Rodrigo Mattar, 39 anos, carioca, jornalista do SporTv especializado em automobilismo, sambista e ex-aluno do Colégio Pedro II. Tricolor, mantém o “A Mil por Hora”, blog no portal “Ge.com” dedicado a automobilismo – do qual já reproduzi alguns textos aqui.

De certa forma posso dizer que o jornalista é meu “primo”, pois tempos atrás ele conviveu fortemente com a família da minha esposa. Rodrigo Mattar é o entrevistado de hoje da coluna “Jogo Misto”.

1 – Como você avaliaria o automobilismo brasileiro no momento atual ?

RM – O automobilismo brasileiro vive um momento muito complicado. Diria até que é o ponto mais crítico em toda a sua história. Os dirigentes não se entendem, os regulamentos são confusos, não há uma base capaz de formar bons pilotos e para piorar, nossos autódromos, tirando Curitiba e Interlagos, estão péssimos. O que fizeram com Jacarepaguá é um crime. Goiânia não ter corridas é inaceitável. Brasília e Tarumã não sofreram nenhuma reforma desde que foram inaugurados. É preciso um choque, uma revolução, no automobilismo nacional.

2 – O torcedor de automobilismo é diferente daquele que ama o futebol ? Como atender à demanda cada vez maior por informações em tempo real ?

RM – Se é diferente? Como é. É até mais difícil de lidar do que aquele que vai ao Maracanã porque é um sujeito extremamente passional, que defende suas convicções com unhas e dentes. Não é fácil lidar com esse público, cada vez mais exigente e sedento por informações.

O blog é um espaço democrático sobre automobilismo, velocidade em geral, música e cultura em geral, que muito me dá satisfação em atualizar. Já tem dois anos e espero que venham outros mais.

3 – O que representou a você ter sido ex-aluno do Colégio Pedro II ? Como foi sua história lá ?

RM – O Colégio Pedro II foi minha segunda casa por três anos. Vivi uma história curta, porém maravilhosa, cheia de momentos especiais e emocionantes. Os colegas que saíram comigo se tornaram tão queridos que a cada reencontro, é uma nova alegria. Já se vão 20 anos desde a formatura. Que venham outros 20, 30, 40…

4 – Qual sua expectativa sobre o desfile de sua Imperatriz Leopoldinense ? O que pensa de necessário para a escola voltar a disputar títulos ?

RM – Honestamente, não sei o que esperar. A Imperatriz patina há algum tempo numa zona muito perigosa entre o nada e o lugar nenhum e esse caminho pode levar ao Acesso, o que é péssimo para uma agremiação que goza de alguma tradição no carnaval carioca. Pombas! São oito títulos, incluindo um tri e dois bicampeonatos, que não podem ser jogados fora. Mas não sei o que se passa na cabeça do presidente da escola. Está faltando investimento, isso pra mim já ficou claro. A diretoria precisa mudar alguns setores, trazer gente que venha somar para que a Imperatriz não perca pontos em quesitos que podem fazer a diferença, como conjunto, harmonia e evolução.

Quanto ao samba de 2011, fizeram milagre diante de um enredo de temática incompreensível. O samba não tem o mesmo brilhantismo do “Brasil de Todos os Deuses”, que arrepia até hoje, e o “João e Marias”, que é muito bom também. Mas os compositores fizeram um belo trabalho. Minhas esperanças estão depositadas em que o samba funcione na avenida e a bateria do Mestre Marcone, hoje a melhor do carnaval carioca, arrebate de novo as notas máximas dos jurados. 

5 – Como você avalia a literatura especializada em automobilismo disponível ?

RM – A literatura estrangeira é ótima. A brasileira, o produto 100% nacional, ainda deixa a desejar.

Porém, indicaria “Ayrton, o herói revelado”, de Ernesto Rodrigues, como sugestão de leitura sobre o tema.

6 – Um livro inesquecível. Por quê ?

RM – Adoro ler “O Anjo Pornográfico”, a biografia de Nelson Rodrigues. Ruy Castro fez um outro livro brilhante, “Chega de Saudade”, sobre a história da Bossa Nova. Mas sensacional mesmo é “Vale Tudo”, a divertidíssima biografia de Tim Maia escrita por Nelson Motta.

7 – Uma canção inesquecível. Por quê ?

RM – Tenho grande predlieção pelos Beatles e por John Lennon e gosto muito de “Jealous Guy”. Mas uma música que marcou pra sempre é “Todo menino é um rei”, cantada pelo inesquecível Roberto Ribeiro. Um samba maravilhoso, emocionante, tocante, que meu pai punha na vitrola quando eu era criança e dizia que era pra mim. Quando num aniversário meu, acho que o último que comemorei em 2009, o DJ tocou essa música, chorei muito de saudade e alegria.

8 – Livro ou filme ? Por quê?

RM – Só pra provar minha vocação de chorão: o filme da minha vida é “A fantástica fábrica de Chocolate”. Impossível não se emocionar com a história do menino pobre que ganha a fábrica de presente do excêntrico Willy Wonka.

9 – Finalizando, com os agradecimentos do Ouro de Tolo, algumas poucas palavras sobre o blog ou seu autor/editor

RM – Eu é que agradeço pela oportunidade. Acho que o “Ouro de Tolo” se parece muito com o “A Mil Por Hora” porque não se resume a variações de um mesmo tema. Fala de tudo, sobre tudo, com conteúdo, informação e principalmente opinião. Em tempos onde as pessoas normalmente ignoram o ponto de vista alheio, ter uma visão ampla e sobretudo firme dos fatos e acontecimentos é fundamental.