocada

Segure-se na cadeira que lá vem um rolo compressor! Essa não é a minha opinião, mas sim um relato do que foi visto em TODAS as exibições do samba do Vai Vai, desde a final até os ensaios técnicos onde a escola foi aclamada pelo povo, que lotou as arquibancadas e descia delas para desfilar atrás do povo do Bexiga.

Duas vezes campeão, Alexandre Louzada retorna com uma comissão de carnaval e trará o Candomblé para a avenida tendo Mãe Menininha do Gantois como personagem central.

A comissão de frente terá os orixás reverenciando Oxum, a qual Mãe Menininha é filha espiritual. Ao longo dos setores não veremos uma homenagem biográfica, mas sim os orixás e o que cada um deles representam, a energia que eles emanam. Como Louzada diz na sinopse, “o Anhembi se transformará em um grande terreiro”.

Análise – Confesso que nunca vi algo parecido em um pré-carnaval por aqui. O samba é cantado por componentes de outras escolas e o clamor popular é impressionante. Destaco também o gigantesco abre alas de quase 90 metros que promete impactar; aliás todas as alegorias estão grandes.

Wander Pires conseguiu se adaptar bem ao andamento acelerado da bateria, que eu entendo estar muito rápida para criar um efeito explosivo com este samba; mas é um quesito a se tomar cuidado, assim como na evolução, pois a escola estará muito grande.

Nenê de Vila Matilde

Enredo: “Core e tuba. A ópera de todos os povos, terra de todas as gentes, Curitiba de todos os sonhos”

Carnavalesco: Alex Fão

2016 – 9ª colocada

Temos aqui um carnavalesco estreante no Grupo Especial. Alex Fão é profissional do ramo da moda e fez parte da comissão de carnaval da Independente Tricolor em 2016. Agora chega à Nenê para substituir Roberto Szaniecki e contar a história de Curitiba.

No início veremos a Curitiba Indígena, com as paisagens naturais da cidade antes da colonização; no segundo setor surge o Negro na cidade e será contada sua história e sua cultura. Em seguida veremos os imigrantes europeus e suas contribuições para a cidade.

No quarto setor Alex destaca a arte e todas as manifestações culturais de Curitiba; e o desfile se encerra com a exaltação do município como modelo, resultado do trabalho de todos os povos lá presentes.

Análise – O que o Alex nos adiantou é que veremos a maior Águia da história da escola, isso remete uma grande expectativa para conhecermos o seu trabalho; pelos figurinos que eu vi ele segue seus conceitos de moda e prioriza mais o vestuário do componente do que costeiros e plumas.

Um fato a ser considerado é que a Nenê entra na avenida depois do Vai Vai, que se fizer um desfile arrebatador como foi nos ensaios pode dificultar o trabalho da escola da Zona Leste. Mas sabemos que Agnaldo Amaral é um intérprete experiente e muito bom, que deve ter suas alternativas para fazer a escola entrar com força no Anhembi.

Rosas de Ouro

Enredo: “Convivium. Sente-se à mesa e saboreie”

Carnavalesco: André Machado

2016 – 11ª colocada

O Rosas de Ouro obteve simplesmente a pior colocação da sua história em 2016 e para reverter este momento ruim trocou o carnavalesco André Cezari por André Machado, que busca a redenção após o rebaixamento na X9-Paulistana em um desfile cheio de problemas.

Com os grandes banquetes da humanidade como enredo, no primeiro setor voltaremos à antiguidade na Grécia, no Egito e na China. A história segue na Idade Média e a lenda de um dragão morto por um rei na Áustria.

A África aparece no terceiro carro, com um grande banquete organizado por Xangô, que convidou todos os orixás, menos Omulú; em seguida veremos os grandes banquetes que temos ao longo do ano, como na Páscoa e na Ceia de Natal. Para fechar o carnaval de São Paulo a Roseira trará a mensagem que muitas pessoas sentem fome e não devemos desperdiçar alimentos.

Análise – É muito estranho ver a escola numa colocação tão abaixo, mas trata-se de um processo de reconstrução de identidade após a saída de um craque como o Jorge Freitas. Primeiramente a expectativa é de um desfile correto que tire a Roseira das últimas colocações.

A comunidade cantou bem nos ensaios e a chegada de Royce do Cavaco traz um ânimo novo. Acredito que o enredo será bem interessante de se acompanhar e o samba é bem agradável, portanto acho que o carnaval será encerrado em boas mãos.

Imagem: Arquivo Ouro de Tolo

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