Antes de tudo, deixo claro, que não tenho a menor intenção de saber como é. Dito isso, vamos à luta…

Na ultima semana o país esteve envolto em duas notícias que balançaram as emoções de muitas pessoas. Em plena quinta-feira santa, os noticiários foram inundados por lágrimas. Morreram o filho do governador Alckmin em São Paulo e o garoto Eduardo em um morro carioca.

Na velocidade que temos em nossas vidas conectadas diariamente, vimos manifestações diversas em todos os lugares possíveis. Ao governador a raiva, o ódio da famigerada política que, em crise hoje em dia, tem acabado com os pilares de nosso país. Ao menino, o ódio de uma luta que não sabe o caminho que se deve ter na política de um Estado de princípios falidos.

Não quero entrar no deprimente Fla-Flu de asneiras que lemos na noite de quinta. O que me traz aqui é tentar discutir a quantificação de uma tragédia. O que pode significar perder nosso bem mais precioso… Um filho…

O que se tentou fazer foi isso… Dar valor à morte. À cobertura. Ao aplauso de certas classes sociais… Às lágrimas de crocodilo em cima do túmulo do sobrenome famoso. E quem se importou com aquilo que realmente conta? Alguém viu como foram embora os pais do Eduardo? A importância real é essa.

Sou pai há dez anos e alguns meses. Dentro da minha casa já assisti meu pai e minha mãe perderem uma filha. A ordem invertida. Arrancar um coração sem pedir licença. O fim do mundo. O Impossível. Acredite, não existem palavras que definam tal situação. Não existe limite para consolar a mais profunda tristeza que o mundo pode produzir.

Quantificar nesse caso é um sentimento torpe. Um sentimento baixo. Se é que existe sentimento. Por coincidência, tudo aconteceu na semana da Páscoa, que para os Cristãos representa muito dessa perda. A perda de quem deu a vida por todos.

E o vazio que fica. A quem cabe? Como preencher. Ou transformar na medida do possível, numa saudade que dia a dia vai inflando novamente um coração devastado. Quem vai socorrer essa mãe que viu seu filho partir de maneira tão cretina e violenta? Quem?

Quem está preocupado com essa moça?

Estamos preocupados se a classe média aplaude a chacina. Precisamos levar umas centenas de letras comparando a dedicação dos espaços midiáticos às mortes. Ou como seria a cobertura se a criança tivesse nascido nas zonas mais abastadas.

Enquanto isso… Uma aturdida mãe, tal qual Maria, saia fugida do estado onde decidiu viver, antes que outra bala lhe atravesse o coração. Pobre país…

Não devemos ter a presunção que um abalo como esse irá mudar a sociedade ou começar a produzir pessoas de melhor domínio psicológico da situação. Não. Apenas o tempo. O afeto, o carinho e o amor serão capazes de trazer essas mães a uma realidade um pouco menos dolorosa.

Aprendamos todos que esses casos, muito mais do que servirem de mote para generalizações ideológicas, também sirvam para esfriarmos ânimos e nos pormos a pensar em assuntos muito mais relevantes do que o tradicional latido dos raivosos dos teclados.

A quem interessa isso?

O que fica afinal?

Apenas lembranças incríveis da maior experiência do ser humano.

Seja lá quem for!