Para escrever esse texto fui buscar o primeiro samba do qual me recordo. Com certeza o primeiro que ouvi foi algum com Chico Buarque na era dos festivais, mas o primeiro que eu lembro de ouvir, colocar para ouvir foi no final de 1995 quando meu pai ganhou o CD das Escolas de Samba de São Paulo de 1996 e vinha a faixa da Gaviões da Fiel campeã do carnaval de 95. Me encantei. Não é o maior samba da história da escola paulistana, mas tem história. É cantado em qualquer festa que se preze a colocar um samba enredo.

Fui crescendo e ouvi um “se gritar pega ladrão… não fica um meu irmão” e depois ganhei o CD dos sambas de 1998. Aquela capa com um carro alegórico preto com Orfeu cantado em verso e prosa, além de um samba maravilhoso da Beija-Flor e a Mangueira com Chico Buarque, me fizeram apaixonar ainda mais pelo samba.

Hoje, dois de dezembro é dia do mais brasileiro de todos os ritmos musicais. O ritmo que leva nosso nome para o mundo inteiro. Seja canção, de enredo, pagode ou partido alto, o samba tem cara, cor e nacionalidade: é do Brasil.

Quando o primeiro tambor bateu nessa terra esse país se fez. De Tia Ciata aos dias atuais é o samba que leva nosso nome para o mundo.

Sim, somos o samba e isso não é demérito para ninguém. Um ritmo de luta. Quantos não sofreram para que hoje pudéssemos cantar, ouvir e sambar. Foi pelo telefone que toda essa história começou, ilegal, na luta do negro e agora nos preparamos para seu centenário.

10262001_758489640886395_8404210811869796889_nFoi o samba que embalou alguns momentos bons e ruins da minha vida. Foi em Cartola que muitas vezes fui buscar uma música para dormir. Foi Beth Carvalho que cantei nas arquibancadas do futebol. O som de Jamelão me levou para trabalhar.

Já Neguinho da Beija-Flor que me deixou parado em frente a TV numa noite de carnaval. Já Dominguinhos do Estácio me acompanhou numa cama de hospital em pleno sábado de desfile das campeãs. O Wilson das Neves que me ensinou que no dia em que o morro descer e não for carnaval o negócio vai ficar feio. O Zeca Pagodinho que me ensinou um orixá me dá força. Noel Rosa e Wilson Batista me ensinaram que uma briga histórica pode trazer grandes poesias e grandes músicas. Foi o samba que me deu amigos. Foi o samba que me deu essa coluna que hoje escrevo.

Viva Tia Ciata!

Viva Paulo da Portela!

Viva dona Zica!

Viva Nelson Cavaquinho!

Viva Clementina de Jesus!

Viva Jorge Aragão!

Viva o samba!

https://www.youtube.com/watch?v=uQGLb9CFF70