Nesta sexta-feira, a coluna Sabinadas, do jornalista esportivo Fred Sabino, disseca as mudanças radicais previstas para o regulamento esportivo da Fórmula 1 na temporada de 2014.

Erros e acertos na Fórmula 1

Historicamente, a Fórmula 1 sempre teve o hábito de mexer radicalmente nas regras sempre que alguém (equipe ou piloto, ou os dois) apresentou um domínio avassalador. Desta vez, depois do tetracampeonato de Sebastian Vettel não foi diferente, e a categoria terá grandes novidades.

Ainda no ano passado, escrevi aqui sobre as alterações no regulamento técnico. Mas, no começo de dezembro, o Conselho Mundial da FIA aprovou um pacotão de medidas para evitar uma pasmaceira na categoria. Como sempre, houve erros e acertos.

Para começar, a FIA quer implantar um teto orçamentário a partir de 2015. Acho extremamente válido, desde que o grupo de trabalho criado para tal trabalhe com isenção e cumpra efetivamente o que se propõe, ou seja, reduzir o desnível entre as equipes poderosas e pequenas. É difícil.

Outra medida é a adoção de punições de cinco segundos para infrações tidas como menores. Ainda será acordado como isso será implantado, mas concordo que seja válido evitar que passagens pelos boxes por infrações pequenas acabem com as corridas de alguns pilotos.

Mais uma regra interessante é a da numeração fixa entre os pilotos, com o direito ao campeão da temporada anterior escolher ou não o número 1, historicamente destinado aos detentores dos títulos. Boa medida, porque fará os torcedores identificarem os pilotos pelos números característicos de cada um, e impulsionará as vendas de produtos licenciados, como já acontece na Nascar e na MotoGP.

Uma nova premiação a partir de 2014 será para o piloto que mais conquistar poles positions na temporada, com um troféu. Se essa regra sempre tivesse existido, Nelson Piquet (1984) e Ayrton Senna (1985, 1986, 1988, 1989, 1990 e 1991) conquistariam o troféu.

Sem dúvida é algo que dá mais um charme aos treinos de classificação. Se bem que em cinco dos últimos seis anos, Sebastian Vettel conquistaria também o prêmio de poles…

Uma regra para muitos bem-vinda é a de pontuar os pilotos de acordo com as punições. Com 12 pontos acumulados, os pilotos infratores ficarão automaticamente suspensos da corrida seguinte. Isso teoricamente vai coibir a pilotagem perigosa.

Mas há questionamentos para que a F-1 não vire um Brasileirão e passe a ser decidida no tribunal: se os comissários são diferentes a cada etapa, como garantir um critério adequado para as punições e uma soma coerente dos pontos na carteira? E se chegar na reta final do campeonato e um postulante chegar aos 12 pontos de forma injusta? Vai dar pano pra manga…

Pano para manga já está dando a estúpida regra da pontuação dobrada na última etapa do campeonato, em Abu Dhabi. Uma regra completamente artificial e injusta, pois poderá colocar a perder o campeonato para algum piloto que estiver com o carro pior na fase final da temporada ou punir alguém que tiver uma falha mecânica.

Estranhíssima também a adoção dessa regra justamente depois que colocaram Abu Dhabi no lugar de Interlagos como palco da decisão. Lógico que não dá para provar nada, ma$ tem gente que apo$ta numa que$tão financeira em relação à$ taxa$ cobrada$ por Bernie Ecclestone e que Abu Dhabi teria pago mai$$$$$ un$$$$$ milhõe$$$$$.

De qualquer forma, fizeram um pacote de regras que ao menos vai atrair o interesse do público no começo do campeonato. Ou seja, o objetivo foi atingido. Se vão conseguir parar Vettel, aí é outro papo…