Abrindo a semana, a coluna do administrador e empresário Emerson Braz parte do debate entre a empresária Luiza Trajano e o comentarista Diogo Mainardi para fazer algumas considerações sobre a economia brasileira e seus agentes.

Tá Ruim ou Tá Bom?

O meu texto essa semana seria uma simples e sincera continuação do anterior. Mas uma polêmica que inundou as ditas redes sociais semana passada me fez mudar o ângulo. Esses dias a dona do Magazine Luiza humilhou o sempre pessimista Diogo Mainardi em um programa de TV, distribuindo números e visões completamente diferentes de quem passa o dia atrás de uma tela e os julga de acordo com sua conveniência.

Não quero entrar no FLAXFLU que as redes sociais viraram, onde qualquer ato vira guerra e fogos de artifício com vistas às eleições. Quero me apegar em outro ponto. Tá Ruim ou Tá bom? Para que esses números servem? Ou eles servem para alguém? Ao longo da nossa vida devemos nos ater a eles?

Peguemos um exemplo simples, um carro. Seja lá qual for ele. Uma concessionária vende sei lá, cinco carros por mês. Em janeiro vende três… Em Fevereiro 10. Qual a festa? Qual o distúrbio?

Podemos manchetar de forma honesta, mas perigosa: “JANEIRO TEM QUEDA DE 50% NOS CARROS”. Tá errado? Mas é honesto? “FEVEREIRO DOBRA VENDA DE CARROS” Tá errado? Mas é honesto?

Caros amigos. O grande problema disso tudo é que quem analisa esse tipo de número, guardadinho numa geladeira, geralmente o faz em salas acarpetadas, a constantes e vegetativos 19 graus. Como diria o professor do filme Tropa de Elite 2, aqui no asfalto o bicho pega. [1]

A visão da Sra. Luiza é muito por esse lado. Em um ambiente com leve recessão no comércio como a que estamos vivendo, a inadimplência subir pontos, as compras serem mais pensadas, o décimo terceiro , férias e lucros serem usados para abater algumas dividas , são absolutamente normais. Mas o índice frio faz estragos na imprensa, mas nem coça o nosso bolso.shopping-cheio-natalO varejo de alimentos e bebidas, área onde milito, considerou dezembro decepcionante. Viu isso em algum lugar, caro leitor? Claro que não. Porque isso vai ser medido lá pelo meio do ano, onde teremos um aquecimento que esse próprio setor aposta muito devido à Copa do Mundo.

Para o cidadão comum o que importa mesmo é essa subida ridícula de juros que vai encarecer seu dia e prejudicar ainda mais as perspectivas dos pequenos empresários…

Mas e aí, tá ruim ou tá bom?

Nesses últimos dias andei conversando com amigos, notadamente pequenos e consistentes empreendedores, para colher algumas opiniões.

É geral a opinão que o Brasil saiu um pouco daquele “boom” que vivemos de 2005 a 2010, mas seguimos com um belo vento em popa. É unanime também a opinião que o governo mais atrapalha do que ajuda. Que as leis trabalhistas, tributárias, fiscais e econômicas que amarram demais a vida desse empresário deveriam ser muito diferentes daquilo que é oferecido a um gigante. Ótima discussão. Claro que desburocratizar ou arrefecer leis centenárias causaria estragos gigantes ao governo, mas uma hora teremos que flexibilizar essas áreas.

O ruim ou o bom depende muito de você. Da nossa cidadania. De exigirmos nosso direito. De podemos escolher livremente quem nos governará, sem que para isso você precise achar cada passo lindo e maravilhoso. Um exemplo?

Esses dias li por aí assim: “vai ter copa, vai ter olimpíada, pleno emprego e nem precisamos de segundo turno”.

E também algo assim: “quantas mulheres precisam pra acabar com o Brasil” Só precisa “Di uma”.

Quando o ruim ou o bom se transformam nisso, na boa: peço um copo, uma gelada e vou papear com gente que realmente pensa em melhorar o Brasil… Não apenas seu umbigo.

E se eu cheguei até aqui, até que tá bom.

[N.do.E.: percebo a mesma situação em relação aos críticos do Bolsa Família. Normalmente são sujeitos refestelados em um ambiente com ar condicionado e computador, sem nunca ter pisado em alguma comunidade beneficiária do programa.]

(Imagens: Extra e reprodução de internet)