E aí? Gostou da abertura da Paralimpíada no Rio de Janeiro? Achou bonita? Bem.. Se você não tem TV a cabo e não foi ao Maracanã provavelmente não viu. Ah não ser que por um milagre de ataque de boa memória ou aviso das redes sociais tenha lembrado que a TV Brasil existe.

Não viu porque Globo, Record, Band, nenhuma delas mostrou. As mesmas emissoras que adoram fazer campanhas beneficentes, falar de integração, de fim de preconceito, não deram a mínima para a abertura, renegando-a a boletins de fim de noite. Falando no bom português, cagaram para esses grandes atletas.

É evidente que não seremos hipócritas de pedir transmissão igual a da Olimpíada. Não queremos o SporTV com 16 canais ou a Globo todos os dias mexendo na sua lendária grade de programação pra mostrar quartas de final de basquete de cadeira de rodas, mas, cacete, repito, CACETE, é um grande evento, é no Brasil, está acontecendo na nossa casa e será que pelo menos a abertura não merecia isso?

Gente que trabalha nas emissoras e que entendemos defendê-las sempre somados a babas-ovos juramentados e torcedores de emissoras de televisão (acredite leitor, isso existe) rapidamente apareceram para defender as TVs. Teve um pachequista da imprensa esportiva que chegou a dizer que emissora de TV não é ONG.

aberturaparalimpiada1Posso repetir o “cacete”, Pedro Migão? Então vou repetir. Cacete!!!!! Não é ONG, mas é concessão pública, e assim sendo tem que trazer benesses à sociedade, que na verdade é a dona dessa concessão. Televisão não foi feita apenas para dar lucro, mas para trazer informação e qual informação era mais importante no último dia 7 que a abertura paralímpica? Cacete!!!

Emissoras de televisão que não se guiarem por uma série de compromissos públicos firmados com governos podem ter a concessão cassada, qualquer emissora. É óbvio que isso não vai ocorrer aqui porque sempre tivemos governos frouxos e agora mais do que nunca, porque o atual presidente só está no poder porque teve apoio dessas mesmas emissoras.

Emissora de TV tem que trazer informação, tem que, por intermédio de seu trabalho, buscar a integração nacional e social. Elas sabem disso senão não teríamos todos os anos Criança Esperança, por exemplo, e não só isso. Boa parte dessas pessoas recorrem ao “mercado” para tudo aquilo que não tem conhecimento e precisam de argumentos numa discussão assim mesmo não sabendo a diferença de um mercado de anunciantes televisivos de uma promoção de iogurte desnatado do “Multimarket”.

Trabalham no Ibope por acaso? São do departamento de marketing de uma grande empresa? De quantas pesquisas de mercado participaram até hoje pra saber qual seria o valor de uma abertura paralímpica passada ao vivo numa grande emissora de TV? Faço a pergunta ao contrário agora. O que representaria para o esporte paralímpico, mais que isso, a todas as pessoas que tem deficiências e precisam se superar a cada dia ter a abertura paralímpica passando na Globo, Band e Record? Teria um valor imensurável. “Ah, mas não é papel de emissora de TV fazer isso”. É sim, seu Zé Ruela!!

Se não é papel da TV, mandem parar o Criança Esperança, mandem a Gloria Perez parar de fazer campanha social em todas as suas novelas, vamos falar a verdade então, que emissoras de TV só servem para derrubar presidentes e ganhar dinheiro. Já que decidimos falar a verdade, vamos falar a verdade agora.

Como eu disse. Quem fez pesquisa de mercado sobre abertura paralímpica? Quem pode dizer que a Globo, por exemplo, não teria no mínimo audiência de todos os dias com a abertura? A Globo tem audiência até fora do ar. Se programas como “É de casa”, “Malhação” e “Sessão da Tarde com aquele menininhos maluquinhos em altas aventuras provocando grandes confusões” dão audiência como abertura não daria?

Não teria anunciantes? Qual empresa que seria louca de não querer associar sua imagem a um evento de superação, de integração numa grande emissora de TV? Quer um marketing positivo maior que esse?aberturaparalimpiada2

Eu vi gente no Facebook reclamando até de nossas reclamações dizendo que isso é modismo e nunca viu reclamarem antes. Porque esse ano é no Brasil meu querido, temos um motivo a mais pra querer ver e que bom que começamos a reclamar, sinal que queremos ver, começamos a nos interessar. Nunca é tarde pra isso.

Como disse, não precisa de programação igual a olímpica, o SporTV mesmo está dando mais um show fazendo uma bela cobertura, mas e pra quem não tem TV a cabo? Fica como? Fica sem saber que temos um nadador chamado Daniel Dias que é do mesmo nível do Michael Phelps e deixa no chinelo qualquer um desses olímpicos amarelões que aprendemos a assistir e ouvir no fim a famosa frase “Não deu para o Brasil”. Para o Daniel sempre dá.

Para Daniel e todos os brasileiros que a cada quatro anos ganham muito mais medalhas que os olímpicos e estão buscando o top 5 no ranking geral esse ano. Não só os brasileiros, mas todos os super atletas paralimpicos.

Super sim e não tem nada de favor nisso porque esses caras com deficiências fazem coisas que nós, os ditos “normais” não conseguimos nem em sonhos. Não tem favor, não tem pena, não tem piedade. Tem orgulho, admiração, respeito a grandes atletas, a super homens e mulheres que todos têm que conhecer para perceberem o quanto eles tem valor e para quem vive deprimido pelas pancadas da vida perceber que para tudo há um jeito.

A palavra superação ganha contornos maiores na Paralimpíada, vitória também, conquista mais ainda. Daniel Dias, Clodoaldo Silva (o gigante que acendeu a pira) e sua turma são o Brasil que dá certo, o Brasil que dá orgulho, o Brasil que precisamos conhecer para nos dar força em tempos sombrios.

Mas preferem não mostrar por causa do “mercado”. Na boa, pra você que pensa assim…

… Vai se f…

Cacete!!

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