Nesta quinta feira, a coluna “Sabinadas”, do jornalista Fred Sabino, toca em um ponto importante: a profissionalização dos árbitros de futebol.
Pessoalmente penso que tal medida não interessa muito aos comandantes do futebol como um todo, por tirar poder de pressão destes sobre os árbitros. Hoje, apitar no Campeonato Brasileiro é uma fonte de renda bastante considerável – um árbitro FIFA ganha R$ 3 mil por jogo – de forma que, como a escala é feita pelas Federações, estas possuem um poder discricionário que não interessa a elas perder.
Além disso, como escrevi em artigo de 2010 considero que algum uso de tecnologia pode e deve ser utilizado, em especial nos principais campeonatos. Me agrada o modelo utilizado pelo tênis e pelo futebol americano, onde os jogadores (equipes) possuem o direito (limitado) de solicitar o recurso da imagem ou de traquitanas eletrônicas.
Não impede os erros, mas os diminui. Vamos à coluna.
Arbitragem Profissional
No último fim de semana, a eterna polêmica chamada arbitragem alcançou níveis ainda maiores do que o normal no Campeonato Brasileiro de futebol. E os lances mais discutidos ocorreram justamente nas duas partidas envolvendo os líderes da competição, Fluminense e Atlético Mineiro.
O objetivo deste post, ao contrário do que ocorre entre os torcedores xiitas nas redes sociais, não é questionar a legitimidade do posicionamento dos times na tabela e abrir uma teoria da conspiração contra clube A ou B. Até porque penso que todos os times são ajudados e prejudicados em algum momento durante as competições. Mas sim, propor de uma vez por todas uma mudança que reduza a contaminação de resultados.
Infelizmente neste país o árbitro de futebol não é profissionalizado. Um jogo de futebol que envolve milhões de reais investidos em cada clube e a paixão dos torcedores pelo seu time é comandado por um cidadão cuja atividade principal não é a de árbitro. É como se algum neurocirurgião tivesse a priori o comércio como sua maior fonte de renda.
O que deveria haver é uma definitiva exigência que os árbitros de futebol, senão exclusivamente, mas na maior parte do tempo, se dedicassem a uma profissão que já deveria ter sido regulamentada. Se para boa parte das profissões uma faculdade de quatro ou mais anos é exigida, por que um árbitro não é obrigado a ser formado em arbitragem?
[N.do.E.: pelo menos uma pós graduação do curso de Educação Física já seria válida, a meu ver]
Existem cursos, é verdade, existem treinos físicos, é verdade, mas, diante da importância que esses, digamos, cidadãos (afinal, eles não são profissionais) têm para o desenlace do futebol, a maior (e mais rentável) paixão popular deste país, é absolutamente incipiente.
Tudo bem: quem jogou bola e acompanha futebol sabe que existem árbitros que prejudicam propositalmente um time ou jogador por questões pessoais e também já houve diversos escândalos comprovados. Está aí o Brasileirão de 2005, que não nos deixa mentir.
Mas, sem dúvida, a definitiva profissionalização dos árbitros atenuaria o problema e daria ao menos mais credibilidade a eles. No mínimo poderia haver uma cobrança de direitos e deveres como qualquer profissional está sujeito a ter.
P.S.: a título de curiosidade, o site Placar Real (http://www.placarreal.com.br/) faz uma tabulação dos resultados do atual Brasileirão que foram influenciados diretamente por erros de arbitragem.
Segundo o levantamento (bem criterioso a meu ver), o Atlético Mineiro seria o real líder, com o Fluminense em segundo e o Palmeiras próximo de deixar a zona de rebaixamento. Ainda segundo a pesquisa, atualizada a cada rodada, o Tricolor carioca foi o clube mais beneficiado pelos árbitros, com oito pontos a mais do que deveria ter, e o Corinthians, o mais prejudicado, com oito pontos a menos. Em posições, o Santos é o mais beneficiado e o Corinthians, o mais prejudicado.