Na sua estadia nos Estados Unidos, o Migão conheceu a Disney, o ginásio do Orlando Magic, o Pateta – seu irmão famoso, como ele próprio diz – e, de brinde, trouxe para os colunistas um calhamaço de estatísticas da última temporada da NFL, disponíveis no site da entidade. Após analisar o presente ianque, resolvi selecionar uns dados curiosos, e que explicam certas situações do último ano e da própria modalidade atualmente.

Vamos a eles:

– Mesmo o Pittsburgh Steelers tendo o melhor corredor da Conferência Americana, e o segundo que mais carregou a bola na Liga inteira, o quarterback da equipe Ben Roethlisberger (abaixo), foi o quarto que mais fez tentativas de passes na NFL. Isso pode mostrar um grande volume de jogo da equipe ou uma sobrecarga em cima de um único corredor. O que é curioso também é que Pittsburgh sempre teve como marca registrada o jogo terrestre. Esse fato também evidencia o quanto a NFL tem se focado no jogo aéreo – algo que o comentarista da ESPN, Antony Curti, cita numa transmissão sim, outra também…

ben-roethlisberger-contract-20– LeVeon Bell (Steelers) e DeMarco Murray (Cowboys) foram os maiores conquistadores de primeiras descidas para suas equipes durante o ano, com 114 e 101, respectivamente. Os dois foram os líderes em jardas terrestres durante 2014, só que ocupando posições inversas no ranking.

– Tony Romo, do Dallas Cowboys, teve o melhor rating (uma espécie de nota dada de acordo com a performance do QB num jogo) e a maior porcentagem de passes completos da temporada. Pena que a recepção que podia dar a vitória a Dallas, no jogo de playoff contra o Green Bay Packers, acabou sendo invalidada por uma regra besta. Romo já tinha virado (com ajuda da arbitragem) um jogo complicado contra o Detroit Lions, na rodada anterior do mata-mata, calando um pouco a boca dos críticos.

TODOS os times com quarterback dentre os dez melhores, em rating, na temporada foram aos playoffs. Mais uma mostra do peso da posição. Se a coletividade é necessária para o último degrau, um QB é essencial para o time ter chances de ser campeão.

– Andy Dalton (QB, Bengals) teve o pior rating dentre os titulares da NFL que jogaram todo o ano e que foram aos playoffs. Justifica a fama de superestimado que ele tem – e que o Migão adora ressaltar.

colin1– O San Francisco 49ers foi o time com menos jardas aéreas da temporada. Estatística que deixa clara a preferência pelo jogo terrestre, algo potencializado pelo físico de Colin Kaepernick – e também pela falta de precisão do mesmo…

– Nenhum recebedor do New England Patriots e do Seattle Seahawks, os times que foram finalistas, estiveram entre os dez melhores em jardas do ano, e apenas um, somando as duas equipes, figura entre os dez que mais receberam passes em 2014: Julian Edelman, de New England. E ele aparece em oitavo nessa classificação, com 92 recepções.

– O líder de recepções de Seattle foi Doug Baldwin, com 66 recepções. Só cinco times tiveram líderes com menos passes recebidos, e quatro não foram aos playoffs (Minnesota, Jacksonville, Cleveland e St. Louis). É outro time com viés terrestre. Quem tem Marshawn Lynch não precisa de muito mais.

– O líder em jardas terrestres do New England Patriots, o running back Jonas Gary, teve apenas 412 jardas pelo chão durante o ano. Mostra a tendência aérea do ataque patriota, algo comum durante a era Tom Brady; além de evidenciar a divisão entre os RBs de New England, já que a equipe teve em 2014, além de Gray, Shane Vereen, Brandon Bolden e LeGarrette Blount. Por outro lado, o principal corredor da equipe, Stevan Ridley, se machucou no inicio do ano, o que, talvez, explique o número baixo, visto que nenhum líder terrestre de qualquer outra equipe da NFL teve tão poucas jardas pelo chão.

andrew-luck-eli-manning-nfl-preseason-new-york-giants-indianapolis-colts2-850x560– Andrew Luck (Colts) foi o jogador da NFL com mais fumbles (bolas soltas) durante 2014, com 13. Um ponto a ser ajeitado se ele quiser ser a estrela que todos indicam que será. Claro que a fraquíssima linha ofensiva ajuda na inflação deste dado, afinal, se não há proteção fica mais fácil da defesa chegar ao passador e causar problemas; isso quando o QB não é obrigado a se deslocar e ele próprio faz a bobagem.

– Russell Wilson (QB, Seahawks) foi quem mais recuperou seus próprios fumbles (6). Uma habilidade curiosa. Jogador que bate e depois assopra o coração dos seus torcedores.

– Impressionam os números de Odell Beckham Jr., dos Giants. Mesmo calouro, ele conseguiu 91 recepções e 12 TDs, o que já são números excepcionais para um iniciante na liga. Em apenas 12 jogos, então, é espetacular. Também deixa claro o quanto o time de Nova York carecia de um bom wide receiver, ainda mais depois da gravíssima contusão de Victor Cruz durante a temporada.

giants-odell-beckham-makes-incredible-catch-against-cowboys-16b73a456db9dd91– O calouro mais próximo de Beckham, em número de recepções (84), foi Jarvis Landry, dos Dolphins. Curioso é que Beckham e Landry jogaram juntos na universidade de Louisiana State, popularmente conhecida como LSU. Na época, ambos eram tidos como excelentes prospectos. Pelo menos, neste primeiro ano, tal avaliação foi bem correta.

– Quatro quarterbacks aparecem recebendo passes para jardas ínfimas, nulas ou negativas. Isso se deve a, provavelmente, um passe que foi desviado nas linhas e acabou flutuando no ar, com o QB pegando a bola antes que algo pior pudesse acontecer.

2b666d06-2761-4b0a-a1fc-68a0bd456eb6-620x372– Blake Bortles, novato quarterback dos Jaguars, foi o mais sacado da NFL em 2014, em 55 ocasiões (média altíssima de 3,4 sacks por jogo). Jacksonville precisa pensar em linha ofensiva, se quiser evoluir. Na Conferência Nacional, Colin Kaepernick foi o mais derrubado (52 vezes), mas nesse caso isso se deve ao fato dele segurar demais a bola em tentativas de corrida.

– Peyton Manning (QB, Broncos) foi o pior corredor da liga em termos de jardas. Foram 24 negativas. O lendário passador nunca foi conhecido pela sua habilidade atlética quando tem que carregar a bola. Como ajoelhadas para encerrar o jogo também são consideradas corridas, um grande número delas também pode ter influenciado.

jp-brady-articleLarge– Tom Brady, que tem uma habilidade em correr tão infame quanto a de Manning, obteve 57 jardas positivas. Quem acompanha o time da Nova Inglaterra sabe que uma das jogadas prediletas do ataque de Bill Belichick, técnico dos Patriots, é o sneak (quando o QB pega a bola e avança para frente das linhas, imediatamente após o snap, sem entregá-la para outro corredor), artimanha usada em situações de descidas curtas. É difícil encontrar uma partida, durante a era Brady-Belichick, em que essa jogada não tenha sido usada.

– Ben Roethlisberger e Aaron Rodgers lançaram o maior número de passes para touchdown no quarto período – vulgarmente conhecido como “a hora da onça beber água”. Ambos lançaram 11 TDs. Já Andrew Luck, durante o ano, arremessou 16 passes completos para a zona final, em situações de terceira descida, ou seja, quando os times estão a fim de avançar no campo para evitar o chute, seja o punt ou a tentativa de field goal.

Ainda retornarei em próximas colunas com mais números, sobre os jogadores de defesa, de times especiais e os dados coletivos, do documento que o Migão “trouxe” e que, brincadeiras a parte, é bem interessante para quem gosta da modalidade e é fanático por números e análises mais detalhadas. Até lá.