time-campeao-mundialNesta quinta feira, o assunto ainda é futebol. A coluna “Toque de Letra”, do compositor e jornalista Luiz Carlos Máximo, fala de três grandes exemplares de uma espécie que hoje em dia, infelizmente, está em extinção: volantes classudos.

Os Três Mosqueteiros

Nesta última segunda-feira vi o jornalista, de quem sou fã, José Trajano, no programa Linha de Passe, da ESPNBrasil, comentando sobre o momento ruim que vive o futebol brasileiro e que tem como consequência a pequena média de público nos estádios. E esse é um assunto que muito me interessa e que, certamente, será tema de uma das minhas colunas neste blog. Falta mergulhar mais fundo. 

Mas entre as questões levantadas pelo Trajano, escolhi uma pra comentar aqui: a qualidade do jogo apresentada nos gramados brasileiros.

Eu, que tive o privilégio de ter um pai apaixonado por futebol, desde cedo vi muitas partidas in loco. Na época, jogo na TV, só o video-tape, burro, do Nelson Rodrigues. Grandes jogos e grandes times eu vi, meninos! Claro, que também vi jogadores e jogos ruins.

“Eu não moro no passado, o passado mora em mim”, me reporto à frase do meu ídolo Paulinho da Viola, pra afastar qualquer hipótese de me rotularem de saudosista. Aliás, Paulinho foi o cara que me fez ser portelense. Mas isso é uma outra história.

Retomando. Os três maiores times que vi jogar se apresentaram em idades diferentes da minha vida: foram a Seleção Brasileira de 70, o Flamengo do início de 80 e o  Barcelona de hoje.

Os melhores que vi. Não os maiores. Estes residem todos nas Laranjeiras. 

Paixão à parte, as fotos feita pela retina dos olhos do  menino,  do jovem e  do adulto, mostram, de primeira, a constatação óbvia de que a qualidade individual da maioria dos jogadores é fundamental para a formação de uma grande equipe. Mas revela, também, outro elemento que os fez e faz, no caso do Barcelona, ter um desempenho de altíssimo nível.

A forma de jogar. A saída de bola limpa, a compactação, a aproximação – que diminui o erro do passe e facilita o toque de bola – a marcação no campo do adversário (mesmo que cercando), a ocupação inteligente dos espaços, a colocação que facilita o “roubo” da bola, e acima de tudo, o talento, que não deixa de brilhar, muito pelo contrário, a serviço do coletivo.  

Atuando dessa forma, esses times provaram e provam como são desnecessários os “brutucus” que proporcionam faltas perigosas na entrada da área, ou desarmam e  devolvem a seguir a bola ao adversário.

Clodoaldo, Andrade e Busquet. Os homens de marcação dos melhores times que vi jogar. Com talento, meu irmão, é mamão com açúcar,  como no ótimo partido alto de Wilson Moreira e Nei Lopes.  

A verdade é que os gols de Paolo Rossi, no Sarriá em 1982, não somente tiraram o futebol brasileiro de seguir naquela Copa, mas tiraram dele o público nos estádios. E até o técnico Telê Santana, mais aplaudido pelos jornalistas do que o vencedor Enzo Bearzort, se rendeu na competição seguinte, ao escalar os volantes Elzo e Alemão. E o pragmatismo  se consagrou em 1994 e vem ajudando a manter o torcedor longe dos estádios.

Mas eu não me rendi. E mesmo sem trazer o caneco, coloquei o time de 82 entre os melhores que vi jogar. É um dos meus três mosqueteiros.

[N.do.E.: Andrade foi o volante que após um Flamengo e Boca Juniores em 81 fez Maradona se virar para Zico e perguntar: ‘Zico, quem é esse cara que não me deu uma porrada, não puxou a minha camisa nenhuma vez e não me deixou jogar?’]