Confesso que só fui reparar nessa pausa de 10 dias para os dois jogos do Brasil nas Eliminatórias quando Dunga anunciou a convocação e eu fui ver que jogos os atletas que atuam por aqui perderiam. Foi uma grata surpresa ver que seria “só” um e, mesmo assim, dependendo do caso, nenhum.

Eu já aprendi faz tempo que o negócio aqui no Brasil é reclamar. Os técnicos vivem pedindo uma folga. Dorival Júnior pediu várias vezes. Teve uma e reclamou que não vai poder treinar o time porque teria que recuperar fisicamente os jogadores. Ou seja: é difícil entender que um ano tem 365 dias. Enfim, fato é que essa parada foi muito útil para que os técnicos organizassem a casa.

O Atlético Mineiro, por exemplo, melhorou ainda mais. A pausa fez bem, o time voltou mais inteiro e pôde voltar a jogar o seu bom futebol. O Fluminense também melhorou demais com Eduardo Baptista podendo trabalhar melhor o elenco, bem como o Sport de Paulo Roberto Falcão.

No time dos que cambalearam durante todo o Campeonato, o Figueirense não perdeu seu embalo. Já na parte de cima, a Ponte Preta segue mostrando que o trabalho de Guto Ferreira ainda rende frutos e voltou a brigar por G-4. Por outro lado, São Paulo e Palmeiras de nada aproveitaram os 10 dias de pausa e voltaram ainda mais pressionados e com um futebol mambembe. E o Corinthians? Bom, esse joga sempre igual. Regular, mortal, frio, taticamente perfeito e soberbo sempre que enfrenta times inferiores tecnicamente. Não é difícil entender porque é o líder absoluto.

Atlético Mineiro 2 x 1 Internacional

Atuação brilhante do Galo. Pressionado porque um eventual resultado negativo complicaria muito a vida do time na briga pelo título e jogando contra um time forte, o alvinegro não se fez de rogado e dominou completamente o jogo durante os 90 minutos.

Um Inter estranho, apequenado, que viu o Atlético jogar e parece ter se contentado, como se não estivesse em condições de lutar de igual para igual com o vice-líder. O gol de pênalti no início deu ainda mais tranquilidade ao Atlético, que só sofreu porque no único ataque que permitiu ao Colorado, sofreu o gol.

Foram minutos de muita intensidade antes do empate, com muitas chances desperdiçadas, e depois também, embora o nervosismo tenha atrapalhado no chamado último passe. Mais na marra do que no jeito, o gol de uma justíssima vitória veio no segundo tempo, punindo um time que só quis se defender e pareceu conformado com sua inferioridade. O Galo segue muito vivo.

Sport 3 x 0 Avaí

Outro que voltou a jogar bem foi o Sport. É bem verdade que a fragilidade do adversário ajudou e muito, mas o time pernambucano voltou a mostrar algum interesse pelo Campeonato e voltou a ditar seu ritmo de intensidade e velocidade. Fez três gols com naturalidade e praticamente sem esforço algum. Vitória importante para deixar o time de vez de férias e focar em 2016. Matematicamente, nem mesmo um G-4 pode ser descartado, embora soe improvável. Já o Avaí, que joga hoje o que se esperava dele desde o início, vai sofrer e muito até o fim.

Figueirense 3 x 0 Flamengo

Mas rapaz… Que sapatada. O Flamengo jogou mal e pegou um Figueirense ligadíssimo, embalado pela vitória brilhante em Goiânia. Essa foi a diferença básica: vontade. O primeiro tempo foi ruim, mas fez o gol aquele time que ao menos buscou o ataque, que tomou as rédeas do jogo e que soube aproveitar a patacoada do time adversário.

Mesmo o Figueira tendo dominado totalmente o jogo, a história poderia ter sido outra porque o Fla foi muito bem no começo do segundo tempo e tudo levava a crer que o empate viria. Não só no veio como veio o segundo gol do Figueira, que matou totalmente o jogo e aumentou a vantagem no fim do jogo.

Joinville 3 x 1 Coritiba

Caso meio parecido com o do jogo do Figueirense, embora a diferença técnica entre os times seja menor do que era no caso do Orlando Scarpelli. Outra coincidência é que em Joinville a história também poderia ter sido outra porque o time da casa, quando vinha melhor, fez um pênalti infantil e deu sorte de Kléber Gladiador bater tão mal. Logo na sequência, pênalti pro outro lado e gol do Joinville, começando a desenhar a vitória.

Vitória que viria com uma boa dose de tranquilidade no segundo tempo. Dois gols, 3 a 0 e uma atuação incontestável. No fim, Agenor pegou outro pênalti, mas o juiz mandou voltar e o Coxa descontou. Até tentou ensaiar uma pressão, mas já era tarde.

Palmeiras 0 x 1 Ponte Preta

wanderson_rib-1E não é que a Ponte Preta conseguiu voltar a brigar pelo G-4? É um prêmio justíssimo para um dos times mais corajosos do Brasileirão. Mesmo jogando no Allianz Parque, buscou a vitória, controlou o meio-campo com uma marcação inteligente. Taticamente superior ao Palmeiras, impediu o time da casa de atacar e impôs seu ritmo. Quando conseguiu o gol, administrou.

Administrou porque continuou controlando o jogo, mas agora sem a bola. Deixou o Palmeiras se cansar sem encontrar espaços. A pouca compactação alviverde deixou os jogadores muito distantes e aí ficou fácil pra Macaca. Só no fim o Palmeiras conseguiu pressionar, mas não o suficiente para o empate. Venceu o time mais inteligente.

Atlético Paranaense 2 x 2 Cruzeiro

Apesar dos quatro gols, jogo bastante fraco, com um Atlético-PR muito desligado e um Cruzeiro que em certos momentos lembrou aquele time apático de Vanderlei Luxemburgo. Um jogo de poucas chances, pouco futebol e que só foi esquentar um pouco quando o Furacão, que vinha melhor, abriu o placar. Depois, o rubro-negro passou a implorar pelo empate e conseguiu em um chute de fora da área. Só podia mesmo ter sido assim, já que o Cruzeiro nada criava. Meio sem querer, o português Bruno Pereirinha recolocou o Atlético em vantagem, mas por pouco tempo. Em uma falha do sistema defensivo, De Arrascaeta empatou em definitivo.

Fluminense 2 x 0 São Paulo

Em um jogo entre dois times que não estão entre os melhores do momento, venceu o mais consistente taticamente. O São Paulo na estreia de Doriva foi um time desorganizado, apático, que deixou muitos espaços lá atrás e nada conseguiu criar lá na frente. Com um meio-campo impressionantemente inoperante, o São Paulo viu o Fluminense, mesmo com suas enormes limitações, chegar, chegar, chegar, até marcar. Com naturalidade incomum nesse segundo semestre, o Flu controlou a partida até marcar o segundo, em um golaço de Marcos Júnior já no segundo tempo.

Aí veio o momento mais curioso do jogo. Com uma vantagem segura, o Fluminense simplesmente abdicou de jogar. O São Paulo fez praticamente um ataque contra defesa. E, mesmo assim (isso é o mais impressionante), teve poucas chances reais de gol. Com Alexandre Pato mal, mas mesmo assim sobrando entre os homens de frente dos paulistas, as finalizações ficaram ainda mais prejudicadas. Luis Fabiano segue se posicionando absurdamente mal e matou vários ataques com impedimentos. O gol que fez, foi após uma ajeitada com a mão. Aí fica difícil.

Corinthians 3 x 0 Goiás

Dizer que o Corinthians é o melhor time do Brasil está na moda, mas é uma moda contestada pelos números. O desempenho contra os times do G-4 é relativamente modesto – 7 pontos de 15 – e não muda muito se analisarmos os oito – 15 pontos vencidos em 33 disputados – ou os 10 primeiros – 22 pontos ganhos em 42. Nota-se uma absurda dificuldade contra times mais fortes (foi eliminado pelo Palmeiras no Paulistão, pelo Santos na Copa do Brasil e pelo Guarani na Libertadores). O segredo do Corinthians é matemático e, ao mesmo tempo, lógico. O Corinthians não conquistou a liderança porque vai bem contra quem é melhor ou do mesmo nível. É líder porque faz valer sua superioridade.

Se você pegar o grupo dos 10 últimos colocados, que tem ali três times meio de férias e sete lutando desesperados contra o rebaixamento, vai ver que o Corinthians fez 16 jogos contra essas equipes até agora. São impressionantes 13 vitórias e três empates com 30 gols marcados e cinco sofridos. 42 pontos ganhos de 48 disputados. Bingo. Contra o Goiás, por exemplo, se impôs como um líder, mas também como um time superior – como são superiores, por exemplo, São Paulo e Palmeiras, que perderam em casa pro Esmeraldino. Embarcando na fragilidade de um dos piores times do torneio (destroçado moralmente, pra piorar), o Timão fez 2 a 0 na metade do primeiro tempo e só não aplicou uma goleada histórica porque Vagner Love viveu uma noite daquelas. O belo gol de Rodriguinho, no fim do jogo, fez um pouco mais de justiça ao placar.

Vasco 1 x 1 Chapecoense

Se a gente ficar uma rodada inteira sem falar de arbitragem não é o Brasileirão… O jogo estava se encaminhando para um rebaixamento moral do Vasco, com a Chapecoense absurdamente superior em campo. Jogando fácil, bonito, com velocidade e envolvendo um time que, embora tenha melhorado muito, é fraco demais. A Chape voltou a jogar bem, vem embalada, e pecou muito na hora de finalizar. Fez um gol, corretamente anulado, e vinha melhor no segundo tempo, quando entrou em cena o show do trio de arbitragem comandado pelo mineiro Ricardo Marques Ribeiro.

622_d4dc51ef-a2da-3111-b721-52d375d10c07Para começar, ele anulou um gol da Chapecoense alegando uma falta que, pelo menos para mim, não existiu. Aí passaram alguns minutos e o Vasco fez um gol que não virava apenas o panorama da partida, mas sim do Campeonato. Jogando mal, inferior no jogo e com a derrota certa, saiu na frente. Estava claro que o Vascão está num momento iluminado. Aí, nos cinco minutos finais, a canoa virou pro outro lado. Ricardo Marques conseguiu marcar toque de mão em um lance onde a bola bateu no joelho do vascaíno Rodrigo. Pênalti e empate da Chapecoense, que seguiu pressionando muito no que restou de tempo, mas não virou. E ainda pode agradecer ao árbitro mineiro por ter ignorado um pênalti inacreditável no último ataque do Vasco na partida. Agora, o rebaixamento parece estar cada vez mais perto, novamente.

Grêmio 1 x 0 Santos

Jogo poderia ter sido prejudicado pela ausência de boa parte do público, haja visto a amostra grátis do apocalipse que passou por Porto Alegre na madrugada de quarta para quinta, mas não foi. Pelo contrário, foi um jogo muito bom, talvez o melhor da rodada. Os dois times jogaram um futebol ofensivo, propositivo, permitiram que o adversário jogasse e o resultado foi uma partida intensa, com muitas chances de gol. O Grêmio saiu na frente com um gol no primeiro tempo, no raro momento onde foi superior (houve um outro raro momento onde o Santos é quem dominou as ações) e acabou vencendo no detalhe, se distanciando do quarto colocado e encaminhando muito bem sua vaga na Libertadores.

Classificação

A oito rodadas do fim, estamos assim.

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Público e Gols

– Mais uma rodada que ficou na média da média de público – um pouco abaixo, na verdade. Agora estamos em 17.076 torcedores por jogo. Comparando com as 30 primeiras rodadas nos demais anos: 12.082 em 2006, 15.583 em 2007, 15.935 em 2008, 16.506 em 2009, 13.695 em 2010, 14.187 em 2011, 12.495 em 2012, 14.270 em 2013 e 15.461 em 2014.

– Uma das melhores rodadas em termos de gols, levando o Campeonato a 712. A essa altura, eram 811 em 2006, 813 em 2007, 772 em 2008, 852 em 2009, 758 em 2010, 803 em 2011, 742 em 2012, 744 em 2013 e 661 em 2014.

Palpites para a 31ª Rodada

Avaí x Palmeiras – Sábado, 17/10, às 18h30, na Ressacada, em Florianópolis

Jogo bom pro Palmeiras porque os dois times estão em crise e o Verdão tem mais qualidade. 2 a 0 para o Palmeiras.

Joinville x Figueirense – Sábado, 17/10, às 21h, na Arena Joinville, em Joinville

Clássico bacana, que pode tirar de vez o Figueira da zona de rebaixamento ou decretar de vez a queda do JEC. Por jogar em casa, vou com o Tricolor. Joinville vence por 2 a 1.

Ponte Preta x Coritiba – Domingo, 18/10, às 11h, no Moisés Lucarelli, em Campinas

Aí não tem nenhum segredo. Qualquer resultado diferente de vitória tranquila da Ponte é zebraça. Macaca vence por 3 a 0.

Cruzeiro x Fluminense – Domingo, 18/10, às 11h, no Mineirão, em Belo Horizonte

Já meio de férias no Brasileirão, os dois times perseguem agora aqueles 40 e tantos pontos que lhe assegurem a permanência na elite. Nesse caso, vou com o time da casa, que também me parece mais competente. Cruzeiro vence por 2 a 0.

Flamengo x Internacional – Domingo, 18/10, às 16h, no Maracanã, no Rio de Janeiro

Jogo importantíssimo, valendo praticamente a sobrevivência na luta pelo G-4. O Flamengo joga em casa, o que mais uma vez me leva a apontar para um lado e não para o outro. Vitória do Mengão por 3 a 1.

Atlético Paranaense x Corinthians – Domingo, 18/10, às 16h, na Arena da Baixada, em Curitiba

Uma dessas regras toscas do futebol que eu gosto de entender como verdadeiras é que o Corinthians não vence em Curitiba contra o Atlético-PR de jeito nenhum. Claro, já venceu algumas vezes, mas me parece sempre um evento sobrenatural. Apostarei na manutenção dessa escrita. Vitória rubro-negra por 1 a 0.

São Paulo x Vasco – Domingo, 18/10, às 16h, no Morumbi, em São Paulo

Depois do empate de quinta-feira, a tendência é que o Vasco se afunde em definitivo. Contra o São Paulo, no Morumbi, vou até ser bonzinho de apostar em derrota magra. Vitória paulista por 2 a 1.

Grêmio x Chapecoense – Domingo, 18/10, às 17h, na Arena do Grêmio, em Porto Alegre

Bom demais para o quarto colocado e fraquinho demais para brigar com os dois primeiros, o Grêmio vai na sua contagem regressiva para garantir vaga na Libertadores e deve somar mais três pontinhos. 2 a 0 para o Imortal.

Santos x Goiás – Domingo, 18/10, às 17h, na Vila Belmiro, em Santos

Outro jogo onde é fácil demais apostar. Vitória do Santos, tranquila e soberba. Santos 3 a 0.

Sport x Atlético Mineiro – Domingo, 18/10, às 18h30, na Ilha do Retiro, no Recife

Talvez o jogo mais aguardado da rodada. Se fosse o Galo de algumas semanas atrás, cravaria derrota, mas esse tem tudo para conseguir no mínimo um empate. Tudo igual, 1 a 1.

Simulador

Simulei as últimas oito rodadas e deu nisso aí.

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