Sou um insone nato, confesso! E, por extensão, tenho uma considerável queda pela boemia, também admito. Some-se a isso tudo o fato de eu ser um bom-garfo, vê-se o quanto são importantes para mim recantos como Cervantes, Galeto Sat´s, Lamas, Jobi entre outros…

Pois bem… Li em uma edição de “O Globo” semana destas que, para algumas dessas verdadeiras catedrais da gastronomia noturna, a ‘madruga’ está cada vez mais curta. Os donos desses estabelecimentos atribuem isso aos altos valores que atualmente são cobrados na noite.

É… pode ser.

Mas percebo também uma mudança no perfil da rapaziada que frequenta a noite no Rio de Janeiro. Antigamente, víamos pelas ruas o pessoal que gostava de sentar na mesa de um bar, arriscar um petisco, jogar conversa fora, falar de futebol, de mulher etc…

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Atualmente, as pessoas saem mais em tribo, normalmente para lugares fechados, e com um entretenimento específico: o baile funk, o pagode, as festas grunge, plocs etc. Com isso, os bares e restaurantes perdem público exatamente no horário nobre da madrugada, mais ou menos entre 1 e 4 da manhã. A vários deles, para evitar o prejuízo maior, resta fechar as portas mais cedo. Há quem também aponte o dedo para a violência (e também para a Operação Lei Seca). Mas, convenhamos, esse é um mal que nos acomete mais seriamente há mais ou menos uns trinta anos. E o comportamento dos notívagos do Rio de Janeiro não sofreu grandes mudanças nos anos 80 e 90, por exemplo.

É claro… Hoje não dá mais para brincar com um morador de rua, uma meretriz ou até mesmo um pivete, algo que cansei de fazer na minha adolescência e início da idade adulta. Alguns, inclusive, viraram amigos e um deles virou meu personal-flanelinha quando estaciono meu carro num determinado recanto de Copacabana. Nos dias atuais, carregado de mau-humor, não se sabe de onde pode surgir um caco de vidro, ou canivete, uma faca ou até mesmo um revólver nas mãos de um desses personagens. E, nesse caso, entende-se aqueles que preferem o aconchego do lar.

Mas e nós, boêmios-insones-comilões, como ficamos? Por enquanto, resta-nos alguns bastiões, como o Galeto Sat´s , o Boteco Cabidinho e a Pizzaria Guanabara. Mas do que guardiões da madrugada carioca (e matadores da fome alheia) se transformaram em foco de esperança para que as noites cariocas voltem a ser como dantes.

[N.do.E: o jornalista Fred Soares passa a assinar uma coluna nesta revista eletrônica, além de reforçar a equipe da cobertura de carnaval do Ouro de Tolo. PM]