Neste domingo de final na União da Ilha, o finalista Aloísio Villar nos traz mais uma coluna “Orun Ayé. Uma vez mais, uma história de amor.

Em tempo: vai, garoto, vai ser campeão. Estou torcendo por você.

You make me feel brand new
Devem estar estranhando o título em inglês né? Eu já vou explicar 
Poderia hoje falar de samba. Afinal de contas, nesse 16 de outubro de 2011 estarei disputando a final de samba-enredo da União da Ilha do Governador [N.do.E.: provavelmente irá sair vencedor]. Mas samba eu já falei e ainda irei falar muito. Se Deus quiser semana que vem. 
Hoje quero falar de outro fato importante do fim de semana. De uma pessoa que para mim é mais importante que vencer um samba-enredo. 
Ontem 15 de outubro, uma pessoa muito especial pra mim comemorou 26 anos de vida. Hoje, 16 de outubro, faz um ano que deixamos de namorar e iniciamos uma grande amizade. Já citei essa pessoa algumas vezes na coluna, inclusive semana passada e achei que era a hora certa de fazer uma só para ela – ela merece. 
Quando decidi criar a coluna em conjunto com o dono do blog disse que falaria de samba, experiências que vivi ou que eu vi; mas o principal mote dessa coluna seria comportamento, um bate papo. Destrinchar um pouco esse ser bizarro que chamamos de ser humano, seus sentimentos, pensamentos e modo de agir 
E como eu sou uma pessoa que nunca tive vergonha de me expor taí mais uma coluna nesse estilo. 
Como eu falei na coluna anterior em que contei a história da Biazinha eu depois da morte de minha mãe entrei num grande carrossel de emoções. Conheci muita gente interessante e namorei algumas. No início de 2009 curtia um “chute na bunda” de uma ex namorada conhecendo várias pessoas, curtindo com elas, sem muito envolvimento. 
Entrei numa comunidade de Orkut e conheci mulheres interessantes lá, saí com algumas e no fim de janeiro uma delas me chamou atenção especial. 
Achei bonitas as fotos que ela postou na comunidade, principalmente de decote (risos). Contudo, não foi só isso, ela tinha um rosto lindo e um jeito de menina despojada, de bem com a vida. Eu me interessei. 
O problema é que era de São Paulo e eu estava com trauma de paulistas: minha ex era do interior, Bauru. 
Em um tópico de adicionar MSN arrumei coragem e disse que eu queria o dela. Ela me passou e no dia 31 de janeiro de 2009 conversamos pela primeira vez. 
Em seu nickname estava escrito “Purple Witch“ e ela brincou que seu apelido era esse, mas se chamava Bia. Eu retruquei a brincadeira dizendo que meu apelido era Aloisio e meu nome também e que sempre que falassem na rua “Aloisio” imaginava que era para mim. 
Fiz ela rir pela primeira vez e assim a “Purple Witch” virou pra mim Beatriz Patriota e entrou pra sempre na minha vida.
Conversamos bastante naquela noite, papo de quem parecia que se conhecia há anos. Um momento ela parou de falar e me desesperei pensando “o papo tá tão bom, porque ela sumiu?”. Já pensava que tinha feito alguma coisa errada quando ela voltou pedindo desculpas porque tinha ido beber água. 
Uma coisa que aprendi naquela noite e que ela usa sempre nesses quase três anos: ela não avisa que vai sair. 
O papo naquela noite foi ótimo, como foi em todas as noites seguintes. Bia estava desempregada e como eu sempre adorei a madrugada ficávamos quase até de manhã conversando. Não só em nossa janela privativa como no chat da comunidade que nos conhecemos. 
E o papo foi evoluindo, comecei a dar em cima e senti que ela gostava do meu interesse, até que em um arroubo eu disse que iria a São Paulo conhecê-la depois do carnaval. 
Ela não acreditou em mim, apesar de sempre lhe surpreender acho que depois dessa ela nunca mais duvidou dos meus arroubos porque sabe do que sou capaz. Nesse momento mesmo ela deve estar lendo a coluna surpresa, envergonhada, mas sabendo que eu seria capaz disso. 
Fomos aos pouco nos aproximando cada vez mais e ela começou a acreditar que eu iria. Aquele carnaval foi inesquecível pra mim, havia ganhado o samba no Boi da Ilha e ele recebeu todos os prêmios de seu grupo, inclusive o S@mbaNet que era uma obsessão minha. 
Depois do carnaval ela voltou de viagem, confirmei que iria e fui. Quando cheguei a rodoviária a vi descendo da escada rolante com jeito envergonhado e lhe beijei. 
Dia 4 de março de 2009 começava nossa história. 
Fomos ao cinema. Fiquei apenas algumas horas em São Paulo, mas foi inesquecível. Voltei para o Rio apaixonado e ela foi ao show de sua banda preferida Backstreet Boys e quando voltamos a nos falar por Messenger lhe senti fria. 
Aquilo foi um golpe pra mim, tentava entender o que acontecia. Ela respondia que tinha medo, nunca namorara antes e passei momentos de desânimo pensando em desistir. Até que tive coragem e mais uma vez me expus falando tudo que sentia e queria. 
Nesse dia tudo mudou, Bia arrumou um emprego e ficamos de nos ver novamente no mês de abril, ela viria para cá e aqui a pediria em namoro. 
Nesse período ela “ficou” com um cara e morri de ciúmes, discutimos e ela descobriu que gostava de verdade de mim. Nesse período falei pra ela pela primeira vez “eu te amo” e ela entrou em choque e depois disse que me amava também. Recebi uma mensagem dela errada, era pra uma amiga, entusiasmada porque falei que a amava. 
E ela veio passar o fim de semana no Rio. Aqui contei a história da Biazinha e ela apoiou que eu registrasse. Levei ao Cristo Redentor, praias de Copacabana e Ipanema, Lapa… Nas pedras do Arpoador lhe pedi em namoro e ela aceitou e levei na Feira de São Cristóvão. 
A feira é um caso a parte. 
Nós já tínhamos a nossa música há algum tempo, desde os tempos de chat. Faltando alguns dias pra conhecê-la em São Paulo estávamos no chat quando a banda Simply Red foi ao programa do Jô e lá cantaram a música “You make me feel brand new”. 
Falei que tinha motivo pro título do tópico.. 

Na hora falei no chat que seria a nossa música e antes dela vir ao Rio fiquei treinando a mesma para cantar em um videokê da Feira. 
E em um encontro da comunidade, na frente de todos os nossos amigos eu cantei “matando” a coitada de vergonha. 
You Make Me Feel Brand New 

My love 
I’ll never find the words, my love 
To tell you how I feel, my love 
Mere words could not explain 
Precious love 
You held my life within your hands 
Created everything I am 
Taught me how to live again 

Only you 
Came when I needed a friend 
Believed in me through thick and thin 
This song is for you 
Filled with gratitude and love 

God bless you 
You make me feel brand new 
For God blessed me with you 
You make me feel brand new 
I sing this song ‘cause you 
Make me feel brand new 

My love 
Whenever I was insecure 
You built me up and made me sure 
You gave my pride back to me 
Precious friend 
With you I’ll always have a friend 
You’re someone who I can depend 
To walk a path that sometimes ends 

Without you 
Life has no meaning or rhyme 
Like notes to a song out of time 
How can I repay 
You for having faith in me 
Isso tudo em 10 de abril de 2009 
O tempo foi passando e nos víamos um fim de semana a cada duas semanas. Na maioria das vezes ela vindo por ter promoção de vôo. 
Com cinco meses de namoro fui a São Paulo pra comemoração de vinte e cinco anos de casamento de seus pais e conheci sua família. Pai, mãe, irmão, tios, avós, amigos. Pessoas adoráveis que me fizeram sentir em casa, como se fizesse parte daquela família. 
Eu devia uma música para ela, tinha de fazer algo em sua homenagem e alguns meses depois discutimos pela primeira vez. Quando voltamos a boa percebi que era a hora de fazer a música. 
Nesse dia vi o filme “Um lugar chamado Nothing Hill” com Hugh Grant e Julia Roberts e o filme termina com uma música famosa, que eu sempre adorei, chamada “She”. 
Como eu sempre fui muito mais letrista decidi fazer uma versão da música. Modéstia a parte uma das letras mais bonitas que escrevi até hoje e que retratava muito bem tudo que aconteceu entre a gente. 
ELA (SHE) 

Ela 
Conquistou com seu olhar 
Minha poesia e meu cantar 
Tomou pra si minha emoção 
O meu sonhar 


Ela 
Que um dia me acolheu 
Disse seu amor sou eu 
Se apossou em um verão 
Do meu coração 

Ela 
Me tirou uma grande dor 
Em seus braços me acalentou 
Me fez sorrir, fez gargalhar 
Não mais chorar 

Ela 
Minha vida devolveu 
Colando o corpo junto ao meu 
E em um beijo de amor 
Me fez amar 

E eu, pobre moço que eu sou 
Felicidade um dia abandonou 
Só vivia pra sofrer, me entristecer 
Tive mão suave pra me acarinhar 
Voz doce no ouvido a sussurrar 
Deixa cuidar de você 

Ela 
A quem eu devo gratidão 
A quem eu amo de paixão 
Que a minha vida com ternura 
Foi marcar 

Ela 
Minha amante e companheira 
Amor para a vida inteira 
Mulher que me faz feliz 
BEATRIZ 
Acho que ela gostou da música, porque chegou outra mensagem errada para mim – que devia ser para uma amiga – com ela entusiasmada. 
O tempo foi passando e a relação ia muito bem. Saíamos juntos tanto no Rio quanto São Paulo. Íamos a cinema, shows, viagens. Éramos grandes companheiros. 
Começamos a ter problemas durante a Copa do Mundo, quando terminamos pela primeira vez. Um término “fake” porque mesmo nesse período nos vimos e ficamos. Esse término durou uns quarenta dias: voltamos a namorar de novo nas pedras do Arpoador na época do meu aniversário. 
A disputa da União da Ilha transcorria e ela decidiu passar o fim de semana de seu aniversário aqui. Chegou no dia mesmo, 15 de outubro. Fomos ver o filme “Tropa de Elite 2”, a um show da banda Green Day e no dia seguinte lhe deixei dormindo e de manhã fui numa reunião da minha parceria da União, preparativos para a final. 
Saí com o coração apertado como se algo pudesse ocorrer e ocorreu. Vacilei com ela, ela descobriu naquele dia e passamos o dia todo tentando esmiuçar essa situação. 
Não deu certo, terminamos o namoro, mas mesmo assim ela sabia que o domingo era importante pra mim e nesse momento se mostrou companheira como nunca ninguém se mostrou comigo até hoje. 
Maior prova de amor que já recebi. Mesmo magoada, arrasada ela ficou e foi quem me abraçou depois da derrota. 
No dia seguinte ela foi embora. 
Nós tentamos voltar algumas vezes. Eu fiz de tudo. Mandei flores, fiz vídeos nossos… ela tentou também, nos encontramos, ficamos algumas vezes, mas não deu certo. 
E as pedras do Arpoador foram cenário do fim. Em novembro do ano passado quando ela veio ao Rio e foi sozinha com uma amiga lá e numa foto de fundo tirada de mim no carnaval desse ano ao ver a banda de Ipanema. Não consegui esconder minha tristeza ao ver esta foto. 
Mesmo com tantas mágoas ficamos amigos. Somos muito próximos e um sente quando o outro está triste. Esse ano eu estava e ela percebeu entrando na internet só pra perguntar como eu estava.

Aquilo me espantou porque a tristeza tinha a ver com ela e até dúvidas com o Pedro Migão tirei na época, já que ele é uma pessoa espiritualizada [N.do.E.: não chego a tanto, apenas tento ajudar os amigos]

A vida andou. Ela arrumou novo namorado, eu meus casinhos, mas nunca esqueceremos a história que tivemos. Não sei se ela foi a mulher da minha vida, acredito que foi e que perdi de bobeira, mas só o fato de saber que posso contar com ela sempre me faz feliz. 
Não acho muita exposição também contar essa história, acho que o que é bonito deve ser contado e nunca a vida foi tão bonita como quando estive com ela. 
Bia, de novo você faz aniversário colado com uma final da União da Ilha. Um ano se passou, mas saiba que eu amo muito você, você é uma das pessoas mais importantes que já passou na minha vida e sei que aí de São Paulo está torcendo por mim hoje e só posso te agradecer. 
Agradecer não só por essa torcida, mas por fazer parte da minha vida, quero que seja pra sempre. Eu sem você sou apenas metade. 
Parabéns, feliz aniversário 
You make me feel brand new. Orun Ayé!