Nesta terça-feira a coluna da jornalista Raphaele Ambrosio dá algumas dicas sobre as diferenças entre dois problemas que afetam muitas mulheres mundo afora: o câncer de mama e o cisto mamário.

Câncer de Mama e Cisto Mamário – entenda a diferença

Uma simples apalpada nos seios enquanto se toma banho pode fazer a diferença na vida de muitas mulheres. O autoexame – no qual a mulher examina sua própria mama – às vezes é deixado de lado por pudores, receios ou até mesmo por esquecimento. Mas é uma prática que deve ser levada a sério. Entenda o porquê.

Em alguns casos, ter um caroço na mama pode não representar muita coisa, como um cisto, por exemplo, mas em outros pode ser uma doença que pode levar à morte, conhecida como câncer de mama.

Câncer de mama

É a segunda doença mais frequente e, por incrível que pareça, é a que mais mata as mulheres, já que, quando descoberto, o câncer já está em estágio avançado. Quanto antes descobrir, melhor será de tratar, combater e se livrar dele. Em alguns casos, não há a necessidade de retirada da mama. Ele aparece com mais frequência em mulheres acima dos 40 anos. É um tumor maligno que se desenvolve por conta de alterações genéticas. Ocorre o crescimento anormal das células mamárias, tanto do ducto mamário quanto dos glóbulos mamários. Existem dois tipos: não invasivo e invasivo.

– Não Invasivo – é o nódulo que fica contido em certo ponto da mama. Ele não se espalha para outros órgãos e é mais fácil de ser tratado. A membrana que o reveste não se rompe, fazendo assim, com que suas células cancerosas fiquem concentradas, sendo de fácil localização na hora de uma possível cirurgia. O Carcinoma ducta in situ é o tipo mais comum desse câncer não invasivo. Ele afeta os canais por onde saem o leite, porém, não se espalha para outros tecidos e nem invade a parte sanguínea. Mas atenção: pode haver mais focos dele na mesma mama, já que ele pode ser multifocal. Na categoria não invasiva também aparece o lobular in situ, que aparece nos lobos mamários, mas não se espalha. Ele representa de 2 a 6% dos casos de câncer de mama.

– Invasivo – nestes casos, a membrana se rompe, espalhando, assim, as células cancerosas para outros pontos do organismo, o que é chamado de metástase. O mais comum e que representa o maior numero do tipo, ficando entre 65% a 85% dos casos invasivos é o Carcinoma ductal invasivo. Ele também aparece no ducto da mama e pode se espalhar para tecidos próximos. A tendência dele é crescer e atingir outros órgãos, através de veias ou vasos linfáticos. Já o Lobular invasivo aparece nos lobos mamários e ele tem as mesmas consequências do Carcinoma Ductal.

cancer de mamaExiste também o Inflamatório e a Doença de Paget. No caso inflamatório, raramente apresenta receptores hormonais, podendo ser chamado de triplo negativo. Ele é a forma mais agressiva de câncer de mama – e também a mais rara. O carcinoma inflamatório se apresenta como uma inflamação na mama e frequentemente tem uma grande extensão. O câncer de mama do tipo inflamatório também começa nas glândulas que produzem leite. As chances de ele se espalhar por outras partes do corpo e produzir metástases são grandes. Já na Doença de Paget, ele acomete a aréola ou mamilos, podendo afetar os dois ao mesmo tempo. Ele representa de 0,5 a 4,3% de todos os casos de carcinoma mamário, sendo portanto uma forma mais rara.

O câncer de mama é caracterizado por alterações na pele do mamilo, como crostas e inflamações. Os sintomas são:

– Vermelhidão na pele
– Nódulos na axila
– Pele enrugada, com aspecto de casca de laranja.
– Mamilos com formas alteradas e diferença de tamanho entre uma mama e outra
– Secreção saindo no mamilo
– Ferida na mama. Mas só acontece em estágios avançados.

Cisto mamário

Ele não caracteriza câncer de mama, mas requer atenção também. É um caroço que surge na mama e pode, em alguns casos, apresentar dor. Ele é benigno e aparece na fase reprodutiva da mulher. É comum o surgimento em fase menstrual, por uso de remédios contraceptivos ou até mesmo, por ter magoado o local. O certo é que, após a menstruação, ele reduza de tamanho. Quando isso não ocorre e começa a causar dor e desconforto, é necessária uma avaliação médica. Em alguns casos, é preciso fazer uma punção mamária, que é realizada no consultório médico, e o uso de algumas vitaminas e remédios para o alívio da dor. Os sintomas são:

– Dor em toda mama
– Sentir a mama pesada
– Presença de um ou mais nódulos que são, facilmente, notórios no autoexame.
– Inchaço na mama
– E em alguns casos, uma dor que repuxa até uma parte da axila.

Quando a mulher realiza o toque mamário e percebe algo de anormal, é necessário que ela vá imediatamente ao médico, para que ele avalie e solicite alguns exames. Se a mulher não tiver idade para ter câncer de mama, ele solicita um ultrassom mamário bilateral. Já em casos de mulheres acima de 40 anos, é necessária uma mamografia. Somente o toque não é o suficiente, ajuda a descobrir que algo não vai bem com a sua mama, mas são necessários exames de imagem para um diagnóstico certo.

Fatores que ajudam no surgimento do câncer de mama

– Histórico familiar – quando duas ou mais pessoas próximas ao paciente, com grau de parentesco até o terceiro grau, já teve algum tipo de câncer.

– Menstruação precoce – quando jovem, a mulher passa a produzir maior quantidade do hormônio estrógeno. Esse hormônio, em quantidades alteradas, facilita a proliferação desordenada de células mamárias, resultando em um tumor. Quanto mais intensa e duradoura é a ação do hormônio nas células mamárias, mais chances de que o tumor apareça. Quanto mais cedo a mulher menstruar, mais exposto o organismo irá ficar ao estrógeno, o que acomete para toda a vida.

– Menopausa tardia – enquanto a mulher menstruar, os ovários vão continuar produzindo estrógeno.

– Colesterol elevado – mulheres com colesterol alto produzem o estrógeno em maior quantidade, sendo propensa ao câncer de mama.

– Ausência de gravidez – por não ter produzido leite, a mulher corre o risco de ter o câncer de mama, já que não estimulou as glândulas mamárias e com isso, não diminuiu a produção do estrógeno.

– Obesidade – o tecido gorduroso passa a servir como uma fábrica de hormônios e com isso, a gordura localizada na mama passa a ser convertida em estrógenos. O alerta é mais sério para aquelas que apresentam um índice de massa corporal (IMC) igual ou superior a 30. A redução de apenas 5% do peso já cortaria quase pela metade os riscos de desenvolver alguns dos principais tipos de câncer de mama.

O câncer de mama pode ser tratado com cirurgia, radioterapia, quimioterapia, terapia alvo ou, para quem preferir evitar a vir a ter um câncer de mama, a mastectomia preventiva.

O autoexame é simples: levante o braço e o coloque apoiado na cabeça ou a mão na altura da nuca. Com a outra mão disponível, apalpe o seio com as pontas dos dedos, como se estivesse massageando. Faça isso por toda a região mamária, até as axilas. Repita a operação no outro seio. Cuide- se. Se descobrir algo de anormal, procure um médico.