E chegou o meu dia..

43 anos, 6 meses e 15 dias de espera. E vamos à Copa do Mundo do Brasil. Um evento que está mexendo com a alma do brasileiro. Que está deixando nossos visitantes de queixo caído. Nossa hospitalidade, alegria e irreverência estão ultrapassando fronteiras e deixando o maior legado que esse grande evento pode trazer. A Copa da América do Sul!

Meu jogo? Uruguai X Inglaterra no Itaquerão em São Paulo.

Por si só esse jogo, que reúne campões mundiais é grandioso. Mas pela primeira rodada ele se tornou a primeira grande final dessa Copa de 2014.

Claro que por ser feriado, dia 19, ajudou muito a organização do evento. Mas não podemos deixar de admirar a ótima logística montada, a alegria dos voluntários e até o comportamento da Polícia. O metrô de São Paulo, funcionando perfeitamente bem como o Expresso da Copa, linha rápida criada para levar torcedores à zona leste. É só andando de metrô em São Paulo num dia como esse é como a gente vê o quanto ele é bom, o dos outros lugares é ruim e como o crescimento dele é lento. Desde a estação São Judas na zona sul até o Artur Alvin, cerca de 20 estações, não demorei mais de 40 minutos. Cheios de estrangeiros os trens vão denunciando a mudança da metrópole e ali vemos a importância de se levar o evento ao longínquo bairro a fim que esse possa atingir um desenvolvimento maior. A ver esse legado…

Obviamente com o Radial Leste bloqueada após a Estação Guilhermina ajudam os torcedores à rapidamente caminhar cerca de 800 m que separam o metrô do estádio. Três bloqueios policiais impedem quem não tem ingresso andar pelas cercanias. Essa pequena caminhada é saudada de forma muito carinhosa pelos habitantes itaquerenses. Vários bares lotados de ingleses e uruguaios confraternizando . O imenso Conjunto Habitacional ao lado do estádio foi decorado com os cartazes das copas anteriores e várias pessoas iam à janela para saudar o visitante. Não conheço muito essa parte de São Paulo, mas as intervenções urbanas foram importantes ali. Várias passarelas foram erguidas ao acesso de Trem e às duas estações de metrô existentes.

Quando o estádio aparece ao horizonte ele salta aos olhos. Um Taj Mahal em meio ao deserto. Impressiona, confesso. Com estilo próprio, diferente da maioria que vemos por aí. Após rápida e organizada passagem por detectores de metal entrei e temos uma ampla área, que sugiro no futuro será estacionamento. O torcedor não se iluda. Nessa versão FIFA temos uma liberdade que não teremos no dia a dia. Os acessos às partes nobres estão no setor Oeste o mesmo que meu acesso indicava. Nessa parte o estádio impressiona ainda mais. Salta aos olhos um luxo inacreditável. Gigantescas escadas em mármore e granito. Um grande salão negro, todo em granito. Os banheiros deixam inveja a qualquer shopping Center de alto padrão. Gente que esteve na Allianz Arena fica de queixo caído até na comparação. O dono do estádio vai ter um imenso trabalho, tanto na gestão de recursos, quanto a convencer o corintiano acostumado com a central Pacaembu a ir ao longínquo bairro.

Em termos gerais o estádio é muito bom. Não tem lugar de visão ruim (dei uma boa andada, acredite) Sem as horrorosas cadeiras provisórias, a acústica será ótima. Enfim, Itaquera vale a pena à visita, ressaltando-se sempre que na versão FIFA eu acredito ser muito melhor do que ele estará. Um desinformado não o identifica com o dono. Nenhuma referência é feita. Achei uma desfeita.

Uruguay v England: Group D - 2014 FIFA World Cup BrazilTudo é organizado à perfeição. Muitos voluntários cheios de alegria trabalham. Você pode ir calmamente até seu lugar, tomar sua cerveja e interagir com tantos torcedores do futebol. A nota negativa é a comida. Às 13h30min a única opção de lanche era um hot dog. Avisavam que ia chegar. Todo sabe quem é a rede oficial da FIFA. Falha feia. Tomara que corrijam. Bebida não falta. Ponto positivo para a Ambev que faz copos ilustrativos com as bandeiras dos países que vão jogar. Ótima lembrança. Mas acabam rápido.

Os torcedores uruguaios são muito festivos e não param de cantar um minuto. As musicas que falam da copa de 50 são muito engraçadas e eles levam muito a serio os títulos da Copa América. Nunca tinha visto tanto orgulho que na verdade não damos muita bola (em 2019 será aqui e seria muito legal reviver esse clima). Os ingleses também cantam (e bebem). Estão maravilhados com tudo.

Quando a música da Fifa anuncia a entrada dos times, muitas lágrimas escorrem. Estar na Copa é estar no ápice. Nada pode ser maior, como disse o Boliviano Ademar, ao meu lado que veio de moto de Santa Cruz de La Serra. Os hinos cantados . God Save the Queen impressiona. O do Uruguai, cantado a plenos pulmões. Tudo lindo demais.

O jogo foi muito tenso. Muito mesmo. Um domínio territorial inglês, controlando o meio de campo, mas esbarrando na ótima marcação das linhas uruguais. Três jogadores plantados na frente da área e Cáceres dando carrinho até na sombra. Godin do Atlético de Madri é um ótimo zagueiro. Quando os celestes tomavam a bola, rapidamente ela passava pelo meio e Cristian Rodrigues, Cavani e principalmente Suárez enlouqueciam a defesa inglesa. No primeiro tempo meia dúzia de contra-ataques. Aos 45 minutos a premiação. 1×0.

suarez1Suárez é um extraclasse. Um grande jogador. Toque refinado, um líder em campo. Acompanha o lateral nas descidas . Fez dois gols premiando uma grande partida. Seu time executa a perfeição o plano tático. Ele executa seu recital particular. Seu solo dá brilho a esse aguerrido time. Dos súditos da majestade eu destaco Rooney. Que vontade! Um centroavante que procura o jogo onde ele estiver. A bola passa por ele, se prepare. Vem coisa boa por aí. A Inglaterra é um time jovem e penso que para 2018 pode formar um time interessante. Com Gerrard apagado fica difícil.

O jogo transcorreu tenso até que o petardo de Suares decretou a vitória celeste. Justa! Premiou o time mais aplicado, que jogou melhor e deixou a América do Sul mais perto de uma vaga nas finais da Copa. Os ingleses vão embora.

A Copa continua… Um mês que jamais deixaremos nossas retinas esquecerem!