Embora não seja exatamente um fã incondicional, gosto da música do “Rei” Roberto Carlos. Especialmente depois que em 2004 tive oportunidade de assistir a um excelente show do cantor em evento da BR Distribuidora para clientes – bons tempos aqueles…
Na última semana minha esposa comprou o DVD do show que o cantor fez em Jerusalém em setembro do ano passado, e colocou para assistir. Ouvia “na diagonal” enquanto fazia outras coisas quando uma canção me chamou bastante a atenção: “Jerusalém de Ouro (Yerushalayim Shel Zahav)”, canção da israelense Naomi Shemer (1930-2004) e que é considerada uma espécie de “segundo hino nacional”, além de ser a música israelita mais cantada de todos os tempos.

A canção, de letra remetendo a temas e poesias tradicionais judaicos e cuja melodia foi parcialmente inspirada em uma música do compositor basco Petriarena ‘Xenpelar’ – executada anos antes em um evento local, foi composta em 1967. Ganhou significado político após a anexação por Israel da parte oriental de Jerusalém, então árabe e pertencente à Jordânia.

Lembro aos leitores, fazendo um parêntese, que sou ácido crítico da política judaico-israelense, tenho posição a favor da causa palestina e defendo que Jerusalém deva ser compartilhada como capital dos dois Estados: o judeu e o palestino.

Motivações políticas à parte, é uma canção muito bonita, que ganhou no show um arranjo de orquestra muito feliz. Roberto Carlos canta uma versão em português – diferente da tradução literal, como os leitores verão abaixo – e emenda com a letra original em hebraico. Sem dúvida, emociona – e nisso temos de “tirar o chapéu” para o Rei.

O vídeo traz a gravação do show, com uma pequena oração ao final. Abaixo, a versão em português cantada por Roberto Carlos, a letra original e uma tradução original. Questões políticas deixadas de lado, deleite-se, leitor.

Jerusalém de Ouro (Versão)

Das montanhas
O cheiro agreste
O vento é uma carícia
A árvore dorme em pedra e pó

Mas a cidade não está só

Das montanhas
O cheiro agreste
O vento é uma carícia
A árvore dorme em pedra e pó
Mas a cidade não está só

Jerusalém toda de ouro

Minha eterna namorada
Estou aqui com meu calor
Minha fé, meu amor
Yerushalayim Shel Zahav

Yerushalayim shel zahav
Veshel nechoshet veshel or
Halo lechol shirayich ani kinor.

Avir harim tsalul k’yayin
Vereiyach oranim
Nissah beru’ach ha’arbayim
Im kol pa’amonim.

U’vtardemat ilan va’even
Shvuyah bachalomah
Ha’ir asher badad yoshevet
Uvelibah – chomah.

Yerushalayim shel zahav
Veshel nechoshet veshel or
Halo lechol shirayich ani kinor.

U’vtardemat ilan va’even
Shvuyah bachalomah
Ha’ir asher badad yoshevet
Uvelibah – chomah.

Yerushalayim shel zahav
Veshel nechoshet veshel or
Halo lechol shirayich ani kinor.

Tradução Literal

Jerusalém de Ouro
O vento das montanhas, claro como o vinho
E o cheiro dos pinheiros
É levado pela brisa do crepúsculo
Junto com o som dos sinos.

E no sono profundo da árvore e da pedra,
Presa em um sonho,
Está a cidade solitária
E no seu coração um muro.

Jerusalém de ouro,
e bronze e de luz
porque não ser eu o violino
Para todas as tuas canções?

Voltamos aos poços de água,
Ao mercado e à praça
O Shofar chama no monte do Templo,
Na cidade velha.

E em cavernas nas montanhas
Milhares de sóis brilham
Descemos novamente ao Mar Morto
Pelo caminho de Jericó.

Jerusalém de ouro,
de bronze e de luz

porque não ser eu o violino
Para todas as tuas canções?