Bom, mesmo com o blog em ritmo de carnaval – e aviso que teremos atualização em tempo real direto da Sapucaí durante os desfiles das escolas de samba – não podia deixar de comentar a prisão do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda.
Ele foi preso não pelo escândalo de corrupção, mas sim por estar coagindo testemunhas e pressionando para que seus interesses sejam atendidos. Segundo os juristas, é necessário o seu recolhimento a fim de permitir o desenrolar das investigações.
Ressalto que qualquer cidadão comum que esteja participando de um esquema de corrupção como este, fartamente documentado, estaria encarcerado mesmo antes dos inquéritos concluídos. Mas…
Outro ponto importante é que, finalmente, ele se licenciou do cargo. Isto não resolve o problema, porque o vice-governador também estaria envolvido no esquema de propinas, mas reduz um pouco o grau de absurdo da situação.
A situação era kafkiana: ele foi pego recebendo dinheiro de propina, filmado, exibido em rede nacional, seus principais assessores e deputados distritais formando parte do referido conluio e ele continuava no cargo como se nada tivesse acontecido. Sinceramente, um escárnio com a população. Ressalto que a limpeza tem de ser completa, passando pela Câmara Distrital – cuja situação é a mesma.
Acredito que o governador em questão não deverá ficar muito tempo na cadeia, mas penso que, pelo menos, diminuiu a cara de pau de alguns elementos desta história toda. Mas não me iludo: apesar do primeiro habeas corpus ter sido negado pelo Ministro do STF Marco Aurélio Mello, logo Gilmar Mendes e cia, compadecidos com a situação, despacharão um habeas corpus de forma a devolver a liberdade ao governador licenciado.
Ressalvo que, pelo procedimento normal pelo menos o carnaval ele verá “nascer quadrado”, caso não haja nenhum tipo de interferência ou apreciação de novo habeas corpus em tempo recorde.
Politicamente, complica bastante a situação da coligação PSDB/DEM, que não poderá se utilizar da bandeira da moralidade nem repetir a postura de “virgem em bordel” das últimas eleições. Sem dúvida alguma, este escândalo somado ao desastre administrativo do enfrentamento às chuvas em São Paulo trazem dois problemas bastante complicados de administrar na campanha tucana.
A lamentar, uma vez mais, o comportamento da Rede Globo de Televisão – que noticiou o ocorrido como se Arruda fosse do grupo político do Presidente Lula. Este tipo de postura ultrapassou há muito os limites da informação, tornando-se manipulação pura e simples. Como virou “cláusula pétrea” não haver tipo de regulação nas empresas jornalísticas, torna-se esta deformação generalizada do conceito de “Notícia”. Mas isto é história para outro post.