Sim, é verdade que hoje eu completo 35 anos de vida. Entretanto, queria falar de uma data ainda mais importante: exatamente hoje eu completo 30 anos de Maracanã.
Meu primeiro jogo foi exatamente o do vídeo acima: Flamengo zero, Botafogo zero. Foi a partida do tricampeonato estadual daquele ano.
Minhas lembranças são esparsas. Lembro-me de que fiquei um bom tempo sobre os ombros do meu pai, e a imagem que tinha era a de um jogo bastante movimentado. Curiosamente, relendo anos atrás jornais da época, descobri que foi uma peleja até chata.
Também recordo-me da festa ao final da partida com o tricampeonato estadual.
Naqueles tempos, ao contrário de hoje, criança não pagava nas arquibancadas – hoje somente nas cadeiras azuis. Entretanto, o ingresso era bem mais barato.
Nestas três décadas, obviamente houve anos em que estive mais presente e outros, nem tanto. Entretanto, mesmo nas piores fases de grana jamais deixei de estar presente a pelo menos uma partida por temporada.
Acho que poucas sensações superam adentrar a rampa do estádio e ver o campo lá embaixo. Ou então acompanhar o canto da torcida rubro-negra em seu frenesi apaixonado de calor.
Vi o melhor time da história (1981) e o pior (2005). Aliás, neste último ano, vi quase todas as partidas jogadas na Arena da Ilha. Tinha de ter estômago… Assisti a títulos consagradores e vergonhas inolvidáveis.
Fui testemunha ocular de grandes momentos e, também, grandes tristezas. Entretanto, nada apagou a chama de paixão pelo meu time.
Durante muitos anos assisti de arquibancada por causa da emoção de estar junto à torcida e ao calor do canto. Ir ao estádio e voltar com voz é sinal de que você não se esforçou suficientemente para ver seu time vencer. Cada voz, cada garganta, faz parte do décimo segundo jogador, é flama que incendeia e transforma o perna de pau mais empedernido em um novo Zico.
Zico, aliás, o maior jogador que vi jogar.
Ultimamente estou ficando velho e chato, evitando grandes aglomerações. Somando-se aos problemas nos joelhos, mudei-me para as cadeiras inferiores (azuis).
Ultimamente confesso que tenho ido pouco. O nascimento das meninas e a dupla “pay per view e televisão de LCD” me afastaram um bocado do estádio. Este ano estive duas vezes, na final do Estadual e contra o Santo André, pelo Brasileiro. Além disso, a estúpida proibição de cerveja nos estádios – da qual tratei em texto anterior – também me desanima um bocado.
Talvez não saberia apontar “o meu jogo inesquecível”. Seria capaz de listar uns dez ou vinte jogos que, para o bem e para o mal, marcaram-me sobremaneira. Recentemente, levei a Maria Clara em uma partida da Libertadores e senti a emoção de ver que o ciclo recomeçava.
Além do Maraca (insuperável) e da Arena da Ilha, já assisti a jogos no campo do Madureira (Conselheiro Galvão) e no Engenhão (Brasil e Bolívia). Conheço também o Canindé (SP), mas foi em um evento da Igreja.
Trinta anos se passaram, como se fossem ontem. E que venham mais trinta, e mais trinta. Que a magia rubro-negra sempre permaneça com sua chama acesa enlevando seus corações apaixonados.
São estas coisas que fazem a vida valer a pena.