A coluna da jornalista Raphaele Ambrósio nos traz novamente um tema dedicado à saúde da mulher.

Doença do Colo do Útero – silenciosa e séria

Ela aparece como quem não quer nada, se instala e demora a se fazer perceber. Apesar de seu silêncio, ela é grave e pode trazer sérios problemas a mulheres em sua fase reprodutora.  Muitos a conhecem como ferida, mas não é bem assim que funciona. Entenda um pouco mais sobre essa doença e fique alerta: ela nunca anuncia sua presença e demora a se manifestar

O câncer do colo do útero é mundialmente conhecido como o segundo tipo de câncer mais comum entre as mulheres com menos de 45 anos de idade. Ele perde somente para o câncer de mama.  É também a quarta causa de morte ligada a câncer entre o sexo feminino no Brasil. O país registra cerca de 20 mil novos casos por ano; em 2008, foram 4.800 óbitos. No mundo, são 500 mil casos e 270 mil mortes anuais.

O câncer do colo do útero é causado por algumas variações do Vírus do Papiloma Humano (HPV), que degeneram e modificam as células do colo do útero. Sua ocorrência está relacionada ao HPV (o papiloma vírus humano), que se manifesta através de verrugas na mucosa da vagina, do pênis, do ânus, da laringe e do esôfago.

O colo do útero é a parte inferior do útero que o conecta à vagina. O colo produz muco que durante uma relação sexual ajuda o esperma a mover-se da vagina para o útero. Na menstruação o sangue flui do útero através do colo até a vagina, de onde sai do corpo. No período de gravidez o colo fica completamente fechado. Durante o parto o colo se abre e o bebê passa através dele até a vagina.

A mulher não “pega” as feridas no útero, elas são uma consequência das alterações hormonais que ocorrem em idade fértil e uma causa frequente para que isto ocorra é o uso do anticoncepcional.  A solução é suspender o uso dos contraceptivos hormonais (pílula e adesivo), optar por outro método e fazer uso de antibióticos vaginais em forma de creme. Após o tratamento da infecção, a cauterização do colo do útero é a opção mais indicada para acabar com as feridinhas.

O perigo da doença é que os sintomas (corrimento persistente e sangramento após o ato sexual) só se manifestam de modo mais evidente quando ela já se encontra em estágio avançado. O ideal é que ele seja diagnosticado cedo, pelo exame clínico e pelo Papanicolau, exame em que se faz a raspagem de tecido do colo do útero para análise em laboratório. O exame deve ser feito a cada ano; se os resultados forem normais, o intervalo sobre para três anos. A doença pode se estender para a bexiga e reto; geralmente se dissemina por proximidade. Mas a metástase à distância também é possível.

O câncer do colo de útero não provoca infertilidade, a menos que seja necessário tirar o útero para eliminar a doença. A idade de maior ocorrência desse tipo de câncer é 45 anos, em média. O tratamento pode ser feito por cirurgia, radioterapia ou quimioterapia, dependendo da fase em que é diagnosticado.

A melhor prevenção continua sendo o exame preventivo. Mas vacinas também ajudam, fora uma boa higiene na parte intima. Vacinas de HPV podem ser dadas ainda na infância, em três doses ou em adolescentes a partir dos 15 anos – ou tão logo comecem a vida sexual.

O diagnóstico vem pelo Papanicolau, exames de imagens e até por biópsia, que é o definitivo. Uma vez diagnosticada, deve se levar em conta o estágio da doença, assim como as condições físicas da paciente, sua idade e o desejo de ter, ou não, filhos no futuro.  A cirurgia só deve ser feita se for constatada a presença de um tumor maligno confinado no colo do útero.

A radioterapia externa ou interna tem-se mostrado um recurso terapêutico eficaz para destruir as células cancerosas e reduzir o tamanho dos tumores. Ainda que a quimioterapia não apresente os mesmos efeitos benéficos, pode ser indicada na ocorrência de tumores mais agressivos e nos estádios avançados da doença.

Sintomas:

  • Corrimento vaginal marrom, pálido, aquoso, rosa, sangrento e ou com odor
  • Dor e sangramento após ter relações sexuais
  • Sangramento, mesmo já tendo passado da fase da menopausa
  • Dor abdominal associada a queixas urinárias ou intestinais nos casos mais avançados da doença.

Previna-se:

  • Faça o exame preventivo, pelo menos, a cada seis meses. Ele não provoca dor e quanto mais relaxada estiver, mais rápido e sem incomodo será
  • Tome a vacina contra HPV. Meninas a partir de nove anos podem tomar também. Tão logo inicie a vida sexual, é recomendável que tome essa vacina
  • Higienize bem a parte intima.
  • Pare de fumar: o cigarro aumenta o risco de ter esse tipo de doença
  • Faça uma dieta rica em vitamina C e E

Use camisinha. Ter relação sexual com vários parceiros de forma desprevenida aumenta o risco e se um deles estiver com alguma infecção isso pode acarretar sérios problemas.