Aliás, tem uma famosa – e “barraqueira” – atriz que fez tantas cirurgias plásticas a fim de recuperar a juventude perdida que, quando levanta os pés, a boca imediatamente abre… É este tipo de exagero que o texto de hoje visa prevenir.
Profilaxia da banalização da Cirurgia Plástica
“Quando o Pedro me pediu que escrevesse algo sobre a banalização da cirurgia plástica, acatei, porque além de ele ser meu editor aqui no Ouro de Tolo penso que seja um tema pertinente nos dias de hoje. É lógico que sou a favor da Cirurgia Plástica – senão não teria feito a especialidade – mas com indicações precisas e éticas. Sou contra exageros: como por exemplo, pessoas que são viciadas em procedimentos estéticos como forma de recuperar a autoestima ou o casamento, ou aquelas que querem se submeter à uma lipoaspiração mesmo sem necessidade.
O cirurgião plástico deve ser reconhecido não pelas cirurgias bem sucedidas que realizou, mas sim por aquelas que recusou por não terem a mínima indicação. Ouvi essa citação de um pensador famoso, proferida pelo professor Carlos Jaimovich.
E a decisão é difícil, principalmente para quem está no início da carreira e quer ganhar dinheiro para sobreviver, mas a ética deve reger não só esse especialista como todos os médicos. O cirurgião não pode prometer aquilo que não irá cumprir, resultados impossíveis ou faces e narizes de atrizes ou capas de revista porque o paciente às vezes pensa isso. O médico precisa ter discernimento e se pautar pela transparência e pelo esclarecimento de todas as dúvidas do paciente, salientando os prós, contras, complicações pós-operatórias e os resultados. Milagre só Deus faz. Não existem receitas miraculosas.
Se o paciente desejar ser submetido à qualquer cirurgia plástica deve tomar duas providências: escolher um cirurgião credenciado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica – que é criteriosa ao realizar a prova de especialista – e procurar um médico recomendado por outro, de confiança, ou por alguém que tenha sido operado por ele e alcançado bons resultados. Essas são as diretrizes fundamentais a qualquer procedimento. E esquecer o Google. Essa ferramenta de busca da internet resolve quase todos os nossos problemas eventuais de memória, mas não relacionados à medicina. É preciso consultar um médico e tirar todas as suas dúvidas.
O cirurgião plástico tem um pouco de psicólogo porque lida com a estima da paciente. Ela só deve ser operada se realmente desejar e não tiver nenhuma dúvida quanto a isso ou sofrer qualquer tipo de pressão externa para fazê-lo. A sinceridade é a base de qualquer relação médico-paciente. Infelizmente, hoje em dia as pessoas pensam que uma cirurgia plástica se assemelha a uma ida ao cabeleireiro ou que a mesma substitui a malhação na academia.
A lipoaspiração, por exemplo, não tem a finalidade de emagrecer. Seu objetivo é reduzir a gordura localizada que não foi conseguida com dieta e exercício físico e mesmo assim, é necessária uma manutenção no pós-operatório; senão se perde o resultado podendo propiciar um efeito de sanfona, do tipo ‘engorda e emagrece’.
Estudando Jornalismo, nas Faculdades Integradas Hélio Alonso, fiz um artigo para a Revista Ponto e Vírgula – da disciplina de Redação e Edição de Impressos – em que ajudei na edição final a respeito da lipoaspiração, suas vantagens e desvantagens; ressaltando que havia uma exploração sensacionalista por grande parte da mídia. Minha querida professora Clecy Ribeiro gostou do texto e dos esclarecimentos que expus no artigo, porque desmistificou a lipoaspiração.
Há muitos profissionais não qualificados realizando cirurgias, sem residência ou pós-graduação em Cirurgia Plástica e sem o título de especialista, e também outros que nem médicos são – como esteticistas ou curiosos. A cirurgia plástica deve ser realizada por cirurgião plástico. Outras especialidades têm invadido a plástica porque se firmou que com o boom da estética em nosso País é algo rentável e por isso corre-se o risco de ser manipulado por picaretas. Todo cuidado é pouco.
A beleza é algo que vem de dentro para fora, mas se você está feliz consigo mesmo, se valoriza e tem autoestima, você se sente bonito. A estética é algo que me fascina, tanto na apreciação de um belo quadro de Goya ou Van Gogh ou Monet, como no design, no enquadramento, na aplicação de fotos, no layout de uma revista ou jornal ou blog. Ela faz parte do meu cotidiano porque olhamos tudo sob o prisma da estética. É simplesmente inevitável. Pelo menos, para mim.
Devemos cultivar a beleza externa sem ser escravo dela colocando nossa saúde em perigo; e cultivar a interna com bons livros, conhecimento, apreciação da arte, da gastronomia, de viagens, de cultura e de outras coisas que nos enriquecem, engrandecem e nos tornam mais belos. Essa beleza interna, sim, a verdadeira, que reflete na externa. O envelhecimento é inevitável e temos que aprender a lidar com ele da melhor forma possível, sem “grilos”, mas se existir algo que nos incomode, devemos tentar mudar isso, com critérios, claro e sem pôr em risco a nossa saúde, o nosso bem estar.
Até a próxima!
Anna Barros”