Na última semana, vários jornalistas e colunistas de jornais, revistas e sites abriram espaço e deram lugar e voz nas suas colunas para as mulheres contarem histórias, opiniões ou simplesmente falarem sobre o machismo e suas consequências. Por isso, a coluna ‘Devaneios’ participa do movimento #AgoraÉQueSãoElas e convidei minha amiga Tainah Fernandes para falar sobre a descoberta dela sobre o feminismo.

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Há mais ou menos um ano e meio me descobri feminista. E digo ‘descobri’ porque antes disso achava que igualdade e respeito fossem questões de ser humano e que não precisássemos lutar tão ferrenhamente por isso. Pois é, descobri que precisamos, e não apenas por mim, mas todas as mulheres. Pela mulher que sofre violência física, psicológica ou sexual dentro e fora de casa, pela mulher que ganha menos e é ridicularizada pelos companheiros de trabalho, pela mulher que aborta, pela mulher lésbica, pela mulher negra e pela mulher trans.

E podemos dizer que a raiz para diversos problemas que envolvem mulheres é o machismo e a violência fruto deste machismo, e quando digo violência não estou me referindo apenas ao olho roxo, o braço quebrado ou à morte. Mas às questões sociais também. Quando se determina que exista coisa de menina e coisa de menino é uma forma de violência, quando dizem o que mulher pode ou não pode fazer, também. Quando tratam o corpo da mulher como objeto, um pedaço de carne separado em bunda e peito com tamanhos pré-determinados é uma violência enorme.

mulherSempre que a voz de uma mulher é calada na mesa do bar, no almoço com a família ou no trabalho porque “não sabe o que está dizendo”, é uma maneira de diminuir o intelecto feminino apenas porque até pouco tempo atrás mulheres não tinham direito ao pensamento. Não tinham direito à educação, ao voto, às suas próprias escolhas. E por falar em escolhas é uma violência do estado disfarçada de pensamento cristão que se criminalize o aborto.

Milhares de mulheres morrem por fazer uma escolha que diz respeito somente a ela. Seja por não desejar ter filhos ou por não ter condições ou pior, ser fruto de um estupro. É uma violência da sociedade agredir e violentar mulheres lésbicas e transexuais por não sem encaixarem no “seu padrão”, neste caso meu amigo, se fosse escolha, ninguém escolheria sofrer. Mas tudo isso eu descobri, percebi e aprendi, agora é preciso passar a diante.

É inegável todas as conquistas de movimento feminista até agora, mas ainda há muito o que se fazer e não devemos deixar que essas conquista nos sejam tiradas de maneira tão brutal. Portanto, meu conselho é comece a mudar. Adotei a política do não julgamento e garanto que sou uma pessoa muito melhor depois disso. Se não quiser se engajar na militância, comece mudando por você mesmo. Ensine suas filhas que elas podem fazer e ser o que quiserem e não crie machistas. Ensine seus filhos a respeitar. O nosso futuro depende disso. O nosso futuro precisa disso. Pequenas atitudes fazem uma grande diferença. Trate as pessoas com igualdade e respeito. Espero que nossxs jovens sejam cada vez mais pessoas que enxergam além de sexo, gênero, cor de pele e raça. Que a luta continue.